Quando deixamos os fundamentos ideológicos de lado, do ponto de vista prático, em qualquer regime a atividade empresarial se legitima perante a sociedade quando os empresários agem como líderes de uma coletividade, como se fossem generais da economia, que conduzem à vitória suas "tropas" (seus funcionários e cidadãos da comunidade onde a empresa está inserida), trazendo prosperidade para todos.
Empresários perdem a condição de líderes sociais e se tornam rendidos, quinta-coluna, capatazes de terceiros contra seu povo, quando tratam só de sua própria prosperidade, entregando à adversários riquezas, suor e sacrifício de seu próprio povo, em vez de dividir o bônus com todos que trabalharam direta ou indiretamente para produzir a riqueza.
É o que aconteceu com o grupo Votorantin, da dinastia bilionária Ermírio de Moraes. Venderam para a multinacional Monsanto duas de suas empresas que desenvolviam pesquisa de ponta com cana de açúcar: Alellyx e CanaVialis.
Para agravar, as duas empresas receberam substanciais verbas públicas, nos últimos anos, destinadas à pesquisas, do Ministério da Ciência e Tecnologia, visando desenvolver tecnologia nacional. Além disso, se apropriaram do conhecimento de pesquisas nas universidades brasileiras.
O ministro da ciência e tecnologia, Sérgio Rezende (PSB) protestou contra a venda:
"São duas empresas que receberam investimento do governo e, justo quando esses investimentos amadureciam, foram vendidas por um preço bastante módico ...
... a venda (da Alellyx e CanaVialis) para qualquer grupo estrangeiro é decepcionante. Como é que eles foram vender duas jóias como essas, tão importantes para o País?"
Empresas como a Monsanto, tem interesse na tecnologia brasileira de produção de álcool de cana-de-açúcar em grande escala e na obtenção de variedades transgênicas da cana adaptadas às condições climáticas de outros países. Foi nesse contexto que se deu a compra.
Fatos lesa-pátria como estes, exige uma revisão nas políticas de financiamento público que beneficiem empresas com controle privado. No mínimo é necessário ter garantias a longo prazo, contra esse tipo de transferência de tecnologia para o estrangeiro.
Por isso é que eu acho graça quando colunistas endemonizam os empresários Sérgio Andrade e Carlos Jereissati, que tampouco são flor que se cheire, mas se submeteram à uma cláusula de veto do BNDES para venda à estrangeiros da Oi-Brasil Telecom, enquanto enaltecem Ermírio de Moraes, que entregaram de mão beijada nossa melhor tecnologia desenvolvida com dinheiro público por um lucrinho qualquer, ou enaltecem Olavo Setubal e seu filho, cujo banco historicamente sangra um pedaço da nação brasileira com negociatas e um sistema bancário adverso à produção de riquezas nacionais. Dessa avaliação não escapa nem a Carta Capital, que, em recente matéria, a título de falar mal de Dantas, enaltecem esses ícones do atraso da elite brasileira, em grande parte responsáveis pela má situação do Brasil herdada pelo governo Lula.
Fonte: A partir de informações do artigo "Soberania tecnológica às avessas" de Rui Falcão (Dep. Estad. PT/SP)
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