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terça-feira, 8 de setembro de 2009

CNT Sensus. O recuo estratégico para a oposição avançar rumo ao brejo

A pesquisa CNT Sensus mostrou um quadro estável, apenas com oscilação dentro da margem de erro em relação à pesquisa anterior, nos números de Dilma e Serra.

A imprensa serrista comemorou uma "queda" dentro da margem de erro. É bobagem.

A pesquisa mostra Dilma consolidada na segunda posição na faixa de 20% (o que é excelente para quem nunca foi candidata antes, e ainda falta mais de um ano para as eleições).

A situação de Serra é que é preocupante, semelhante à de Maluf no passado, quando sempre saía na frente nas pesquisas e chegava atrás.

Serra não consegue ultrapassar o teto na faixa dos 40%, sendo que já disputou todas as eleições recentes: 2002 à presidente; 2004 à prefeito da maior cidade do Brasil e 2006 a governador do estado com mais eleitores. Para quem tem um "recall" destes, um teto de 40% é preocupante, principalmente quando terá que fazer uma campanha de oposição a um governo extremamente popular, com a situação econômica "bombando" em 2010, e com resultados para mostrar em todos os setores, desde os sociais até na política externa.

Além disso, a situação de Serra faz acender o sinal amarelo nos tucanos porque tem a máquina de propaganda da imprensa toda a seu favor, enquanto Dilma tem a imprensa toda contra.

As causas da oscilação de Dilma, podem ser atribuídas:

1) Dilma esteve afastada do noticiário mais de duas semanas, empenhada em fechar a proposta da nova lei do petróleo para o pré-sal. Mesmo antes, vinha se expondo menos devido ao tratamento de saúde a que se submeteu.

2) Enquanto Dilma esteve afastada, o noticiário fez seu carnaval particular com Dona Lina Vieira.

3) A entrada de Marina Silva na pesquisa.

Há eleitores que ainda pensam que José Serra é candidato de Lula.

Há eleitores que sabem que Lula apoia uma candidata mulher, mas não sabem exatamente qual.

O sobrenome Silva, para dar um exemplo, acaba favorecendo Marina, numa primeira hora, para eleitores que não acompanham o noticiário político.

À medida que as eleições se aproximarem, o apoio explícito de Lula retirará votos de todos os outros candidatos, e Dilma crescerá mais rapidamente.


A retirada estratégica de cena

Há mais de um ano das eleições, ainda há confusão sobre quem é favor e quem é contra Lula.

Já vimos esse filme antes, nas eleições municipais de 2008, quando todo mundo era "amigo" de Lula desde criancinha (até o Kassab), e o eleitor votou no "candidato" com quem ele simpatiza mais pessoalmente.

O governo precisa deixar a oposição aparecer como oposição, para o eleitor saber separar o joio do trigo. Saber quem representa uma continuidade do governo Lula e quem representa o retrocesso.

Quando a oposição aparece mais, em uma ofensiva, Dilma oscila para baixo nas pesquisas, como agora. Mas o efeito "day-after" (dia seguinte) será devastador para a oposição.

A estratégia demo-tucana sempre foi esconder Serra e Aécio, para não aparecerem confrontando Lula (se limitam a atacar o "PT"), e pagar à imprensa para fazer o serviço sujo de difamar o governo Lula no noticiário.

Lula aproveita-se dos erros da oposição, sobretudo no caso da CPI da PetrobraX, para recuar e abrir espaço, de forma a deixar a oposição avançar, e se revelar ao eleitor como oposição.

Dilma tem aparecido bem menos em eventos ao lado do Presidente, já há algum tempo. Só pode ser de propósito.

Quando a oposição avança, o terreno que encontra pela frente é um brejo, e aí ... a vaca vai p'ro brejo.

A oposição quando avançou na CPI da PetrobraX, mostrou a verdadeira face ... Agora está difícil esconder a face diante do que é a lei lesa-pátria de FHC para o pré-sal. O confronto das teses privatistas e neoliberais é inevitável. Resta à oposição escamotear, mas ficou claramente atolada no brejo.

Para piorar, caíram na tentação de criticar o discurso do presidente no lançamento do pré-sal. Era tudo o que o Presidente queria. Que a oposição mostre a face de oposição. Que defenda FHC. Que vincule Serra ao governo FHC.

No "fora Sarney", Lula sofreu o desgaste que já sofre para manter a governabilidade, com um Congresso conservador. Mas a oposição sofrerá mais danos eleitorais, por ter se mostrado do lado oposto à Lula e, no final das contas, a própria oposição fazer um acordão no Senado com o PMDB para salvar Arthur Vírgilio da cassação.

No caso Lina Vieira, idem. O Presidente Lula colocou a mão no fogo por Dilma, porque sabe que a ministra falou a verdade, e que tudo não passava de mais uma armadilha da imprensa.

Houve quem acreditasse em Lina, até porque o noticiário não foi honesto e escondeu informações do marido e da própria Lina, mas a maioria percebeu a verdade quando Everardo Maciel deu sua entrevista (infelizmente não repercutida nos grandes telejornais). Quem saiu mais desgastado do episódio não foi Dilma. Foi a imprensa, e os senadores de oposição que a levaram no Congresso. Estarão no palanque de Serra em 2010, com o rótulo de anti-lula.

Este jogo continuará pesado até passar as eleições. Felizmente o Presidente Lula e a ministra Dilma sabem o que fazem e são muito melhores do que Serra, a oposição e a imprensa juntos.

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