O Brasil e a Turquia, que têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, votaram contra as sanções. O Líbano, também integrante rotativo, se absteve de votar. Os outros 12 membros do Conselho votaram a favor.
A embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, foi a primeira a falar e anunciou o voto contra ao dizer que o Brasil “não vê as sanções como um instrumento eficaz nesse caso... provavelmente levarão ao sofrimento do povo iraniano... notavelmente o caso do Iraque”, mostram que sanções, ameaças e isolamento podem ter consequências trágicas.
Viotti defendeu o acordo firmado no mês passado pelo Brasil e pela Turquia com governo iraniano:
"O Brasil vai votar contra a resolução. Ao fazer isso, estamos honrando os propósitos que nos inspiraram nos esforços que resultaram na declaração de Teerã em 17 de maio... A adoção de sanções, nessa conjuntura, vai contra os esforços do Brasil e da Turquia para engajar o Irã em uma solução negociada para o seu programa nuclear... O Brasil lamenta profundamente que a Declaração Conjunta não tenha recebido o reconhecimento político que merece nem o tempo necessário para dar resultados... Ao adotar as sanções, este Conselho está na realidade optando por um dos dois caminhos que deveriam correr em paralelo – na nossa opinião, o caminho errado".
Os Estados Unidos queriam sanções mais duras, mas a resolução final foi um pouco suavizada por pressão da Rússia e da China, dois dos membros permanentes do Conselho, com direito a veto.
"Especialistas" que não são do PIG dizem que Brasil se firmou no cenário global
Michael Shifter, presidente do instituto de análise política Inter-American Dialogue, com sede em Washington, diz:
“Mesmo que a posição do Brasil não prevaleça, o país vai obter o reconhecimento como um importante ator global, que vai ter influência nas grandes questões internacionais...
Até agora, o Brasil já tinha um papel em questões como G20, aquecimento global. Mas o Irã é uma questão mais sensível, que envolve segurança...
O Brasil está se afirmando no cenário global, e os Estados Unidos terão de aceitar essa realidade...
Isso não significa que os dois países não poderão cooperar em outras questões. Mas obriga a uma abordagem diferente da tradicional, na qual os Estados Unidos definiam a agenda e o Brasil seguia"
O jornalista e pesquisador Douglas Farah, do International Asessment and Strategy Center, é mais conservador, mais reconhece o novo papel brasileiro:
"Há um amplo consenso de que o Irã não é um parceiro democrático, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou um entusiasmo excessivo (na visita a Teerã)...
Dito isso, o Brasil provou que pode ser um ator importante no cenário global, que pode ser um interlocutor em situações em que outros fracassaram". (Da BBC Brasil)
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