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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Veja bem Dilma:Equipe de Serra teme o debate sobre segurança

Crimes como sequestro e latrocínio (roubo seguido de morte) bateram recordes no primeiro semestre em São Paulo em comparação com o mesmo período do ano passado

Equipes que trabalham na pré-campanha de José Serra (PSDB) à Presidência de República já estudam como o possível candidato enfrentará num embate eleitoral o seu calcanhar deaquiles: a Segurança Pública em São Paulo. Quando enfrentou o petista Aloizio Mercadante na corrida ao governo da maior cidade do país, em 2006, Serra foi bastante questionado justamente nessa questão.Agora, a equipe de campanha diz que já vai começar estudar as respostas para o debate, para não ser pego de surpresa

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, crimes como latrocínio (roubo seguido de morte) e sequestros bateram recordes no primeiro semestre de 2009. Pelas estatísticas oficiais, de janeiro a junho deste ano, só a capital teve 52 latrocínios, contra 29 no mesmo período de 2008, o que gera um aumento de 79,3% na prática desse tipo de crime. No estado todo, 126 pessoas morreram após serem assaltadas no primeiro semestre do ano passado. De janeiro a junho deste ano, o número de casos chegou a 172, criando uma alta de 36,5%. Já o número de sequestros subiu 58,3% na capital. Foram 12 casos no primeiro semestre de 2008 contra 19 nos primeiros seis meses de 2009.

Segundo o cientista político Roberto Romano, da Universidade de Campinas (Unicamp), Serra sempre foi superficial ao debate sobre segurança pública e isso poderá ser uma “arma eficaz” para seus possíveis adversários em 2010. “A violência em Heliópolis, o confronto entre as polícias Civil e Militar e o aumento da criminalidade são pontos fracos que serão usados em campanha, assim como problemas na saúde e na educação”, enumera Romano.

Para o deputado estadual de São Paulo, major Olímpio Gomes (sem partido), a Secretaria de Segurança Pública “faz média” com estatísticas na mídia e encobre os verdadeiros dados de violência do Estado. Ele denuncia que existe uma milícia armada executando silenciosamente policiais militares pelo interior como forma de pressionar o governo. Segundo um dossiê que o deputado tem em mãos, só em 2009, sete policiais já foram executados. O mais recente foi o soldado Marco Antônio Vieira, 44 anos, morto no 5 de setembro com 10 tiros de fuzil disparados na frente da filha de 5 anos, no quintal de casa, na cidade de São Vicente, Baixada Santista. Segundo a Corregedoria da Polícia Militar, é possível que haja uma lista de policiais marcados para morrer, conforme a denúncia do parlamentar.

Major Olímpio tenta emplacar uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar corrupção na Secretaria de Segurança Pública do Estado. Para isso, são necessárias 32 assinaturas e o máximo que ele conseguiu foram 31. “Os deputados são pressionados por Serra e acabam assinando e retirando a assinatura em seguida”, diz o político. E acrescenta: “O Brasil não merece esse estereótipo de Segurança Pública que o Serra criou para São Paulo”.

Já o deputado estadual Fernando Capez (PSDB) defende o governo paulista dizendo que o tema segurança pública será usado na campanha presidencial para alavancar a candidatura de Serra. “Em primeiro lugar, os problemas com violência correm o país de norte a sul. Não é uma exclusividade de São Paulo”, frisa. Ele ressalta ainda os números que apontam a queda no número de roubos (0,1%) e homicídios dolosos (intencionais) (8,8%) na capital no primeiro semestre.

Por outro lado, o parlamentar não cita que houve uma alta de 21,3% na prática de homicídio doloso no interior. Capez critica quem condena a segurança pública de São Paulo argumentando que a maioria dos pontos negativos ressaltados é feita sem critérios técnicos. “É muito fácil criticar o aumento da violência usando a ideologia. Em minha opinião, o único episódio lamentável que teve no governo de Serra foi o confronto entre policiais militares e civis”, reconhece.

O publicitário Rogério Figueiredo, especialista em campanhas políticas, diz que a segurança pública é um tema recorrente nas campanhas políticas não só porque é uma prioridade da população, mas também porque rende boas imagens no horário de propaganda na TV. “Com certeza uma das imagens que serão usadas contra José Serra é a do confronto entre as polícias militar e civil em São Paulo”, ressalta.

1- Confronto

Em outubro do ano passado, policiais civis e militares enfrentaram-se durante o protesto dos civis, que estavam em greve há um mês. O confronto começou quando a PM barrou a passagem de uma passeata de policiais civis rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. Houve tiroteio e 23 policiais saíram feridos.

Comparação com Nova York

Para o governo de São Paulo, o maior desafio da Segurança Pública é coibir a criminalidade e aumentar a sensação de segurança da população de 41 milhões de habitantes. Segundo números fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, nos últimos 10 anos, o estado reduziu em 70% o número de homicídios dolosos, feito comparável ao de Nova York e Bogotá. Na prática, segundo o governo, desde 2007, foram salvas as vidas de 20 mil pessoas que morreriam se fossem mantidas os níveis de violência dos anos 90. Desde 1999, foram preservadas 38 mil vidas.

Os números fornecidos pelos órgãos oficiais do governo paulista são motivo de crítica por parte das entidades que estudam a violência e o impacto que ela provoca na sociedade. O Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, recorre sempre aos dados do DATASUS do Ministério da Saúde, que são mais confiáveis na elaboração de teses, mas são divulgados com muito atraso. “O governo de São Paulo tem números corretos, mas eles são manipulados para sempre dar percentuais positivos”, diz uma pesquisadora da USP que não quis se identificar.

O jornal Correio Braziliense, informa em sua matéria que pediu estatísticas de violência e uma entrevista com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto. Os dados fornecidos em nenhum momento apontam o aumento no número de latrocínios e homicídios. “Hoje, o estado tem 11,1 homicídios por grupo de 100 mil habitantes, por ano. É menos da metade da média nacional, de 24,5 homicídios dolosos por 100 mil habitantes”, aponta os números fornecidos pelo governo.

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