Sapopemba, zona leste, vésperas da posse de Gilberto Kassab (DEM) em seu segundo mandato. Longe dos olhos de qualquer guarda municipal ou agente público, a obra de uma creche da prefeitura, abandonada após a eleição, é desmontada lentamente, tijolo a tijolo, por saqueadores.
Aproveitando-se do descaso da administração, que nada fez mesmo após ter sido alertada pela Folha em 12 de dezembro, eles levam o que podem. As paredes estão esburacadas. As aberturas onde deveria haver portas e janelas tiveram blocos de cimento retirados. O cenário é de total desolação. E de desperdício de dinheiro público.
À noite a situação é ainda pior. No que restou do prédio que deveria abrigar crianças, adolescentes "noias" usam drogas, numa microcracolândia de periferia. O curioso -ou trágico- nisso tudo é que creche é um assunto "caro" ao prefeito. Em 2004, Serra e Kassab prometeram acabar com o déficit de vagas. Não acabaram. Ainda há 80 mil crianças na fila.
Na última campanha eleitoral, Kassab repetiu o compromisso. A creche de Sapopemba seria parte da solução. Papo furado? O prefeito diz que não... Charles de Gaulle dizia que as promessas só comprometem aqueles que as recebem. É verdade, principalmente em política. Candidato fala o que quer, administrador faz o que dá (ou menos).
Na eleição de 2004, Serra e Kassab fizeram 161 promessas, todas documentadas no plano de governo -87 não foram cumpridas (54,04%), 46 apenas parcialmente (28,57%) e só 28 integralmente (17,39%). Agora, Kassab tem um projeto ou obra a entregar a cada 36 horas de governo, se quiser cumprir tudo o que prometeu na campanha. Dá? O prefeito diz que sim...
Resta explicar como vai fazer, considerando a crise mundial e a necessidade de "navegar com cautela em águas turvas", como ele mesmo declamou na posse ao anunciar que vai, sim, cortar gastos.(Rogério Gentile em uma coluna escondida na Folha)
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