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quinta-feira, 5 de março de 2009

Um corrupto vai cuidar do cofre do PAC


A eleição do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para presidir a Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado, ontem, derrotando Ideli Salvatti (PT-SC) - atuante aliada do Palácio do Planalto no Senado, mostrou, uma vez mais, o poder do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). O episódio trouxe o ex-presidente da República (1990 a 92) de volta à cena política, após dois anos de um mandato apagado. "Foi uma volta com os pés no chão", definiu o próprio Collor.

Eleito, o petebista declarou prioridade ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas sua vitória deixa sequelas para o governo. "Fica uma fratura exposta para que todos possam ver o jogo de interesses", disse Ideli. Ela, que em 2007, como líder do PT, foi forte defensora de Renan nos processos por quebra de decoro parlamentar, queixou-se ontem de "desrespeito e desconsideração". O atual líder petista, Aloizio Mercadante (SP), foi além. Disse que Collor foi eleito por uma "aliança espúria", que uniu PMDB, PTB e o oposicionista DEM. Renan Calheiros, o principal artífice da eleição de Collor, foi líder de seu governo (1990-92) na Câmara e capitão da esquadra anti-impeachment na Casa.

"Não cabe a mim, como líder do DEM, facilitar a vida do governo", disse José Agripino (RN). Segundo ele, seu papel era ajudar a provocar fricção na base de Lula. "O DEM é que está sendo coerente", afirmou, referindo-se à posição do PSDB, que ficou com Ideli. Dividida, a oposição contribuiu para o racha governista.

O líder tucano, Arthur Virgílio (AM), prometeu os quatro votos do PSDB a Ideli, mas não cumpriu. Marconi Perillo (PSDB-GO) faltou e, em seu lugar, votou o primeiro suplente do bloco de oposição, Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA). Em Collor. Arthur Virgílio, que havia escalado outros tucanos para votar, alegou desconhecer o regimento.

A reunião foi demorada e marcada por bate-bocas. Collor ganhou por 13 votos a 10. Renan substituiu pemedebistas, que tendiam a votar em Ideli, por votos confiáveis. Cumpria, assim, acordo feito com o PTB em troca do apoio do partido a José Sarney (PMDB-AP) na disputa com o petista Tião Viana (AC) pela presidência do Senado.

Embora contido, Collor mostrou disposição para reagir a críticas. Irritou-se com o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), por questionar sua disposição para comandar a comissão, já que ficou meses de licença. "Sou um homem experimentado e sofrido para ouvir ironias. Aprendi a ser um homem cordial, não só pela educação que recebi, mas pelas experiências e pelos sofrimentos que colhi ao longo da vida pública. Mas não está apagado dentro de mim a vontade do debate e do enfrentamento, se preciso for", disse, parecendo embargar a voz.

Ao deixar a comissão, ficou irritado quando perguntado sobre a afirmação de Mercadante da "aliança espúria" para elegê-lo. "Repilo, se é que ele assim se referiu. Espúria..., ele vá procurar saber onde vai achar. Espúria não. É um acordo inteiramente aberto, que todo mundo soube. Mercadante precisa medir um pouco as palavras para respeitar os colegas do Senado", disse. Na reunião, havia dado uma escorregada ao falar de Ideli. Disse ter o "maior respeito" por ela, considerando-a uma "senadora que congrega, reúne, cisca para dentro". Mercadante reagiu e Collor retirou a expressão.

A eleição do petebista quebrou a tradição de partilha das presidências das comissões entre os partidos de acordo com o tamanho das bancadas. Dentro da regra, o PMDB, maior partido, optou pela Comissão de Assunto Econômicos (CAE), a ser presidida por Garibaldi Alves (RN), ex-presidente do Senado. Em segundo lugar, o DEM escolheu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para Demóstenes Torres (GO). O PSDB, terceira bancada, optou pela Comissão de Relações Exteriores (CRE), para Eduardo Azeredo (MG).

O PT, que tinha direito à quarta opção, escolheu a Infraestrutura, para a qual Ideli foi indicada. Collor preferia a CRE, que considerava mais adequada a um ex-presidente. Mas ele não teria apoio do DEM, numa disputa com Azeredo. Decidiu disputar a CI com o PT.

Ideli rejeitou todas as tentativas do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), de acomodá-la em outra comissão, para evitar a disputa. O PT quis marcar posição. A atuação do ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), do PTB de Collor, foi criticada por governistas. Em vez de intervir para evitar a disputa, teria estimulado Collor.

No mapa dos comandos das comissões, o governo ficou enfraquecido. A mais poderosa (CAE) será presidida por Garibaldi, que atuou com independência à frente do Senado. As duas outras mais importantes, CCJ e CRE, serão comandadas pela oposição. O próprio Collor, embora aliado do Planalto, é conhecido por agir de acordo com seus interesses pessoais. E ontem ficou credor do DEM.

Após a vitória, Collor afirmou que sua prioridade será trabalhar para dar mais rapidez ao PAC, que considerou "uma das iniciativas mais importantes tomadas por um governo deste país desde Getúlio Vargas".


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