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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Jarbas Vasconcelos imita José Serra e rola cabeça de jornalista em Pernambuco

Inaldo Sampaio estava há 22 anos no Jornal do Commércio, de Recife, à frente da coluna Pinga-Fogo.

Foi demitido.

Assim, José Serra faz escola, a foice chega às cabeças de jornalistas pernambucanos que não seguem a cartilha do palanque Serra Presidente e Jarbas governador em 2010.

Inaldo foi a única voz dissonante que questionou dentro do jornal a autoridade do "coronel" Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) em sua entrevista à Veja.

O senador não gostou da visão crítica do jornalista, sobretudo do arrolamento de nomes como Quércia, Bornhausen, os rachas no PMDB Pernambucano, mas Inaldo Sampaio só cumpriu seu dever de informar ao leitor, como reproduzimos abaixo:

Na coluna do dia 17 de fevereiro:

Para não fazer Jarbas de “vítima”

Em tese, a executiva do PMDB poderia posicionar-se de três formas em relação à polêmica entrevista que o senador Jarbas Vasconcelos concedeu à revista Veja acusando a maioria do partido de ser corrupta: interpelá-lo judicialmente para que ele desse nome aos bois, expulsá-lo, ou tratá-lo com desdém.

Prevaleceu esta última posição, consoante a nota da executiva nacional. Como as acusações foram genéricas e não se dirigiram apenas ao PMDB mas ao sistema partidário como um todo, diz ela, “a executiva do partido não dará maior relevo”. E deu o caso por encerrado. Levá-lo à Comissão de Ética ou constrangê-lo com eventual pedido de expulsão poderia transformá-lo em vítima, que é tudo que a executiva nacional não quer.

Ele pode continuar militando no partido, porém permanecerá no isolamento. Não tem vez nem voz na direção nacional nem será indicado pelo líder para presidir uma comissão de relevo.

Não é de hoje, aliás, que Jarbas faz opção pelo isolamento. É da natureza política dele. Isolou-se em 84, na campanha de Tancredo Neves à presidência da República, ao recusar-se a votar nele no colégio eleitoral, e mais recentemente no próprio PMDB pernambucano ao cortar suas relações políticas e pessoais com dois dos três deputados federais do partido que eram seus amigos havia mais de 30 anos: Cadoca e Edgar Moury Fernandes.

Ele já se acostumou com o isolamento, e aparentemente está de bem consigo, por ter alvejado de uma só vez seus principais desafetos no partido: José Sarney e Renan Calheiros.

» O CONSTRANGIMENTO DO PSDB

Ao chamar a maioria do PMDB de corrupta, Jarbas constrangeu, por tabela, o pré-candidato do PSDB a presidente, José Serra (foto), que deseja aliar-se ao partido em 2010. Na hipótese de haver essa aliança, Serra não vai negociá-la com Jarbas e sim com a “maioria corrupta” que controla a legenda: Sarney, Renan, etc.

» Boato de rua

Quando a revista Veja chegou às bancas na tarde de sábado, havia a expectativa de que Jarbas pudesse ser expulso do PMDB, que haveria intervenção no diretório estadual e que o deputado Edgar Moury Fernandes seria nomeado interventor.

» Tempos idos

Quércia (SP) foi um dos peemedebistas que se solidarizaram com Jarbas por suas acusações à maioria peemedebista. Em tempos idos, mas não tão idos assim, Quércia era tido no partido como sinônimo de corrupção.

» Maciel não quis polemizar

O DEM, que apoiou Sarney para presidente do Senado, também foi alvejado por Jarbas quando este disse que o ex-presidente da República iria transformar a Casa “num grande Maranhão”. Marco Maciel, em tom diplomático, limitou-se a dizer que Jarbas “manifestou de forma legítima sua opinião”, interpretando a entrevista dele “como uma contribuição ao processo de aperfeiçoamento democrático”.

» Por que fica?

“Ele (Jarbas) comparou o PMDB a um sindicato de ladrões”, disse o senador Wellington Salgado (MG), que ficaria muito satisfeito se Jarbas fosse para o DEM, PPS, PSDB ou PSOL. Qualquer um o receberia de braços abertos.

» Eu sozinho

Viver isolado num partido é a pior coisa que pode acontecer a um político. Que o diga Paulo Rubem Santiago (PDT) em seus tempos de deputado estadual. Ninguém lhe dava “boa tarde” nem o aparteava, e até seus votos de pesar eram derrotados.

Na coluna do dia 18 de fevereiro:

A reação dos governadores

No geral, repercutiu positivamente na imprensa nacional a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos à revista Veja acusando o PMDB de ser um partido corrupto. Porém, como não apontou quem são os corruptos nem que atos de corrupção os seus correligionários praticaram, desagradou aos governadores, a uma parte dos senadores e ao ex-presidente do PFL Jorge Bornhausen.

Quem mais se indignou com a entrevista foi o governador do Rio, Sérgio Cabral, a julgar por suas palavras: “Eu não sou corrupto, o senador Pedro Simon não é corrupto, o governador Paulo Hartung (ES) não é corrupto, o governador Roberto Requião (PR) não é corrupto, o governador Marcelo Miranda (Tocantins ) não é corrupto e o governador Luiz Henrique (SC) não é corrupto. Essa generalização é desrespeitosa a uma legenda que ele próprio (Jarbas Vasconcelos) ajudou a construir”.

Já o governador Eduardo Braga (AM), excluído da relação de Sérgio Cabral, desabafou: “Sou do PMDB, não sou corrupto, nem meu governo é corrupto. Se há corrupção no PMDB, ele teria que ser específico”. Estranhamente, dos senadores do partido só Pedro Simon (RS) e Geraldo Mesquita (AC) comentaram a entrevista, o primeiro para se solidarizar parcialmente com Jarbas e, o segundo, para censurá-lo: “O único patrimônio que tenho é a minha honra. Não posso deixar que ela seja enxovalhada dessa forma. Ele tem o direito de emitir opinião, mas não pode levantar suspeita sobre todos”. Quanto a Bornhausen, acha que Jarbas foi injusto com Sarney porque desconsiderou o papel dele na transição política.

Na coluna do dia 19 de fevereiro:

» Quércia em defesa de Sarney

Quércia (PMDB-SP), em entrevista à Agência Estado, classificou Jarbas Vasconcelos de “uma liderança política importante da história do Brasil”, mas acha que ele “exagerou” nos ataques que fez ao PMDB e que foi “muito duro” em relação a Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL). “Acho que o Sarney vai ajudar muito o PMDB, e o país, como presidente do Senado”, disse o ex-governador paulista.

Na coluna do dia 20 de fevereiro:

A entrevista do senador pernambucano acusando o governo Lula de medíocre e o bolsa-família de ser um programa eleitoreiro foi bem recebida por setores de classe média, que é o segmento da população onde o presidente Lula tem o seu maior índice de rejeição.

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