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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

DEM quer acabar com as cotas nas universidades

A constitucionalidade ou não do sistema de reserva de cotas para ingresso nas universidades, com base em critérios raciais, deve ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal, neste primeiro semestre, depois de uma audiência pública a ser realizada nos dias 3, 4 e 5 de março, para a qual foram selecionados, pelo ministro Ricardo Lewandowski, 38 dos 252 debatedores inscritos – entre os quais o próprio ministro de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, professores universitários, antropólogos e diversos representantes de entidades e movimentos da sociedade civil.

Quatro dos 10 ministros habilitados a votar já se manifestaram em ocasiões diversas, de uma forma ou de outra, favoráveis à polêmica “ação afirmativa”: Joaquim Barbosa, Ayres Britto, Cármen Lúcia e Marco Aurélio. O mais novo integrante do tribunal, Dias Toffoli, está impedido de participar do julgamento por que, na condição de advogado-geral da União, teve de se pronunciar oficialmente sobre a matéria – e o fez, na linha de que o acesso ao ensino “não deve basear-se, exclusivamente, no critério do mérito”.

O ministro Lewandowski é o relator de uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF 186) proposta pelo DEM, tendo como alvo o sistema da Universidade de Brasília, em vigor há mais de quatro anos, e de um recurso extraordinário contra acórdão da Justiça gaúcha que garantiu o mesmo tipo de ação afirmativa adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As duas petições serão julgadas em conjunto, e o relator garante que os critérios que usou para a seleção dos habilitados à audiência pública levaram em conta “a participação dos diversos segmentos da sociedade, assim como a mais ampla variação de abordagens sobre a temática das políticas de ação afirmativa de acesso ao ensino superior”.

Em 31 de julho do ano passado, o presidente do STF, Gilmar Mendes, negou o pedido de liminar na ADPF do DEM, por entender que a questão deveria ser examinada diretamente no mérito, “em apreciação célere nesta Corte”. Mas chegou a adiantar uma posição flexível com relação ao assunto: “Na qualidade de medidas de emergência ante a premência e urgência de solução dos problemas de discriminação racial, as ações afirmativas não constituem subterfúgio e, portanto, não excluem a adoção de medidas a longo prazo, como a necessária melhora das condições do ensino fundamental”. Para Mendes, “a questão da constitucionalidade de ações afirmativas com o objetivo de remediar desigualdades históricas entre grupos étnicos e sociais, com o intuito de promover a justiça social, representa um ponto de inflexão do próprio valor da igualdade”. Mas deixou no ar a indagação, por ele mesmo feita, de se “em relação ao ensino superior, o sistema de cotas raciais se apresenta como o mais adequado ao fim pretendido”.

Pró cotas

Quando era presidente do STF, em novembro de 2001, o ministro Marco Aurélio defendeu, num seminário sobre “Discriminação e sistema legal brasileiro”, cotas para a população negra no acesso a empregos públicos e à educação superior como “legislação imperativa ante a necessidade de o estado intervir para corrigir desigualdades”. Além disso, adotou a reserva de 20% das vagas nos serviços terceirizados do Supremo para afrodescendentes.

Em abril de 2008, no início do julgamento de ações de inconstitucionalidade do DEM e da Confederação Nacional de Estabelecimentos de Ensino (Confenen) contra dispositivos da lei que criou o Programa Universidade para Todos (Prouni), o ministro-relator Ayres Britto votou a favor do tratamento diferenciado que o programa dá a negros, indígenas, deficientes físicos e egressos de escolas públicas na concessão de bolsas de estudo. Deu ênfase ao inciso 3º da Constituição, que inclui entre os “objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil” a “erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais”, e citou uma frase de Ruy Barbosa: “A verdadeira igualdade é tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”.

