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domingo, 22 de novembro de 2009

O racismo enrustido no Jornal Nacional

- Um presidente da República;
- Cerimônia pública de assinatura de 30 decretos;
- Em plena praça Castro Alves, em Salvador;
- num feriado da Consciência Negra;
- com um Ministro de Estado, da Igualdade Racial;
- Com a presença do governador da Bahia e diversas outras autoridades;
- Com dezenas de lideranças de movimentos sociais;
- 4.000 famílias tem seu direito à terra em que vivem há gerações, reconhecido, após anos de luta histórica;
- 300 mil hectares em 14 estados do Brasil foram destinados a comunidades quilombolas;

O conjunto de fatos acima, mais do que notícia, são históricos, mas não foi suficiente para merecer a atenção do maior telejornal brasileiro, o Jornal Nacional.

É provável que o assunto tenha recebido pouco ou nenhum destaque nos demais veículos de imprensa.

No Dia da Consciência Negra (20), na Praça Castro Alves (Salvador), o presidente Lula assinou 30 decretos de regularização fundiária de territórios quilombolas, num total de 335 mil hectares de terra, distribuídos em 14 estados. Milhares de famílias quilombolas foram benefiadas.

O Presidente disse que, das 1400 comunidades quilombolas reconhecidas, 80% já estão em processo de regularização de terras no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Disse também, que, apesar do Brasil ter uma lei que classifica o racismo como crime inafiançável, a realidade é que o problema está na cabeça de muita gente. “Na maioria das fábricas, o negro não é escolhido como chefe de seção”, disse na ocasião. Ele disse que já se sentiu discriminado por ser de origem humilde. “Eu nunca sofri preconceito por ser negro, mas sofri muito preconceito por ser pobre e nordestino”, disse. Leia mais aqui.

O racismo explícito é aquele onde o preconceito é dito e exibido, e é crime.

O racismo enrustido é aquele que ninguém assume, mas pratica nos bastidores. É o patrão que prefere não contratar nem promover negros da mesma qualificação de um "branco" para cargos mais importantes (sem dizer nada). É o jornal e telejornal onde a cota de notícias sobre negros é restrita as páginas policiais, de esportes, de música e, agora, internacional quando o noticiado é presidente dos EUA.

QUILOMBOLAS protestam há anos: GLOBO, A GENTE NÃO SE VÊ POR AQUI!

Em 2007, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) convocou, em carta aberta, um boicote à TV Globo e um “Dia Nacional de Repúdio” à emissora, em razão dos ataques que foram desfechados contra os quilombolas, segundo ela sem oportunidade de resposta.

A carta propôs manifestação ‘GLOBO, A GENTE NÃO SE VÊ POR AQUI!’ em 2007, para expressar a indignação dos movimentos sociais criminalizados, direta ou indiretamente, por essa emissora.

No manifesto dizia:

"Nós, quilombolas, estamos vivenciando, como outros movimentos, uma investida da Rede Globo com matérias que negam a nossa identidade étnica e contra o decreto 4887/03, que regulamenta o processo de titulação dos territórios de quilombos".

A CONAQ ainda questionou o “jornalismo da Rede Globo, pois possui uma postura tendenciosa a serviço das oligarquias, cujos interesses sempre entram em conflito com os interesses das classes populares”, bem como a “formação da opinião pública dessa mídia, já que essas matérias acabam contribuindo para um maior desconhecimento da luta dos quilombolas e de outras lutas, desarticulando os diversos movimentos”.

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