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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dilemas tucanos

Seu medo (do PSDB) do confronto interno terá que ser superado, pois não enfrentá-lo é o caminho certo para um novo fracasso em 2014

Dilemas tucanos

Neste início de ano, o PT e os partidos da base aliada estão mudando, procurando ajustar-se à realidade do governo Dilma. O modo como funcionaram nos últimos anos e se relacionaram com o Planalto não se coaduna com os novos tempos. O descompasso mais visível acontece com o PMDB.

Na oposição e, especialmente, no PSDB, a necessidade de transformações é ainda maior. Nada mais natural, após a terceira derrota consecutiva para Lula e o lulismo. Se o governismo, bem-sucedido nas urnas, é obrigado a se renovar, o que dizer das oposições?

O principal partido oposicionista tem que contrariar aquilo a que nos acostumamos a ver como sua natureza mais profunda. Depois de ter ficado famoso por sua dificuldade de tomar decisões, por sua incapacidade de sair “de cima do muro”, ele agora tem que explicitar suas diferenças e contradições.

Sem vida partidária real (como ficou claro em 2009, quando não conseguiu fazer prévias entre seus filiados por sequer saber quantos são), tudo no PSDB se resolvia “en petit comité”. Na sua história, ficaram famosas algumas cenas, como a escolha do candidato presidencial em 2006, decidida na mesa de jantar de um luxuoso restaurante em São Paulo, presentes quatro pessoas.

Hoje, a tendência quase atávica que os tucanos têm de evitar o dissenso não se sustenta mais. Seu medo do confronto interno terá que ser superado, pois não enfrentá-lo é o caminho certo para um novo fracasso em 2014.

O fulcro do problema é o serrismo, o pequeno, mas loquaz grupo de seguidores do ex-governador José Serra. Como tem um espaço desproporcional na chamada “grande imprensa” e conta com a simpatia de jornalistas nos principais veículos, acaba parecendo maior do que é. Os serristas são poucos, mas fazem barulho.

Apesar de seu pífio desempenho na eleição (pois foi pior que Alckmin no primeiro turno e só chegou ao segundo pegando carona em Marina), Serra quer ser a liderança maior e o candidato natural do PSDB à sucessão de Dilma. Acha que pode repetir a trajetória de Lula: de tanto tentar, acabar chegando à Presidência.

Sonhar é um direito de todos, mas não faz sentido querer que o conjunto da oposição se submeta a projetos pessoais, com chances de sucesso remotas (para dizer o mínimo). As figuras lúcidas do partido percebem que a carreira política do ex-governador acabou.

A esse núcleo serrista se agregam outras correntes tucanas igualmente presas ao passado, nenhuma capaz de representar uma opção nova para o Brasil. Seu expoente mais ilustre é Fernando Henrique, que, quando fala da presidenta, insiste em um discurso de rejeição invejosa que perdeu a graça e a inteligência.

Quem não é serrista no PSDB não tem escolha: ou se submete ou assume publicamente sua discordância. Em outras palavras, contraria o típico peessedebismo de deixar as coisas andar para ver como ficam.

No fundo, isso é bom para o PSDB, ao obrigá-lo a se manifestar sobre o que pretende. Melhor a discordância exposta ao sol que o consenso falso. A briga de uns contra os outros sempre existiu em surdina.

Esta semana, um episódio até cômico ilustra os dilemas tucanos. É pequeno, mas revelador.

O PSDB tem, agora no início de fevereiro, seu tempo de propaganda partidária do semestre. É uma janela sempre importante e, agora, ainda mais, por ser a primeira oportunidade de reencontro do partido com a grande maioria da população, somente atingível pela televisão.

O natural seria aproveitá-la para aquilo que os marqueteiros chamam reposicionamento. Seria uma boa hora para mostrar-se com a identidade que o partido adotará nos próximos quatro anos.

Pois bem, pela insistência do serrismo em protagonizar o programa, o resultado é que ninguém o estrelará. Nem Serra, nem Aécio aparecerão, e só seu presidente e FHC poderá ser visto. Ou seja, a cara do PSDB continuará a ser a de sempre.

