Treze Estados se saíram melhor do que São Paulo no cumprimento de metas para aumentar a qualidade do ensino no País, estipuladas pelo movimento Todos pela Educação. O grupo, que reúne empresários, organizações sociais e gestores públicos, lançou um compromisso pela melhora da educação em 2006 e traçou objetivos até 2022. Seu primeiro relatório foi divulgado ontem e mostra que mais de 70% das crianças de 4ª e 8ª séries não aprenderam o que deveriam em português e matemática.
A meta para o País em 2022 é justamente o inverso: mais de 70% deverão ter aprendido o essencial para sua série. "Será preciso acelerar o ritmo de melhoria da qualidade", diz Mozart Ramos Neves, presidente-executivo do movimento.
Os resultados de agora se referem às metas intermediárias, determinadas para 2007. Todos os Estados deveriam atingir uma porcentagem de alunos no nível considerado adequado à 4ª e à 8ª série, em português e em matemática, nas avaliações oficiais do Ministério da Educação (Prova Brasil e Saeb).
As metas são definidas conforme avaliações já feitas pelos alunos do Estado e pela sua capacidade de investimento e melhoria. São Paulo, por exemplo, deveria chegar em 2007 a 40,3% de seus alunos de 4ª série no nível adequado de português, mas ficou em 37,5%. Já o Amazonas deveria ter 8,8% dos estudantes da 8ª série com aprendizado satisfatório, mas conseguiu registrar 14,5%. Isso significa que essa minoria de alunos consegue identificar a finalidade de um texto, perceber metáforas e notar informações implícitas e explícitas.
Em São Paulo, apenas as metas para matemática foram cumpridas. Na 4ª série, 32,8% das crianças fizeram a pontuação adequada, assim como 16,5% dos adolescentes da 8ª série. As metas eram de 29,5% e 16,3%, respectivamente. Os índices de São Paulo estão entre os mais altos do País. No entanto, nove Estados - entre eles, Tocantins, Pernambuco e Paraná - conseguiram cumprir todas as suas quatro metas. Quatro alcançaram três delas. Só Minas e Distrito Federal não atingiram nenhuma.
"Cada Estado agora está colhendo resultados de suas políticas adotadas alguns anos atrás", analisa a presidente do conselho de secretários da Educação (Consed), Maria Auxiliadora Seabra Rezende. "Relatórios como esse ajudam a traçar melhor os projetos para o futuro", diz.
Os resultados mostram que houve mais melhora em matemática do que em português. Na 4ª série, só três Estados não chegaram à meta. O Pisa, avaliação mundial de educação, já havia mostrado melhor desempenho dos alunos em matemática. "O desempenho de São Paulo é razoável se comparado ao Brasil de hoje, mas tem de melhorar", diz o consultor Rubem Klein, que participou do relatório.
As metas do Todos pela Educação se baseiam em avaliações do MEC, mas são mais audaciosas que as do próprio governo. O ministério criou em 2007 o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), formado pelo desempenho dos alunos nas provas oficiais e pela quantidade de alunos na série correta para a idade. As metas do Ideb são bienais e, neste ano, o MEC anunciou que só Minas não havia cumprido seus objetivos para 4ª série. Na 8ª, apenas dois Estados não chegaram à sua meta no Ideb.
Além da quantidade de alunos com o conhecimento adequado para a série, que é chamado no Todos pela Educação de meta 3, o movimento tem ainda outros quatro objetivos. A meta 1 pede toda criança de 4 a 17 anos na escola e foi verificado que 90,4% delas estavam estudando em 2007.
A meta 2 se refere à alfabetização de todos que tiverem até 8 anos; como não havia avaliações ainda para essa idade no ano passado, o relatório usa dados do IBGE para constatar que o índice é de 88%, o que é considerado superestimado. A meta 4 exige a conclusão do ensino médio por todos que tenham até 19 anos; o índice atual está em 44,9%. E a meta 5 trata do investimento público em educação e conclui que isso tem aumentado.
Para o secretário da Educação do Amazonas, Gedeão Timóteo Amorim, as mudanças ocorrem após reestruturação das escolas. "Profissionalizamos nossa gestão e mudamos o sistema das escolas", afirma. Estadão
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