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sábado, 20 de junho de 2009

O intérprete de Lula

Sérgio Xavier traduz para Lula a frase de obama;"É o político mais popular da terra"



Entre um chope no Bracarense, no Leblon, e o vôlei de praia em Ipanema, o carioca Sérgio Xavier sempre rezou pela cartilha da esquerda. Com parentes perseguidos pela ditadura militar, dedicou-se ao movimento sindical, à construção do PT no Rio de Janeiro e abraçou causas sociais, como a campanha contra a fome liderada por Hebert de Souza, o Betinho. Aos 42 anos, formado em comunicação social, resolveu arriscar uma virada na vida. A oportunidade surgiu num jantar oferecido pelo então presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, a mais de 100 ONGs internacionais, durante a ECO-92, a conferência sobre meio ambiente. Ofereceu-se para traduzir o discurso do então sempre candidato da legenda ao Palácio do Planalto. Lula gostou do resultado e, dois anos depois, levou o intérprete para um encontro com o líder africano Nelson Mandela. Hoje, Xavier é o intérprete oficial da Presidência da República. A rotina carioca do chopevôlei deu lugar a uma agenda repleta de compromissos oficiais e coquetéis com chefes de Estado.

A bordo do Aerolula, Xavier conheceu mais países do que poderia sonhar e passou a conviver com líderes mundiais. Em maio, durante a reunião do G-20 em Londres, seu rosto ganhou as manchetes quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou Lula de "o cara". Coube a ele traduzir a gíria americana. Na semana passada, acompanhou o giro presidencial pela Suíça, Rússia e Casaquistão. Na reunião dos BRICs, além dos encontros pessoais, teve o desafio de fazer traduções simultâneas de cabine, do inglês para o português. Com a relevância da função, vem o assédio. Ao servir de boca e ouvidos do presidente Lula mundo afora, inclusive nas conversas particulares com autoridades estrangeiras, Xavier se tornou o interlocutor mais cobiçado de Brasília por assessores, ministros e jornalistas. Todos tentam arrancar do tradutor algum segredo de Estado. Mas, sempre discreto e fiel aos princípios da profissão, ele apenas sorri e desconversa. Quando pressionado, cala-se.

"Num regime de esquerda, seja em países orientais, seja em ocidentais, o intérprete oficial faz certas censuras, ou poderíamos dizer aparos, durante seu trabalho. Minha maior alegria é ser o que alguns colegas chamam de 'a voz do Brasil' ou 'dublê', como me qualificou o presidente ao me apresentar num evento nos EUA", explicou, numa rara entrevista concedida à colega Tereza Braga, da American Translator Association (ATA).IstoÉ

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