O Datafolha, além de fugir inexplicavelmente da proporcionalidade do eleitorado nas regiões e estados do Brasil no plano amostral, também subverteu a lógica na escolha das amostras por capitais, regiões metropolitanas e cidades do interior.
Ao fazer isso fraudou suas próprias declarações prestadas à Justiça Eleitoral na pesquisa de março (protocolo 6617/2010), onde declarou ao TSE:
Plano Amostral: "... Os dados utilizados para definição e seleção da amostra são baseados no IBGE (censo 2000 e estimativas 2009)..."
Os 2 gráficos abaixo abaixo demonstram que a pesquisa de Fevereiro (onde a diferença entre Dilma e Serra era de apenas de 4%) não fraudou as declarações prestadas ao TSE: As barras amarelas e marrons são de mesmo tamanho.
Já na pesquisa de Março (onde a diferença entre Dilma e Serra subiu para 9%), a fraude se manifestou no plano amostral, conforme se observa que o tamanho das barras amarelas e marrons são de tamanho bem diferentes. Essa manipulação grotesca decorre do plano amostral ter deixado de acompanhar a proporção do eleitorado conforme dados do IBGE.
Qual o impacto desse planejamento distorcido da amostragem no resultado final da pesquisa?
Só abrindo a caixa-preta do Datafolha para saber. Mas alguns indícios são mais do que claros:
O Datafolha de março elevou a participação da amostra das Capitais e regiões metropolitanas. Mas não fez isso de forma homogênea para todas as capitais. Na capital paulista aumentou a pesquisa de 18 para 71 bairros, enquanto no Rio de Janeiro e Belo Horizonte manteve o mesmo número de bairros da pesquisa anterior.
Mas talvez o grande pulo do gato parece estar no Interior. Como se vê no gráfico, o Datafolha reduziu a participação relativa das cidades do interior. Mas em ato simultâneo aumentou o número de cidades do Estado de São Paulo de 25 para 55, enquanto dos demais estados manteve praticamente constante.
As perguntas que não querem calar são:
Qual o efeito nos resultados do Sudeste e Nacional dessa manipulação aumentando a participação de municípios paulistas e dos bairros da capital?
A redução das amostras do interior e da participação relativa de outras capitais em relação à São Paulo favorecem ou não manipulações na margem de erro de outros estados e regiões metropolitanas e do interior, de forma que, num efeito cascata, acumulando as margens de erros de diversos segmentos, chegasse à uma variação de 4% para 9% de diferença no total nacional?
O Datafolha tem muito o que explicar, se é que é possível.
Leia também:
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