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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Manual da Prefeitura de Kassab afirma que "troca-troca" pode transformar púberes em "homossexuais"


O post vai dar confusão, mas fazer o quê? Precisamos compartilhar a informação.

É nisso dá candidato não sair do armário ...

Quando nós aqui e, depois, a campanha de Marta Suplicy, levantamos as contradições do candidato Kassab acerca de sua plataforma política diante da homosexualidade, em vez do assunto ser encaminhado para o campo político como desejávamos (e a militância petista, principalmente de gays e lésbicas, deveria ter feito), muitos morderam a isca da campanha de Kassab e o PIG (Partido da Imprensa Golpista), e "compraram" a versão de tratar-se de homofobia, preconceito ou exploração da vida privada. Passaram a condenar Marta e defenderam Kassab.

Era justamente o contrário. A razão de abordarmos esse tema era pelo motivo de ser explorado negativamente nas ruas, pela campanha de Kassab, levando eleitores a rejeitarem Marta, dando como motivo as leis que ela defendeu quando deputada, favorecendo os direitos de gays e lésbicas, inclusive em uma época que o assunto era mais tabu do que é hoje.

Kassab, em ambientes fechados de gays e lésbicas apresenta-se como apoiador, mas sua campanha nas ruas, feita por seus aliados conservadores, usava o preconceito contra gays e lésbicas como bucha de canhão, para alimentar a rejeição à Marta, e, com isso, contribuía para aumentar também o preconceito e homofobia.

Assim, Kassab angariava apoio de eleitores conservadores nos costumes, como se ele fosse contrário a todas as leis que Marta defendeu.

Como existe uma lei na política, onde quem governa não é apenas o candidato vencedor, é também as forças políticas que o elege (daí a importância em não ignorar assuntos do interesse público, mesmo que atinjam a vida pessoal do candidato), as secretarias e órgãos da prefeitura de São Paulo foram infestadas por conservadores, muitos preconceituosos e até homófobos.

Agora entidades de gays e lésbicas sentem na própria pele as consequências daquela omissão em não politizar o assunto durante a campanha eleitoral, preferindo abafá-lo.

Associações como o Grupo de Pais de Homossexuais, o Fórum Paulista de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, a ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, o grupo E-Jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados, assinam carta à Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de São Paulo (comandada pelo serrista Januário Montone), protestando contra o "Manual de Atenção à Saúde do Adolescente", recém distribuído pela secretaria, por conter "passagens de conteúdo preconceituoso e que de maneira alguma se encontram em concordância com a recente literatura médica, psicológica e pedagógica", segundo a diz a carta.

O motivo da polêmica é o conteúdo da página 112 e 113, onde está escrito:

"Um dos jogos sexuais praticados pelos meninos é o vulgarmente conhecido como "troca-troca" que, quando descoberto pelos adultos, costuma gerar dúvidas e preocupações quanto a uma possível identificação homossexual na vida adulta. Segundo Tiba, este tipo de prática está mais relacionada ao treino do papel do que à busca da satisfação sexual; nestas situações, o adolescente visualiza o outro como um espelho. A possibilidade de dano só é real quando existe diferença de idade ou de fase de desenvolvimento entre os participantes ou quando, por pressão do grupo ou por vontade própria, o jovem passa a ser sempre o passivo; a permanência nessa passividade pode tornar o púbere um homossexual."


Eu não sou psicólogo para julgar o conteúdo do manual. Sem querer ser dono da verdade, pessoalmente, sou a favor da educação sexual responsável nas escolas e nas famílias, mas não sei se temas como este deveria ser abordado dessa forma, num manual dirigido diretamente à todos os adolescentes, indistintamente, ou deveria ser dirigido à educadores, para os educadores fazerem a abordagem mais adequeda, de acordo com o ambiente de suas salas de aula.

Mas minha opinião pessoal pouco importa. O fato é que o momento de discutir isso que está sendo feito sem discussão na prefeitura, era na campanha eleitoral, e o assunto foi censurado pelos próprios interessados, sem que percebessem o erro que estavam cometendo.

Fonte do PIG: revista Época

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