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sábado, 18 de julho de 2009

Meirelles para Lula: juro cairá



Presidente do BC garante que, apesar de o Copom estar mais cauteloso, há espaço para novo corte da Selic

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, apresentou ontem um quadro animador da economia brasileira ao presidente Lula, em conversa na qual o tema principal foi a reunião da próxima semana (21 e 22 de julho) do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo assessores de Lula, Meirelles admitiu que, a despeito dos sinais cada vez mais consistentes de recuperação da atividade econômica e de os juros já terem caído 4,5 pontos percentuais desde o início do ano, de 13,75% para 9,25%, ainda há espaço para "um pequeno ajuste" na taxa básica (Selic). Pelos relatos dos assessores, a expectativa de Lula é de que o corte da Selic fique entre 0,25 e 0,50 ponto percentual. Mas eles admitiram que esse pode ser o último movimento de baixa do Copom.

Ao longo do encontro com Lula - tornou-se rotina o presidente do BC conversar com ele dias antes das reuniões do Copom -, Meirelles comentou, segundo os mesmos assessores, que o quadro atual da economia é muito melhor do que o registrado às vésperas da última reunião do Copom, no início de junho (dias 9 e 10). Naquele momento, disse Meirelles, foi preciso uma ação enérgica do Copom. Ou seja, a queda de mais um ponto percentual na Selic, apesar de o consenso do mercado apontar para uma baixa entre 0,50 e 0,75 ponto.

Agora, ainda conforme relato dos assessores, o Copom agirá com muito mais cautela, uma vez que quase todo o impacto do afrouxamento monetário já promovido será sentido ao longo do segundo semestre deste ano e princípio de 2010. Até o início do mês passado, o BC via sinais muito tênues de recuperação da economia. Os indicadores divulgados nas últimas semanas mostraram, porém, a produção industrial em recuperação, o mercado de trabalho positivo e as vendas do comércio refletindo a manutenção do poder de compra e a maior confiança dos consumidores.

Governo de Goiás

O presidente do BC aproveitou a reunião com Lula para reafirmar o que havia dito na reunião ministerial da última segunda-feira: em 2010, a economia brasileira já terá se recuperado quase que integralmente dos impactos da crise, um exemplo para o mundo. Ele também voltou a assegurar que não há qualquer sinal de pressão inflacionária nos próximos dois anos. O que, entre os assessores de Lula, foi interpretado como um indicativo de que não há perspectivas de aumento da Selic em 2010, em meio às disputas para a sucessão presidencial.

As eleições, por sinal, ocuparam parte da conversa. Meirelles teria, de acordo com os assessores de Lula, reforçado a sua disposição de sair candidato ao governo de Goiás no ano que vem. Está certo que o presidente do BC se filiará a um partido político em setembro próximo, muito provavelmente o PP, do atual governador goiano, Alcides Rodrigues. Mas só deverá deixar o cargo em março, pois não vê mais conflito ético no fato de o presidente do BC ter pretensões políticas claras.

Selic

É a taxa que reflete o custo do dinheiro para empréstimos bancários, com base na remuneração dos títulos públicos. Também é conhecida como taxa média do over que regula diariamente as operações interbancárias.

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