Por que a Veja pode e a blogosfera indepentente não pode?

Há alguns milhares de blogs políticos que expressam sua opinião, pensamento e se posicionam a favor ou contra de uma ou de outra candidatura posta, fazendo conjecturas políticas. Mas, talvez, nenhum seja mais emblemático do que a coluna de Augusto Nunes, na revista Veja on-line.

Nove entre dez notas daquele colunista não tem conteúdo noticioso e informativo nenhum, são apenas expressão da opinião e do pensamento do autor CONTRA Dilma Rousseff.

Nove entre dez notas visam única e exclusivamente, desconstruir a imagem de Dilma Rousseff, com adjetivos depreciosos, com análises rasteiras, e amplificação de picuinhas, como se fossem grandes deficiências políticas.

Nove entre dez notas tem o propósito de convencer os leitores (e eleitores) de lá, que Dilma não tem qualidades, só tem defeitos, e que não serviria para ser Presidenta da República. Como exemplo, a nota abaixo é elaborada para convencer os leitores de lá que "Dilma Rousseff é uma impostura".

As outras notas seguem a mesma linha de depreciar a candidata com adjetivação negativa, bordões, estereótipos, ilações, sem compromisso com a objetividade, nem com a verdade factual.

Pelos critérios do Ministério Público Eleitoral, usados para perseguir nosso blog e outros colegas blogueiros, aquela coluna de Augusto Nunes teria que ser considerada propaganda eleitoral negativa contra a candidata.

Lá ainda tem o agravante de estar hospedado em um grande portal, da revista Veja on-line, com direito à 'box" e manchete na capa do portal, cujo espaço de propaganda tem um alto preço no mercado publicitário. Assim, como a Veja é uma revista de variedades, um leitor que a acesse com interesse em celebridades, em reportagens sobre beleza, sobre catástrofes, encontra em meio às notícias e variedades, o "box" e a manchete de chamada para a coluna de Augusto Nunes, depreciando Dilma Rousseff (PT), em claro favorecimento ao adversário, José Serra (PSDB).

O que levou muitos cidadãos a virarem blogueiros, inclusive radicalizando nos textos, é justamente o inconformismo, a necessidade de fazer o contraponto aos Augustos Nunes, aos Reinaldo Azevedos, às Eliane Cantanhêdes, aos Arnaldo Jabores, às Lucias Hipólitos, aos Noblat's da vida.

Se eles podem escrever livremente o que escrevem, e falarem no rádio e TV o que falam, com a visão política deles e com o teor de radicalização que eles impuseram, porque não podemos fazer o contraponto, com nossa visão política totalmente antagônica à deles?

Está faltando bom senso ao Ministério Público Eleitoral. Está faltando senso de democracia e de respeito às liberdades de pensamento e de expressão legítimas, garantidas pela Constituição de 1988.