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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ciro e Aécio valorizam-se um ao outro

Qual o significado político do almoço e das declarações de Ciro e Aécio?

Um serviu de palanque para o outro valorizar-se politicamente.

Ciro quer protagonizar na sucessão, sem ficar apenas a reboque dos acontecimentos.

Aécio quer polarizar sua imagem de conciliador contra a de Serra, considerado desagragador, e fazer-se uma liderança maior do que Serra, seja a curto prazo, saindo candidato, seja a médio prazo, seguindo seu próprio caminho.

Um fez favor ao outro. Uma troca de gentilezas, estrategicamente estudada.

A visita de Ciro acirra o racha dentro do PSDB, o que acaba não sendo nada mau para Dilma.

Ciro tem algum trânsito no eleitorado e nas "base$" tucanas (não é considerado tão radical pela elite da FIESP, nem da FEBRABAN, e tem bom trânsito com gente como Tasso Jereissati). Assim ele semeia a idéia de uma possível candidatura presidencial dele mais viável do que a de Serra (como aconteceu em 2002, quando o PFL o apoiou, após Roseana Sarney ser abatida pela operação Lunus ardilosamente encomendada por José Serra, e ele chegou a ser inflado pela elite como alternativa para não deixar Lula vencer, até que Serra e FHC mexeram seus pauzinhos para desconstruí-lo na imprensa como estourado, mal-educado e machista).

Assim, Ciro espera angariar apoios dentro da elite demo-tucana paulista. Não por acaso fez um discurso um tanto quanto udenista, com críticas ao PT e ao PSDB, ao fisiologismo e a corrupção, apesar de ter constrangido gente do PT que defende sua candidatura à govenador de São Paulo com apoio do PT.

Tanto Aécio, como Ciro, ao se fortalecerem insinuando troca de apoios, aparecem como alternativa para parlamentares e governadores demo-tucanos, preocupados com a suas próprias eleições, e que já antevêem uma derrota com Serra.

Para muita gente da oposição, estar num palanque de Ciro ou Aécio seria menos arriscado de espantar o eleitor de Lula, do que estar no palanque de Serra.

Com isso, Ciro e Aécio arregimentam apoios demo-tucanos em torno de seus nomes. Isso aumenta o cacife dos dois, nas articulações sucessórias, mesmo que não saiam candidatos.

Ciro só será candidato a presidência se tudo der errado para Dilma. O PSB de Eduardo Campos, nem pensa em aparecer na cédula sem o apoio do presidente Lula, e não dará sustentação à Ciro se Dilma estiver folgada na frente.

Salvo uma "zebra", Ciro preferirá candidatar-se a governador de São Paulo, com apoio do PT, e apoiará a candidatura de Dilma.

Ou pode candidatar-se a vice de Dilma, caso o PMDB vá dividido ao meio para convenção e resolver não coligar-se oficialmente com ninguém. Em qualquer destas hipóteses, carregará consigo uma dissidência demo-tucana que está arregimentando.

Se Ciro se elege governador de São Paulo, torna-se o segundo chefe de governo mais poderoso do Brasil, atrás apenas da Presidente. Se não se eleger terá votação expressiva no maior colégio eleitoral, e deverá ocupar um ministério importante num governo Dilma, se quiser.

Aécio por sua vez, depende da decisão de Serra. Só será candidato se Serra deixar, ou seja, se Serra desistir. Aécio não vê mais viabilidade de vitória de Serra, por isso já não faz questão de poupá-lo.

Está claro que Aécio cuidará de sua própria eleição ao Senado se for preterido e no melhor estilo mineiro de fazer política de bastidores, negociará um pacto secreto com Dilma para vir a ser algo como presidente do Senado (mesmo que o PSDB seja minoria, ele pode ser eleito, promovendo uma "concertação", ou seja levando o parte do PSDB para a base governista no futuro Senado, ou saindo do PSDB dentro de um acordão), em troca de fazer corpo mole para Serra em Minas Gerais. Quadro semelhante ao que aconteceu em 2002 e 2006, quando quem votou em Aécio, também votou em Lula, e os dois foram eleitos para o que queriam.

E se Serra desistir e Aécio for o candidato demo-tucano à presidência?

Se fosse na década de 90, com apoio da Globo, e de toda a imprensa, seria um candidato fortíssimo.

Hoje, com a internet, não conseguirá sustentar sua candidatura para vencer. Não poderá fazer uma campanha aguerrida contra Dilma e contra Lula, e sem campanha aguerrida se limitará a ficar conhecido nacionalmente.

Tanto o objetivo de Aécio é ficar conhecido nacionalmente e não pensa que tem chances de vencer, que está rompendo com Serra.

Se estivesse entrando na eleição para vencer, precisaria do empenho de Serra em São Paulo para vencer.

E Aécio tem um problema: nem tudo sobre ele é bom que fique conhecido nacionalmente.

O problema de político blindado pela imprensa é esse: numa eleição nacional, a internet levanta o tapete e mostra toda a sujeira que está embaixo.

Nem me refiro a questões pessoais, que até a torcida inteira do Atlético e Cruzeiro cantaram com o Mineirão lotado. Nem sobre tapas e beijos.

Refiro ao então deputado Aécio Neves no governo FHC, quando votou e deu apoio a toda venda do patrimônio nacional lesa-pátria que FHC enviou ao Congresso.

Refiro ao jovem neto de Tancredo que foi funcionário fantasma da Câmara dos Deputados quando estudava no Rio de Janeiro. Além disso, Aécio não terá como fugir de explicar em debates e entrevistas as relações carnais que manteve com Daniel Dantas na CEMIG (aqui e aqui) e na TELEMIG Celular, e com a SMPB e DNA propaganda de Marcos Valério.

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