A revista ÉPOCA teve acesso a informações do inquérito da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, no qual há referências a repasses de dinheiro da empreiteira para quatro partidos políticos: PSDB, DEM, PMDB e PPS. Nem todos os repasses foram devidamente declarados à justiça eleitoral.
Destinada a esquadrinhar crimes financeiros envolvendo a construtora Camargo Corrêa, uma das maiores do país, a Operação Castelo de Areia, deflagrada nesta quarta-feira (25) pela Polícia Federal, acabou descobrindo um esquema bem organizado de repasse de dinheiro para campanhas políticas. Trata-se de descobertas com potencial para antecipar a guerra de denúncias entre governo e oposição prevista para acontecer em 2010, ano de eleições presidenciais. ÉPOCA teve acesso a informações do inquérito, que corre em segredo na Justiça Federal de São Paulo. Há referências a repasses de dinheiro da empreiteira para quatro partidos políticos: PSDB, DEM, PMDB e PPS. Nem todos os repasses foram devidamente declarados à justiça eleitoral, de acordo com a investigação – em muitos casos, a "doação" era feita em dinheiro vivo.
A distribuição de dinheiro começou a ser descoberta por meio de telefonemas interceptados pela Polícia Federal com autorização da justiça. Nesses telefonemas, diz uma pessoa familiarizada com a investigação, diretores da Camargo Corrêa falavam abertamente com emissários de partidos políticos para tratar dos pagamentos. Os acertos se deram entre julho e outubro do ano passado – o que indica tratar-se de dinheiro utilizado nas campanhas municipais de 2008, segundo o inquérito.
Há referências, na investigação, a personagens importantes do cenário político e empresarial. Num dos telefonemas interceptados, um representante da Federação das Industrias de São Paulo em Brasília conversa com um dos diretores da Camargo Correa. Diz que está falando em nome do chefe, o presidente da federação, Paulo Skaf. Na ligação, em tom de reclamação, ele cobra da Camargo Corrêa o repasse de R$ 400 mil a dois partidos. Afirma que os representantes dos partidos estariam cobrando o dinheiro - pelo teor da conversa, o pagamento estaria atrasado. Outro nome que aparece no inquérito, como destinatário de repasses da Camargo Corrêa, é o de um importante senador, do DEM do Nordeste.
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