Para fechar o balanço e virarmos a pauta ...
Seria fácil culpar apenas o PIG, mas alguém tinha expectativa que o PIG agiria diferente?
Se antes mesmo da campanha não traçaram estratégia para enfrentar um PIG adverso e hostil, foi pedir para perder.
No caso de São Paulo, acho que a campanha de Marta apostou todas as fichas inicialmente no horário eleitoral na TV para dar sua versão contra o PIG. Mas o horário eleitoral perdeu audiência nestas eleições, portanto influiu menos.
Assim, a melhor forma de combater o PIG ainda é a Internet. É ágil, rápida, desmente na hora, dá pra mostrar cópias de documentos, dá pra divulgar coisas que o PIG quer esconder, inclusive no Youtube.
Até 2010 haverá muito mais gente conectada, portanto o efeito da Internet será maior (e o PIG também ocupará mais espaço na Internet).
Para completar o trabalho feito na Internet, para fazer chegar à todos que não estão conectados ou usam a internet com outros fins, entraria a panfletagem com boletins ou jornalzinhos de campanha, para fazer frente à mídia impressa e parte da rádio-televisiva.
O problema é que enquanto a Internet alternativa é voluntária, amadora e feita com vontade e sacrifício, mas sem recursos, com as pessoas se dedicando apenas no tempo vago, o PIG (incluindo seus portais na internet) tem uma estrutura profissional com gente se revezando até em turnos cobrindo as 24 horas do dia em alguns blogs.
Kassab, logo no começo da campanha, recrutou blogueiros profissionais para ocuparem espaço na Internet. Marqueteiros entendem muito de TV, mas não sabem muito bem onde e como agir na internet, por isso Kassab foi inteligente em contratar blogueiros. Usar bem o veículo internet é muito mais do que construir um site de campanha bem feito e ficar esperando aparecer gente visitando.
Para piorar, a KGBlulista observou que o próprio blog oficial da campanha de Marta era lerdo em interagir com quem aparecia por lá. Eu me cadastrei no site para receber notícias diárias da campanha por e-mail e não recebi quase nada.
Assim como antigamente faziam campanhas por telemarketing ativo, usando diversos atendentes para fazer chamadas telefônicas, há relatos de que Kassab usou, além de blogueiros penas-de-aluguel, "net-marketing", com profissionais treinados e a máquina do DEMos e tucanos na prefeitura, plantando comentários e ocupando espaço nos blogs e sites de notícias, com comentários favoráveis à ele e contrários à Marta.
O PIG impresso atrapalha, envenena, induz parte do eleitorado a longo prazo com o envenenamento lento e gradual. Mas a massa, mesmo de classe média da classe C, pouco lê os "formadores de opinião" do Estadão, da Folha, da Veja e do Globo.
O mais nefasto do PIG a curto prazo é a capacidade de provocar crises, fazer o trabalho sujo para a oposição, e acabar nos pautando, fazendo-nos desviar dos assuntos que interessam.
Deveríamos começar a impor algumas pautas próprias, uma agenda própria, com temas mais relevantes para a vida do cidadão, deixando os factóides da oposição falando para as paredes.
Em plena campanha eleitoral municipal, onde deveríamos todos estar discutindo os projetos locais para as cidades, as relações das prefeituras com os governos do Estado e da União, a fiscalização da CGU nas prefeituras, estávamos todos com pauta monopolizada pelo PIG, discutindo apenas o Gilmar Mendes, se a mala da ABIN grampeava ou não.
O mais nefasto do PIG em termos de efeito eleitoral é a TV, que vai desconstruindo imagens das pessoas, reduzindo toda a história política de uma pessoa a uma frase infeliz, como "relaxa e goza", e tirando a frase do contexto em que foi dita.
Não adianta querermos "enquadramos" o PIG. No passado, eles chegaram a derrubar um governo legítimo (Jango) sem cerimônia, e estão encorajados, se achando influentes com a eleição de Kassab.
Eles não vão recuar agora, pelo contrário estão motivados a soltarem seus piores pit-bulls para elegerem os seus em 2010.
Sidney Rezende, um jornalista mais popular e moderado, foi demitido da CBN (rádio da Globo). A "neocon" Lúcia Hipólito aumentará seu espaço ocupando seu lugar.
O PIG precisa e deve continuar sendo combatido com inteligência redobrada, e em outras notas vamos propor algumas estratégias de combate.
Mas de nada adianta, mesmo se tivéssemos uma imprensa isenta, se a POLÍTICA do dia a dia junto às bases faltar, e se as bancadas do PT, PSB, PCdoB, PDT não fizerem oposição à Serra, Kassab e outros, com o vigor que precisa ser feita.
Também não adianta, se as bancadas federais não fizerem uma defesa mais veemente do governo, e serem mais fiéis aos anseios de seus eleitores.
Não adianta queremos trocar de posição com a direita:
- pensarmos só em conquistar espaço nos meios de comunicação de massa, dominados pela direita;
- e deixarmos o vácuo de atuação POLÍTICA real junto às bases, abrindo espaço para a direita avançar com mera atuação assistencialista de prefeituras e subprefeituras, como fez Kassab em São Paulo (e continuará fazendo).
Esse esvaziamento, é um inaceitável e inacreditável recuo na organização da sociedade, para avanço da antiga política dos coronéis.
Está acontecendo em São Paulo com Serra e Kassab, e já acontece no Rio de Janeiro há alguns anos, onde eleições são dominadas por caciques políticos (coronéis) como está sendo Sérgio Cabral, e como foi César Maia e Garotinho.
Esses coronéis, assim como Kassab, se mantém no poder, distribuindo favores e não cidadania. Distribuem grandes favores ao poder econômico, e pequenos favores e concessões à periferia, muito bem embrulhados, com propaganda atraente.
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