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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Dinheiro bloqueado é do Opportunity, diz MPF


O dinheiro relativo à Operação Satiagraha bloqueado no exterior pelo Ministério da Justiça é do Banco Opportunity, que pertence ao empresário Daniel Dantas, afirmou ontem o Ministério Público Federal em São Paulo, por meio de sua assessoria. O Ministério da Justiça anunciou ter conseguido bloquear mais de US$ 2 bilhões (o equivalente a R$ 4,5 bilhões) em contas bancárias no exterior, relacionadas à Operação Satiagraha, sendo US$ 500 milhões resultantes de cooperação com o governo dos Estados Unidos. O local do bloqueio e os nomes dos titulares, no entanto, não tinham sido revelados.

Os valores bloqueados, no entanto, são controversos. O MPF de São Paulo diz não querer contradizer o Ministério da Justiça, mas afirma que os valores não condizem com o material oficial entregues na quarta-feira pelo Ministério da Justiça. "Pode ter ocorrido um equívoco", afirma a assessoria de imprensa do MPF de São Paulo. Segundo a assessoria, foram bloqueados US$ 450 milhões dos Estados Unidos, junto com os US$ 46 milhões do Reino Unido, bloqueados em setembro de 2008, além de R$ 535 milhões transferidos para a administradora de fundos BNY Mellon Serviços Financeiros e R$ 10 milhões para a irmã do sócio de Dantas, Dorio Ferman. "Transferências ocorridas depois que a Operação Satiagraha foi deflagrada", diz a assessoria do MPF. O total do bloqueio, segundo o Ministério Público, chega a R$ 1,5 bilhão, diferentemente dos R$ 4,6 bilhões, divulgados pelo MJ.

O secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, em entrevista coletiva, disse que não sabe do questionamento do MPF. "Não sei o que o MP disse, que o valor bloqueado seria de R$ 1,7 bilhão, não acompanhei o fato, mas considero que o MP faz um grande trabalho", argumentou. Procurado, o Opportunity disse que "desconhece o teor da nota divulgada pelo Ministério da Justiça".

Histórico

A Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia federal em julho de 2008, levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta. Todos foram posteriormente libertados por habeas corpus concedidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

O bloqueio dos US$ 2 bilhões no exterior é o mais sério golpe sofrido pelo banqueiro Daniel Dantas depois que ele se tornou alvo da Operação Satiagraha. Mas não foi o único. Além de uma grande debandada de clientes que sacaram milhões assim que o veio à tona o maior escândalo financeiro do país, o Grupo Opportunity já amargava a indisponibilidade de seus ativos no exterior. Em instituições financeiras de Nova Iorque, nos Estados Unidos, desde o ano passado, estão retidos US$ 450 milhões, na Inglaterra US$ 46 milhões e, no Brasil, R$ 545 milhões que haviam sido transferidos em setembro do ano passado do BNY Mellon para o Opportunity.

A operação foi considerada suspeita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e informada ao juiz federal de São Paulo, Fausto de Sanctis, que determinou o imediato bloqueio. No total, os três bloqueios equivalem a R$ 1,7 bilhão. ­ Se os Estados Unidos bloquearam é porque há suspeita de lavagem de dinheiro e de outros delitos ­ disse ontem o procurador Rodrigo De Grandis, do Ministério Público Federal paulista, responsável pela denúncia contra o banqueiro e os executivos do Opportunity. Se Dantas e os outros investidores não provarem a origem, a totalidade desses recursos será convertida aos cofres do governo federal. A repatriação do dinheiro que se encontra no exterior só se consumará, no entanto, com a conclusão do processo.


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