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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O PSDB e o medo do futuro

Há quem diga que o PSDB tem um problema com o passado, pois abandonou FHC e se envergonhou de uma época da qual deveria se orgulhar. Para os que pensam assim, estaria aí a origem de seu declínio

As coisas não andam bem no PSDB nacional. Por mais que seus líderes e simpatizantes na "grande imprensa" se esforcem para demonstrar o contrário, elas vão mal.

Para os partidos, é sempre ruim sair de uma eleição como o PSDB em 2010. Não se nega que tenha conquistado três importantes governos estaduais, com outros dois de expressão. Vencer em São Paulo, Minas e Paraná é um feito que qualquer partido celebraria. Para alguns, seria até um resultado espetacular. Se agregarmos Goiás e Pará, ainda melhor. (Com todo o respeito, as outras vitórias contam menos).

Quem tem o passado e as expectativas de futuro do PSDB não pode, no entanto, comemorar. Em um sistema que vem funcionando, no plano nacional, como bipartidário de fato, perder três eleições presidenciais seguidas é grave. Nos Estados Unidos, desde os conturbados anos 1970, somente uma vez isso aconteceu - quando o Bush pai sucedeu Reagan -, interrompendo a habitual alternância entre Republicanos e Democratas.

Em nossa curta história, depois de duas vitórias, o PSDB não emplacou outra. Em 2014, serão 12 anos com os tucanos voando longe do Palácio do Planalto.

Quem duvida que olhe o que foi sua "época de ouro". Em 1994, por exemplo, ganhou a Presidência (em primeiro turno), os mesmos governos de São Paulo, Minas e Pará (que tanto o consolam hoje) mais o Rio de Janeiro e o Ceará. Fez nove senadores, contra cinco agora. Na Câmara, 62 deputados, que caíram para 53. Comparando-se ao que foi, o PSDB diminuiu e se estadualizou.

Mas o mais complicado é sua dificuldade de encontrar um rumo. Perder é mau, e não saber o que fazer depois da derrota pior.

Quinta-feira passada, o programa do partido em rede nacional de televisão deixou evidentes essas dificuldades. Foi uma soma de equívocos, a começar pela decisão de veiculá-lo. Como estava óbvio que o partido não sabia o que queria dizer, teria sido preferível adiá-lo para um momento mais adequado.

Era a primeira oportunidade do PSDB retornar à mídia de massa depois do segundo turno, quando não havia como desvincular sua imagem do rosto de José Serra. Finda a eleição, iniciado o governo Dilma, estava na hora do PSDB mostrar-se para o futuro.

Em vez disso, achando que tinha que exibir Fernando Henrique (depois de ele ter sido escondido pela campanha Serra), o programa tucano entrou em um túnel do tempo. Não voltou a 2010 para opinar sobre o resultado da eleição. Em metade de seus preciosos 10 minutos, deu um salto para trás, à procura do passado distante onde faz sentido o balanço do governo FHC. É matéria de interesse puramente historiográfico, quase irrelevante para o espectador comum.

No tocante a Serra, uma decisão que revela toda a ambiguidade de sua situação atual. De um lado, valorizar seus 44 milhões de votos, mas apenas nas palavras do presidente do partido. De outro, negar-lhe o direito de falar. Serra foi apenas mencionado. Ficou mudo. Parece que a maioria do PSDB não quer vincular-se a ele.

Consta que o silêncio de Serra foi o preço que pagou para que Aécio não aparecesse e roubasse a cena do programa, no papel de estrela maior. Ou seja, como não consegue lidar com seus esqueletos, o PSDB prefere abrir mão do futuro.

Há quem diga que o PSDB tem um problema com o passado, pois abandonou FHC e se envergonhou de uma época da qual deveria se orgulhar. Para os que pensam assim, estaria aí a origem de seu declínio.

Na verdade, seu problema não é se recusar a olhar para trás. É não conseguir olhar para a frente. No ninho tucano, sobra passado e falta futuro.(Marcos Coimbra)

6 Comentários:

Ary disse...

A dificuldade do PSDB: Quando esteve no governo, não fez. A facilidade de Lula: Ele foi lá e fez. A equação que o PSDB precisa resolver: Como dizer para a população que ele pode fazer o que não fez e, ao mesmo tempo criticar o governo Lula por ter feito o que eles não fizeram. Ou seja, o PSDB precisa de menos economistas e mais ilusionistas.

Ary disse...

A dificuldade do PSDB: Quando esteve no governo, não fez. A facilidade de Lula: Ele foi lá e fez. A equação que o PSDB precisa resolver: Como dizer para a população que ele pode fazer o que não fez e, ao mesmo tempo criticar o governo Lula por ter feito o que eles não fizeram. Ou seja, o PSDB precisa de menos economistas e mais ilusionistas.

MA_Jorge disse...

FHC já foi o grande problema para o Chirico em 2002 e, no meu modo de ver, a razão pela qual a possibilidade de mudança finalmente colocou Lula para nos governar. Naquela data, com a grande decadência que foi o período FHC de governo, com a perda da eleição pelo Chirico e a indireta "mensagem das urnas", já era mais que tempo para uma séria reflexão do PSDB em aposentar FHC e fazê-lo sumir de cena.

Outras duas eleições majoritárias após aquela primeira pós-FHC, a mídia PIG e asseclas, fazem sempre o impensável em termos de política, tentam ressuscitar FHC e suas "obras" em propagandas paralelas às das eleições em sí.

Fica então algumas perguntas:

É possível admitir tanta imbecilidade em um partido?

Se mesmos os candidatos buscam apagar as possíveis influências do passado nefasto das realizações FHC em suas campanhas, por que deixar que outros atores do grande circo, despertem as oposições e suas militâncias?

Se um partido como o PSDB, precisa ainda da imagem de governante tido e havido pela população como "fracassado", se desejar com ele alavancar qualquer proposta futura, que mensagem pode estar sendo passada para seus simpatizantes?

Quais as reais metas do partido para a Nação?

Porque se houver alguma, não parece ser uma que valha a pena realmente ser considerada pela população.

X-MAN disse...

A bola da vez é o aécio, e esse é o problema, diferente do vampirão ó aécio e jovem e tem cara de bem nascido, bem ao gosto das zelites, se o vampirão já deu um suador no PT imaginem o aecio com toda a simpatia do pig? È bom o PT começar a fazer um governo voltado para o povo, senão babau.

Anônimo disse...

O PSDB nas duas ultimas eleições, esconderam o FHC. Nas próximas eleições, tudo indica que, além de esconder o FHC também vão esconder o Cerra. E se isso continuar vai terminar um partido de aluguel.

Anônimo disse...

Zé Augusto, o X-MAN tem TODA RAZÃO no que disse abaixo... TODO CUIDADO com o Aécio é POUCO...

Alex
MG

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