O discurso do presidente do Supremo, Gilmar Mendes, contra o MST foi criticado pelo advogado José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra. Para ele, há um "caráter mais político que jurídico".
"É estranho que não se ouça palavras sobre impunidade no campo, concentração da terra, necessidade da reforma agrária ou contra proprietários que fizeram grilagem", disse.
A coordenadora nacional do MST Marina dos Santos disse que Giolmar Mendes parece um "cabo eleitoral" do governador José Serra (PSDB-SP) e que o presidente do STF deveria usar o mesmo discurso para, entre outras coisas, explicar a soltura do banqueiro Daniel Dantas.
"As declarações de Mendes são carregadas de preconceito de classe, claramente ideológicas. O senhor Gilmar Mendes está agindo como o líder da direita no país."
Também em nota, o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, que reúne entidades como MST, Contag e CPT, disse que as declarações do presidente do STF são "carregadas de preconceito e rancor".
Vannuchi defende MST em polêmica com Gilmar Mendes
O ministro-chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, defendeu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ao comentar as declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, Vannuchi disse ver com preocupação o que ele chamou de "convencimento equivocado" de um juiz sobre movimentos sociais, como o MST. "Em tese, ele será chamado a votar, a proferir sentença nesse tema. O que eu sugiro é que todos nós, autoridades públicas, nesses pronunciamentos, cuidemos de separar pontos de vista e falar em nome do poder", disse Vannuchi, ressaltando que respeita as posições do chefe do Judiciário.
O ministro pediu calma na apuração das acusações atribuídos a militantes do MST e que os acusados respondam individualmente perante a lei por seus erros ou eventuais crimes, sem "satanizar" os movimentos sociais. Numa alusão à repressão do regime militar no Brasil, Vannuchi disse que os militantes do MST estão se tornando os "comunistas" da atualidade e chegou a comparar as críticas ao movimento à perseguição de Hitler aos judeus.
"O MST pode ter erros, equívocos, mas não posso deixar de reconhecê-lo como movimento social. Não equacionamos isso na base da repressão, do processo judicial, prisão e lei. Movimento social tem que ser equacionado sempre com diálogo", defendeu o ministro-chefe da secretaria.
Mas teve quem gostou e bateu palmas.Ruralista manifestaram apoio a Mendes e diz que MST é 'ilegal'
A senadora, ruralista e presidente da CNA, Kátia Abreu (DEM-TO), que em 2007 atacou o jornalista Leonardo Sakamoto do Repórter Brasil quando ele realizou visita à fazenda Pagrisa, junto com grupo móvel de fiscalização do governo federal e retirou mais de mil trabalhadores em condição análoga à de escravo, divulgou ontem nota com duras críticas aos integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) e manifesta apoio à posição do ministro Gilmar Mendes, do Superior Tribunal Federal (STF), que considerou ilegal o repasse de recursos públicos para movimentos sociais que ocupam terras.
Na nota, assinada pela presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), a entidade sustenta que os líderes do MST "comandam grupos que sequestram, vandalizam, torturam e matam." Ao apoiar o presidente do STF, a organização argumentou que Gilmar Mendes cumpre "com rigor e responsabilidade institucional seu papel de guardião da Constituição e do Estado de diretor" ao fazer essa avaliação.
Saiba quem é Kátia Abreu do DEM
Um exemplo: No dia 11 de agosto de 2004, 326 deputados federais aprovaram, em primeira votação, a proposta de emenda constitucional que prevê o confisco de terras em que trabalho escravo for encontrado, considerado uma das bandeiras da Comissão Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. A então deputada Kátia Abreu e mais nove parlamentares da oposição posicionaram-se contra. Depois disso, a PEC 438/2001 não foi colocada em votação em segundo turno devido à pressão realizada pela bancada ruralista da Câmara dos Deputados, o que tem beneficiado os fazendeiros que utilizam mão-de-obra escrava. De acordo com parlamentares e entidades que atuam no combate ao trabalho escravo, a senadora Kátia Abreu foi uma das mais atuantes para que isso acontecesse.
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