Seguranças armados da fazenda Espírito Santo, de Daniel Dantas, no Pará, entraram em confronto com integrantes do Movimento dos Sem-Terra, no sábado.
Nove sem-terra (segundo o MST) e um segurança foram baleados. Oito feridos foram atendidos na rede hospitalar. O caso mais grave foi do sem-terra apelidado de “Índio”, atingido por quatro tiros, que teriam atingido o pulmão e o estômago, mas não há risco de morte.
O governo do Pará mandou reforço para a área, com 22 policiais militares, sete agentes da Polícia Civil e peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, que vão trabalhar nas investigações do caso.
A governadora determinou também que o comandante geral da PM, coronel Dário Teixeira; o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty; e o delegado Geral de Polícia Civil, Raimundo Benassuly fossem a Xinguara para intermediarem as negociações. O governo pediu ainda que o casos e já acompanhado pelo Ministério Público.
Em viagem ao Rio de Janeiro, convidade para a posse de dom Orani Tempesta como arcebispo da capital carioca, a governadora Ana Júlia Carepa tentou tranquilizar: “A situação é de tranquilidade, não tem nenhuma estrada obstruída e os feridos, com exceção de uma pessoa que ainda está no hospital, foram todos liberados. Não houve nenhum ferido grave."
Também manifestou preocupação na apuração das responsabilidades: "Existem duas versões completamente distintas. Agora vamos apurar qual a verdade, o que realmente aconteceu".
A versão dos sem-terra é de que um grupo de acampados foi vítima de uma emboscada quando entrou na mata para buscar palha, que seria usada na cobertura de barracas que ficam na entrada da fazenda Espírito Santo. Dois acampados teriam sido levados para a sede da fazenda, onde estariam sendo torturados pelos seguranças, o que motivou a tentativa de invasão.
“São milícias armadas, disfarçadas de seguranças. Para nós, foi uma armação”, informou um dos líderes do MST no Pará, Ulisses Manaças, que afirmou já ter acionado a Ordem dos Advogados do Brasil e entidades de defesa dos Direitos Humanos para acompanhar o conflito.
A versão da empresa de segurança é de que os sem-terra quem os ameaçaram, primeiro com tiros para cima, depois ao avançarem em sua direção, o que obrigou à reação.
A polícia de Redenção informou ao chefe da Casa Civil do Pará, Cláudio Puty, que não houve cárcere privado de jornalistas nem de funcionários da Santa Bárbara, pertencente ao grupo do banqueiro Daniel Dantas. O que ocorreu, segundo policiais, foi o bloqueio da estrada durante o tiroteio, o que impediu a saída dos repórteres do local.
Os jornalistas, porém, negam a versão da polícia e garantem que ficaram no meio do tiroteio entre os sem-terra e os seguranças da fazenda. Um deles, o repórter cinematográfico Felipe Almeida, da TV Liberal, afiliada da Rede Globo, disse que ele e três colegas de imprensa ficaram "reféns de líderes do MST dentro da fazenda".
Segundo Almeida, foram 10 minutos de pânico - os jornalistas teriam sido usados como escudo humano.
Os membros do MST, segundo o relato de Almeida, renderam os repórteres quando eles retornavam da sede da fazenda. "Mandaram que desligássemos as câmeras e avisaram que iríamos ficar com eles. E mandaram que andássemos em direção aos seguranças da fazenda", relatou, explicando como os sem-terra teriam usado o grupo como "escudo".
"Andamos uns 50 metros em direção aos seguranças armados e ainda alertamos os sem-terra que iria haver tiro. Eles disseram: vocês que estão na frente que se virem." O cinegrafista filmou tudo o que aconteceu. Em uma das imagens, aparecem sem-terra quebrando um carro. Em outra, segurança e agricultores estão baleados.
Leia a nota acima, como a filmagem da TV Globo contradiz o depoimento do repórter da globo, quanto a ter sido feito de refém e de escudo humano.
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