A declaração do prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), sobre a interferência de "correntes políticas de São Paulo" na campanha eleitoral mineira para favorecer o candidato do PMDB, Leonardo Quintão, serviu como um alerta para a cúpula tucana. Setores do PSDB viram no gesto sinal de uma campanha de bastidor para enfraquecer a pré-candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), à Presidência da República.
Lacerda, em entrevista ao "Estado de S.Paulo", afirmou ter notícias de que a campanha do seu adversário teve "apoio financeiro muito forte de São Paulo" e de "correntes que não queriam o sucesso" do governador Aécio Neves (PSDB), de Minais Gerais. Serra e Aécio são os dois nomes do PSDB cotados para encabeçar a disputa presidencial de 2010. Lacerda foi apoiado por Aécio e pelo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT).
Para o prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, ao patrocinar a reeleição do prefeito do DEM, em São Paulo, Gilberto Kassab, o governador tucano José Serra passou a liderar uma aliança de centro-direita no País. Serra, não só reelegeu Kassab, mas relançou o PFL, herdeiro da antiga Arena e do PDS, partidos com DNA da ditadura. Afinal, o DEM é filho, neto e bisneto dessas agremiações que nasceram e cresceram no ventre do regime militar.
Para o governador de São Paulo, não interessa a origem de seus parceiros. O que importa é fortalecer seu projeto presidencial. Nem que para isso, ele tenha que enterrar politicamente companheiros de partido, como fez com o candidato tucano à prefeitura paulistana Geraldo Alckmin, e transformar um político inexpressivo como Gilberto Kassab, em uma liderança nacional festejada pela direita, e glorificada pelo DEM.
Com essa movimentação do governador José Serra, a disputa presidencial de 2010 começa a se delinear em dois blocos bem distintos. À esquerda, a aliança liderada PresidenteLula, e que deve somar PT, PSB, PC do B, PDT, tendo o PMDB como pêndulo. À direita, o grupo comandado por Serra, cujo maior parceiro do PSDB é o DEM. Com isso, estarão em disputa dois projetos de governo: um de esquerda e outro de direita.
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