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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Paulo Lacerda, adido policial em Portugal


O delegado Paulo Lacerda, que estava afastado temporariamente do cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi exonerado oficialmente da função ontem, mas foi convidado, e aceitou, assumir o posto de adido policial na embaixada brasileira em Portugal.O Presidente Lula oficializou a exoneração, num decreto publicado hoje em edição extraordinária do Diário Oficial da União, do delegado Paulo Fernando da Costa Lacerda do cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Em outro decreto, Lula exonerou também o diretor-geral-adjunto da agência, delegado José Milton Campana. Em mais dois decretos, Lula exonerou hoje tambem, Carlos Gomes Sampaio de Freitas do cargo de vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) e nomeou para substituí-lo Édilo Ricardo Valadares.


Lacerda está fora da Abin desde a descoberta de um suposto grampo telefônico com uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), em agosto. A gota d'água para o afastamento foi a denúncia, feita pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que a Abin tinha aparelhos capazes de fazer escutas clandestinas. A atuação de cerca de 100 agentes da Abin na operação Satiagraha, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, cedidos por Lacerda, agravou ainda mais a sua situação.

O papel de Jobim foi importante na pressão sobre Lacerda. A declaração de que a Abin podia fazer escutas foi feita durante reunião da coordenação política e gerou uma guerra entre o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - ao qual a Abin é vinculada - e o Ministério da Defesa. O chefe do GSI, general Jorge Armando Félix, sempre defendeu a inocência de Lacerda, enquanto Jobim reafirmava que os equipamentos adquiridos pela Abin tinham a mesma capacidade dos comprados pelo Exército.

Na semana passada, o GSI encerrou sua sindicância interna concluindo sobre a incapacidade dos aparelhos da Abin de fazer grampos telefônicos. Mas outro inquérito - realizado pela Polícia Federal - continua em curso. A indefinição gerou a fórmula encontrada para a saída de Lacerda. Se ele fosse afastado definitivamente, segundo fontes governistas, sem qualquer tipo de compensação, poderia estar sendo cometida uma injustiça. Se ele fosse reconduzido ao cargo sem que a PF concluísse as investigações, estaria permanentemente sob desconfiança. A rigor, nem dentro do governo há concordância com a atuação de Lacerda à frente da Abin.

A pressa da exoneração antes do fim do ano tem outra razão: acaba no dia 31 o prazo de afastamento de Lacerda e alguma saída precisava ser encontrada. Por meio de intermediários, o ex-diretor da Abin fez chegar ao Presidente Lula o pedido de exoneração e o recado de que um possível retorno dele não contribuiria em nada para a instituição.O adido policial é responsável por todas as negociações que envolvam forças ou ações policiais do Brasil. O país já tem adidos policiais na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, na Colômbia, na França, na Bolívia e no Suriname. Também foram criados os cargos de adidos policiais na França e nos Estados Unidos, mas ainda não foram indicados os titulares. Lacerda vai receber em dólares, e seu salário será maior do que o que recebia para chefiar a Abin. Com o decreto presidencial de ontem, a Diretoria-Geral da Abin segue sendo exercida, interinamente, pelo atual diretor, Wilson Trezza.

Paulo Fernando da Costa Lacerda ( de Anápolis, Goiânia ) é um advogado e policial federal brasileiro.

Formou-se em Direito pela Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro, e trabalhou 15 anos na iniciativa privada, sendo dez como bancário. Realizou o primeiro concurso para a Polícia Federal em 1975, e concluiu o curso de delegado federal em 1977. Realizou também o curso de Altos Estudos de Política e Estratégia na Escola Superior de Guerra, em 1989.

Ocupou o cargo de diretor da Divisão de Disciplina da Corregedoria Geral da Polícia Federal, em Brasília. Foi chefe de correições da Divisão de Polícia Judiciária do DPF, delegado e corregedor regional de Polícia Judiciária, no Rio de Janeiro, além de diretor da Divisão de Polícia Federal em Ponta Porã (MS). Dr. Lacerda foi ainda delegado executivo da Divisão de Polícia Federal em Nova Iguaçu (RJ).

Ganhou notoriedade ao investigar irregularidades durante o governo Collor, sobretudo quando presidiu, naquele período, o inquérito sobre o esquema de corrupção montado pelo empresário Paulo César Farias. Consolidou a imagem investigando a prática de crimes financeiros que levaram à quebra do Banco Nacional, em 1995. Aposentou-se em 1997, quando se tornou assessor do senador Romeu Tuma (DEM-SP), ex-diretor-geral da PF.


Chefiou a Delegacia de Polícia Fazendária da Superintendência Regional do DPF no Rio de Janeiro. Tornou-se superintendente regional da Polícia Federal em Rondônia e foi chefe da Delegacia de Polícia Fazendária em Belo Horizonte (MG).Também foi assessor parlamentar no Senado Federal durante seis anos.

De 2003 a 2007, Dr. Lacerda dirigiu a Polícia Federal, sendo reconhecido pelo ótimo trabalho frente ao órgão. Em 3 de outubro de 2007, Lula nomeou Paulo Larcerda como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em uma tentativa de reformular o serviço secreto brasileiro.

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