Até quando o PSDB estacionará em impasses desse tipo? Quando é que a maioria vai mostrar à minoria que seu tempo passou?Marcos Coimbra

4 Comentários:

Anônimo disse...

O PSDB poderia se fundir com o DEM e mudar a sigla do novo partido para:PFB(partido fascista brasileiro).Sobre o Serra, o coitado graças ao povo foi derrotado duas vezes,se caso ele ganhasse o Brasil despencaria serra abaixo e os tucanos voltaria ao seu projeto de venda do Brasil.Felizmente a Dilma venceu e agora podemos continuar avançando com as transformações políticas,econômicas e sociais.
Alan Patrick.

Ana Cruzzeli disse...

Só para piorar a vida do PSDB, o julgamento do mensalão do Azeredo/Aécio/ PSDB está mostrando a cara. é inferno Astral não termina mesmo.
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Justiça de Minas Gerais começa o julgamento do “mensalão tucano”
A 9.ª Vara Criminal de Belo Horizonte inicia nesta quarta-feira (26), com o depoimento de testemunhas de acusação, a fase de instrução do processo contra os acusados no inquérito do mensalão tucano. O caso envolve desvio de recursos públicos durante a campanha à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998.
Na terça-feira, a juíza Neide da Silva Martins indeferiu uma manobra de última hora da defesa de Marcos Valério Fernandes de Souza — que solicitou o adiamento da audiência e que o processo fosse remetido para o Supremo Tribunal Federal. Um dos réus, Clésio Andrade (PR), passou a gozar de foro privilegiado ao assumir uma cadeira no Senado após a morte de Eliseu Resende (DEM), de quem era suplente. O Ministério Público Estadual deve requerer a exclusão de Clésio do processo que corre na primeira instância, caso a medida não seja determinada pela própria juíza.

Por possuir foro privilegiado, a ação penal contra Azeredo foi aberta no STF. Em maio de 2009, o relator, ministro Joaquim Barbosa, ordenou o desmembramento do processo, determinando que todos, exceto Azeredo, respondessem aos crimes na Justiça Federal, que, por sua vez, remeteu os autos para a Justiça Estadual.

A denúncia apresentada pelo então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, e ratificada pelo Ministério Público Estadual, foi recebida em fevereiro do ano passado. O ex-procurador apontou desvio de pelo menos R$ 3,5 milhões dos cofres do estado para a campanha à reeleição, por meio da "retirada criminosa" de recursos públicos das estatais.

Segundo a denúncia, o escândalo envolve empresas públicas como Companhia de Saneamento (Copasa), Companhia Mineradora (Comig) — atual Codemig — e Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge). Na acusação formal, o Ministério Público Federal afirmou que o "repasse indevido de dinheiro público" ocorreu sob o "manto formal" de patrocínios a eventos esportivos.

Da Redação, com informações do O Estado de S.Paulo


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=146155

X-MAN disse...

O que interessa mesmo é isso: os demotucanos vão querer tomar os poucos redutos que o PT ainda mantem em sp, levando em conta que o partido perdeu nas eleições municipais em redutos historicamente petistaS é preocupante. O PT no governo federal não está preocupado em agradar a classe media com medidas que a favoreçam e ainda quer dar uma tunga das grandes nos aposentados e servidores. O PT corre o risco de se tornar um novo psdb pela soberba, de ter um discurso progressista mas uma politica massacrante paras as classe dos trabalhadores; se os demotucanos começarem a comer os redutos petistas de sp pelas beiradas o partido corre o risco de ficar cada vez mais fraco no estado, e no plano federal, corre o risco de ficar cego e tentar correr atras do prejuizo nos ultimos anos do governo Dilma, quando já será tarde, aí aguentem o asnecio por oito anos. Ou o PT acorda e volta a ser pelo menos um pouquinho do partido que era, ou babau.

Unknown disse...

Enquanto tudo dá errado para a canalhada do psdb, a Nação pode funcionar com mais tranquilidade e confiança.
Aqui na planície, nós relaxamos um pouco com o alarme ligado para trabalhar contra esses patrocinadores de interesses estrangeiros. Sossego mesmo, só com a infeção curada.

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