O Presidente Lula disse ontem que a Itália tem de respeitar a decisão soberana do Ministério da Justiça de conceder refúgio ao italiano Cesare Battisti. Para o presidente, a decisão não vai provocar um incidente diplomático entre os dois países.
"Alguma autoridade italiana pode não gostar, mas tem que respeitar", disse em Ladário (MS), na fronteira com a Bolívia. "Não acredito que haja qualquer problema na relação Brasil - Itália porque é uma relação histórica, tão forte. Não é um problema de um exilado que vai trazer uma animosidade na relação", completou.
Para Lula, a decisão brasileira é soberana e mostra que o país é generoso. "Precisamos aprender a respeitar a decisão soberana de cada país. O Brasil entendeu que era correto e tomou a decisão. Acho que os italianos precisam respeitar. Pode até não concordar, mas tem que respeitar a decisão soberana do Brasil", afirmou."O Brasil é um país generoso. Tem na sua história muitos exemplos de pessoas que pediram asilo e aqui ficaram exiladas, moraram muito tempo", acrescentou.Ele lembrou que o governo francês também concedeu exílio a outra militante também acusada de cometer crimes na Itália. "Recentemente, uma pessoa que participava no mesmo ano, das mesmas coisas, foi exilada na França também", justificou.
Reação da Itália
O governo da Itália reagiu à decisão brasileira. O Ministério das Relações Exteriores da Itália divulgou comunicado afirmando que apelará ao presidente Lula para rever a concessão e chamou o embaixador brasileiro em Roma para prestar esclarecimentos.
A Procuradoria Geral da Itália pretende apresentar um recurso à justiça brasileira para anular a sentença que concedeu refúgio ao ex-militante de extrema-esquerda, condenado à prisão perpétua no país e autor de quatro homicídios.
"Neste momento, estamos estudando, em estreita coordenação com a embaixada italiana no Brasil, todas as estratégias técnicas e políticas para conseguir que a decisão seja reconsiderada", disse o assessor da chancelaria italiana, Pasquale Ferrara.
Militares
Uma nota do presidente do Clube Militar, general Gilberto Barbosa de Figueiredo, resumiu a indignação da área militar. “O viés ideológico sempre fala mais alto do que qualquer sentido de justiça”, diz a nota, mirando em Tarso. “Causa imenso espanto uma autoridade que vive proclamando a necessidade de o Brasil julgar pessoas sob suspeita de terem cometido crimes contra a humanidade vir, agora, dar guarida a um terrorista já condenado.”
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