Joaquim Barbosa – que pediu vista das duas ações contra o Prouni – é citado nos pareceres da AGU e da Procuradoria-Geral da República. Em artigo publicado na “Revista de Informação Legislativa” (1999) ele preconizou a “obrigatoriedade de inclusão, em percentuais compatíveis com a respectiva presença de cada grupo em uma dada comunidade, de representantes de grupos sociais historicamente marginalizados”. Na mesma revista, antes de ser nomeada para o STF, Cármen Lúcia escreveu que “sem oportunidades sociais, econômicas e políticas iguais, a competição – pedra de toque da sociedade industrial capitalista – e, principalmente, a convivência são sempre realizadas em bases e com resultados desiguais”.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no parecer enviado ao STF, qualificou a política de cotas de “justiça distributiva”, já que “a exclusão do negro na sociedade justifica medidas que favoreçam e que ensejem uma distribuição mais igualitária de bens escassos, como são as vagas em uma universidade”.

Entenda o caso

DEM quer acabar com as cotas

O partido Democratas ajuizou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB). Na ação, feita pela procuradora no Distrito Federal Roberta Fragoso Kaufmann, o partido pede que as cotas raciais sejam declaradas inconstitucionais e que sejam suspensas as matrículas de alunos cotistas aprovados no último vestibular da UnB

DEM e PSDB querem acabar com o ProUni

O caso é o seguinte: O DEM (ex-PFL) se juntou a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino particular, e resolveram bater às portas do Supremo Tribunal Federal, sustentando a inconstitucionalidade dos atos que criaram o ProUni. Levaram para a Corte a discussão da legalidade de ações afirmativas baseadas em critérios de renda e de raça para o acesso ao ensino superior. Na semana passada, tomaram a primeira pancada, pelo voto do ministro-relator Carlos Ayres Britto.Todas as matérias relacionadas ao assunto, você encontra nessse link

3 Comentários:

V disse...

Essa questão é politica mesmo, mas poderia ser de física. Acho que as perguntas são:

1 - Há desequilibrio racial significativo no Brasil?
2 - Caso afirmativo, devemos promover o equilíbrio?

Essas são as duas perguntas que deveriam ser discutidas.

Eu acho que sim, há um desequilíbrio facilmente demonstrável estatisticamente. E SIM, como civilização, devemos promover esse equilíbrio.

Tem ministro do STF que sabe que há desequilíbrio, mas nunca irá adminitir, devido à tendência ideológico-partidária de direita.

Anônimo disse...

Todo reacionarismo do demotucanato irá se revelar diante da sociedade neste ano de 2010. Sérgio Guerra já mostrou os planos do PSDB. o DEM vai colocar seu pensamento. Eles já viram que têm que mostrar algo diferente. Não adianta tentar fustigar Lula, é preciso mostrar o que eles pensam. Só que o que eles pensam vai na contramão das exigências de libertação do povo. Eles querem promover um retrocesso sob a bandeira da austeridade fiscal e social. Eles não percebem que o País mudou com Lula e vai continuar mudando com Dilma. Cada dia de Lula na presidência o País o Brasil é diferente a cada minuto.

Ontem assisti à retrospectiva do E Notícia, com Kennedy Alencar. Maravilhosas as entrevistas com Dilma e Ciro. Aterradoras as de Serra e Marina. Marina, em determinado momento, conciliadora com o tempo em que foi ministra. Em outro, a cara da transformação que Lula ainda não fez, segundo ela. Citou Juscelino para atribuir a Lula um protagonismo ambiental ainda tímido, como se nada estivesse sendo feito. A verdade é que ela se deu mal nessa empreitada rumo ao PV. Foi fisgada pelo PSDB / DEM / PPS e PV e ficará pior se resolver atacar o governo Lula e nossa ministra Dilma.

Ainda confio que ela recuperará a lucidez e o compromisso político que a levou ao senado da república e a ministra de estado.

Marina Silva, calma! Não seja apêndice do demotucanato e não rejeite sua história. Se não pelo País, pelo menos a você.

É DILMA 2010!

Edson Júnior (Aracaju / SE)

José Lopes disse...

Assisti na Band há algum tempo um comentário completamente discriminatório sobre a adoção de cotas raciais que me deixou perplexo. Sabem de quem? Adivinhou quem disse do Boris Casoy. "Do alto de sua importância..." reacionária. Agora a gente já tem certeza do que pode esperar desse indivíduo.

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