O Presidente Lula vai se pronunciar hoje na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o avanço de medidas protecionistas anunciadas por países ricos, para enfrentar a crise financeira internacional e pedir que a organização do comércio fique atenta ao teor dessas medidas. O temor brasileiro é que a cláusula "Buy American", acrescentada ao pacote de estímulo fiscal do governo dos Estados Unidos enviada ao Congresso, assim como medidas protecionistas de governos europeus, desencadeiem um onda nacionalista que enfraqueça o comércio mundial e dificulte a entrada de produtos brasileiros nestes centros econômicos.
Segundo o Itamaraty, a manifestação que o embaixador brasileiro, Roberto Azevedo, fará hoje na reunião da OMC, vai destacar a preocupação brasileira com medidas como o "Buy American" que proíbe a compra de ferro e aço importados para que empresas que realizem obras de infraestrutura nos EUA tenham benefícios tributários. E com medidas européias, como o pacote fiscal francês que poderá incluir a compra somente de componentes do mercado interno.
"Será mais uma fala do Brasil. Não vamos adotar nenhuma medida prática. É um alerta que vamos lançar", informou uma graduada fonte do Itamaraty. Segundo essa fonte, o avanço mundial de cunho nacionalista "deixa a gente muito apreensivo, porque coloca em risco o próprio funcionamento da OMC".
Na quarta-feira, o Senado dos Estados Unidos aprovou emenda ao plano "Buy American" dando garantia aos signatários do acordo de que serão isentos dos artigos do projeto que exigem emprego de insumos, como ferro a aço, fabricados nos Estados Unidos nas obras públicas realizadas com ajuda governamental. Mas o Brasil não será beneficiário desse abrandamento no projeto, porque não é signatário. O projeto deve ser votado nesta semana.
A reação diplomática brasileira é coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e Itamaraty e conta com o apoio de empresários. Na sexta-feira, o Secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral, disse que o Brasil poderá recorrer à OMC contra essas e outra medidas protecionistas.
A ação brasileira também vai contar com a participação do Presidente Lula que deverá discutir o assunto com o presidente norte-americano, Barack Obama, em Washington, durante o seu primeiro encontro oficial com o novo chefe de governo. O encontro deverá ocorrer no dia 16 de março, um dia após a participação do governante brasileiro no seminário promovido pelo Wall Street Journal sobre a crise internacional, em Nova York. De lá, Lula deverá seguir para Londres, onde está prevista a sua presença na Cúpula do G-20 financeiro, onde deverá fazer um duro discurso contra a onda de medidas protecionistas de países desenvolvidos. No encontro, além da discussão sobre o comércio internacional e estratégias políticas para a retomada dos debates dobre a Rodada Doha da OMC, será tratada a renovação das instituições internacionais de financiamento internacional como o Banco Mundial (BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração