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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Falsa indignação


Voltando no tempo, peço para que vocês leiam o que disse, Bernardo Ajzenberg o ombudsman da Folha, em 06 de maio de 2001 . A matéria é antiga, mas seu conteúdo é revelador

Do furo à baixaria

Não foi a primeira vez, nem será provavelmente a última, em que um jornal começou bem um caso e o encerrou pessimamente. No dia 16 de abril, a Folha deu um furo de reportagem expressivo: o casal Eduardo e Marta Suplicy estava desfeito. Foi uma nota na coluna política "Painel", que mereceu uma chamada discreta da capa do jornal.

Por que essa notícia era relevante? Porque se trata de duas figuras públicas por opção, com cargos importantes e pesos significativos na vida política do país e que, ainda por cima, sempre se apresentaram enquanto tal -como casal- abertamente.
"A vida privada só tem relevância jornalística", diz o Manual da Redação da Folha, "se estiver crucialmente ligada a fato de interesse ou de legítima curiosidade públicos". Está certo. Justificava-se, sim, a publicação do fato.

Nos dias seguintes, a imprensa "repercutiu" o acontecimento. Ilustrou-se com fotos o histórico de um casal cinematográfico, buscaram-se detalhes pessoais, motivações de toda ordem, especularam-se possíveis consequências políticas e partidárias. Marta e Eduardo emitiram uma nota "curta e grossa", dando o assunto por encerrado, teoricamente, do ponto de vista deles. Até aí, com a possibilidade de um ou outro excesso, tudo bem.

O desfecho, catastrófico para a Folha, aconteceu no dia 21 de abril, quando o jornal ocupou um quarto de sua página A5 com um "informe publicitário" apócrifo que reproduzia notas do jornalista Cláudio Humberto publicadas no "Jornal de Brasília". Nelas, o colunista, conhecido como ex-porta-voz do Planalto sob a Presidência de Fernando Collor, emitia juízos, insinuações e claro perfil denegridor, sem qualquer prova, daquele que seria, conforme seu texto, o "pivô da separação do casal Suplicy": Luis Favre, assessor do PT e da prefeita paulistana, franco-argentino residente em Paris. Também envolvia na história outros nomes e "revelava" detalhes picantes do suposto "affair".

Choveram reclamações na caixa-postal eletrônica do ombudsman. Sob o título "Anúncio", o Painel do Leitor publicou no dia 23 parte das 37 mensagens que recebeu sobre o assunto na semana seguinte. Todas de indignação e de repúdio ao anúncio e ao fato de o jornal tê-lo publicado. Marta e Eduardo também tiveram cartas suas reproduzidas na seção.

Ao pé de uma carta, dia 23, a seguinte Nota da Redação: "Material publicitário não é de responsabilidade editorial do veículo. A Folha evita censurar anúncios".
Para assinante aqui está o link para ler o texto completo . para quem não é assinante, mas quer saber as maracutais da Folha, este link aqui vale a pena ser lido

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