O empresário Eike Fuhrken Batista, amigo do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), foi o principal doador para a campanha do prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB). No dia 11 de setembro, Eike Batista fez transferência eletrônica de R$ 400 mil para a campanha
Considerando os doadores pessoas físicas e também as jurídicas, o empresário - que é mineiro, natural de Governador Valadares, mas tem mais negócios fora de Minas do que em sua terra natal - foi de longe o mais mão aberta. O grupo siderúrgico Gerdau, segundo maior doador conforme prestação de contas encaminhada nesta semana ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), doou quantia 25% menor: R$ 300 mil.
Mais dinheiro do que Eike Batista, só quem colocou na campanha foi o próprio Márcio Lacerda. Ex-empresário do setor de telecomunicações, o prefeito eleito doou para campanha R$ 4,05 milhões de seu patrimônio pessoal.
Aparentemente, foi a primeira vez que Eike Batista doou dinheiro para campanhas eleitorais em Minas. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele não aparece como doador para nenhum candidato na disputa de Belo Horizonte em 2004. Tampouco aparece nas prestações de conta da eleição para o governo do Estado em 2006, pleito em que Aécio Neves foi reeleito como governador do Estado.
Os negócios de Eike em Minas são realizados pela MMX, mineradora da qual é controlador. A MMX tocava um ambicioso e polêmico projeto de mineração de ferro em Conceição do Mato Dentro, em região de preservação ambiental na Serra da Canastra. No início do ano, este empreendimento - chamado sistema Minas-Rio - foi vendido para a Anglo America. Hoje, a MMX Sudeste, que continua sob o controle do empresário, mantém apenas três pequenas mineradoras (AVG, Minerminas e Bom Sucesso). Em entrevista recente ao Valor, Eike avisou que pretende passar adiante os negócios.
Em várias oportunidades, o governador Aécio Neves fez questão de tornar público o apreço pessoal pelo empresário Eike Batista. Em abril, ele foi um dos homenageados com a "Grande Medalha da Inconfidência", honraria concedida anualmente em Ouro Preto. Não há registros oficiais de doações para as campanhas de Aécio, mas o empresário foi generoso com o candidato a prefeito de Belo Horizonte apoiado por ele.
Eike Batista está ausente da lista de doações do principal adversário de Lacerda, Leonardo Quintão (PMDB), cuja prestação de contas identifica como maior doador a Gerdau, com R$ 300 mil, seguida pela Usiminas, com R$ 200 mil.
Márcio Lacerda nunca falou publicamente sobre uma amizade com Eike Batista, mas é certo que tiveram relacionamento por causa dos negócios da MMX em Minas. Lacerda foi, até o início do ano, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais. Deixou o cargo depois de ser escolhido pelo próprio governador como o melhor nome para unir tucanos e petistas em torno de uma mesma candidatura, uma estratégia batizada de "tese da convergência" que conseguiu rachar o Partido dos Trabalhadores.
Algumas das mais maiores empresas com operações em Minas aparecem na lista de doadores para a campanha de Lacerda. O Banco Itaú - que também doou para Aécio Neves, em 2006, e para o prefeito Fernando Pimentel (PT), em 2004 - aparece entre as mais generosas. Para Lacerda, destinou R$ 225 mil (R$ 150 mil no primeiro turno e R$ 75 mil no segundo).
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