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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lula no Ceará mostra tanta confiança em Dilma, que elogia Ciro e Marina

Assim que aterrissou na Base Aérea de Fortaleza nesta manhã (10), o Presidente Lula concedeu entrevista exclusiva para a Rádio Verdes Mares AM e para a FM 93.

Durante 51 minutos, o presidente Lula falou sobre a siderúrgica e refinaria do Ceará, a situação do Metrô de Fortaleza, a polêmica do pré-sal e a sucessão presidencial.

No trecho sobre sucessão, fica claro a confiança na força da ministra Dilma. Demonstrando confiança e habilidade política, elogiou outros pré-candidatos da base aliada.

Paulo Oliveira (Jornalista): Continuando a minha pergunta, já que o assunto do pré-sal está em pauta. Também, logicamente, em pauta o assunto da sucessão presidencial, não é, Presidente, que a gente já sabe que o nome para a Presidência da República que o senhor vem dando a sugestão, o apoio, da competente Dilma Rousseff. Aí o senhor, Presidente, já pensa em algum nome para a Vice-Presidência ou, quem sabe, uma dobradinha Dilma Rousseff-Ciro Gomes, ou vice-versa? O Ciro está por aqui, cuidado que o Ciro está por aqui.

Presidente: Você sabe que eu estou proibido de falar sobre esse tema.

... nós estamos entrando numa fase importante, em que os candidatos começam a se apresentar. Eu acho que lá para março ou abril do ano que vem você já tem praticamente os nomes definidos. Nós não sabemos quais os partidos que vão ter candidatos. O Partido dos Trabalhadores apresentou a Dilma. O PSB vai, certamente, apresentar o companheiro Ciro Gomes. Eu estou ouvindo dizer que a Marina vai sair pelo PV. Não sei se a Heloísa Helena sai candidata. O PSDB está discutindo Serra ou Aécio. Não sei se o DEM vai ter candidato. As coisas estão... caminhando.

Paulo Oliveira: Mas para (incompreensível), o senhor sabe um nome (incompreensível) ou não?

Presidente: Qual é o problema? Não posso ser eu sequer a discutir isso. Eu acho que...

... se a Dilma for consagrada como candidata, ela é que vai ter que escolher o vice junto à sua base aliada. Imagine, se eu já escolhi uma candidata, ainda vou escolher o vice, aí o que vão ficar dizendo?

Paulo Oliveira: Mas o senhor, como bom conselheiro político, tem que dar um apoio.

Presidente: Veja, olha, eu vou lhe contar uma coisa, de coração. Eu acho que o Brasil está vivendo um momento rico, porque se a disputa se der entre Ciro e Dilma, se a disputa se der entre Marina, Dilma e Ciro, eu acho que já é um avanço extraordinário para o Brasil. O que nós precisamos é fazer o povo brasileiro compreender que você não pode arriscar a votar em alguém que não dê continuidade às coisas que estão sendo feitas neste País ...

... Eu confesso a vocês que vai ser uma eleição disputada, acho que nós vamos disputar as eleições em um momento muito bom, e eu penso que a base do governo vai ganhar as eleições.

Paulo Oliveira: Popularidade assim envaidece ou a responsabilidade aumenta muito mais na vida, a responsabilidade?

Presidente: Não, eu aprendi há muito tempo, Paulo Oliveira, a não me preocupar com a vaidade, porque eu já tive altos e baixos, eu já perdi três eleições. Então, eu acho que a história me calejou. Para mim saber que pesquisa de opinião pública é que nem pressão arterial, ou seja, tem horas que você está com 14 por 9, tem horas que você está com 10 por 6. Mas se você se cuidar, você vai ficar sempre com 12 por 8, 12 por 7, que é a minha...

... então, veja, eu estou trabalhando porque nós ainda temos muita coisa para fazer no Brasil. Te confesso que eu não me preocupo com pesquisa. Essa é uma coisa que eu agradeço a Deus por não permitir nem que a minha cabeça suba nem que ela desça por causa de pesquisa. Tem um trabalho e eu tenho certeza que na hora em que o trabalho está acontecendo, a gente é reconhecido..."


A entrevista completa em áudio:


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Comentário:

Ciro Gomes é um aliado (às vezes erra no discurso e em algumas articulações, mas é um aliado), e pode ser candidato a 3 cargos: a vice-presidente (caso o PMDB não se coligue oficialmente), a governador de São Paulo (se houver união dos partidos da base governista em São Paulo), ou a presidente da República.

Se candidato a presidente não fará oposição à Lula, nem a Dilma. Até porque seria suicídio eleitoral. Ciro usará a estratégia de correr por fora. As expectativas de seus correligionários seria uma zebra: caso uma disputa entre Serra e Dilma torne-se "sangrenta", com guerras de dossiês, Ciro poderia aparecer como alternativa.

Ainda na hipótese de Ciro concorrer à presidência, se Serra, durante a campanha, permanecer na frente em primeiro ou segundo lugar, Ciro deve atacá-lo com veemência, o que pode beneficiar Dilma.

Independente de qualidades pessoais, politicamente, Dilma é a candidata que representa melhor a continuidade das conquistas e avanços do governo Lula, e por isso Lula a escolheu.

O PSB quer aproveitar a liderança de Ciro para fazer uma bancada maior no Congresso, e ficar em posição melhor para participar do futuro governo, numa disputa de espaço com o PMDB.

Nesse quadro, o mais provável é que Ciro e o PSB estejam se cacifando (o que é correto e legítimo politicamente), até o quadro ficar mais claro em 2010. Se o PMDB rachar e não coligar oficialmente, são grandes as chances do PSB fornecer o vice de Dilma, e o PSB caminhar para uma composição oficial.

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