O homem que comandou a Operação Satiagraha e distribuiu pares de algemas para Paulo Maluf, Celso Pitta, Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas, quem diria, caiu nos braços da deputada e candidata à prefeitura de Porto Alegre, Luciana Genro. Ela é a primogênita rebelde do ministro da Justiça, Tarso Genro, a autoridade que chancelará eventual punição ao delegado Protógenes Queiroz suspeito de entregar à TV Globo informações privilegiadas sobre o caso.
No centro de Porto Alegre, na chamada Esquina Democrática, entre as ruas Borges de Medeiros com Riachuelo, o delegado largou grampos, armas e distintivo para se colocar em outra trincheira: aliou-se aos políticos do PSOL para abrir uma campanha nacional de combate à corrupção e, ao mesmo tempo, pavimentar um eventual caminho para um projeto político mirando as eleições de 2010. Seu discurso já é de quem foi mordido pela mosca azul.
Nesse trabalho de combate à corrupção, eu estou com Luciana Genro para ela sair dessa campanha com sucesso e engrossarmos as fileiras do combate a corrupção com toda a população, em especial com o povo gaúcho, que tem tradição de luta e tradição de glória nos movimentos sociais no Brasil diz o delegado num dos trechos do depoimento que vem sendo usado no horário gratuito do rádio e da televisão.
Como quem comanda uma cruzada, Protógenes fala num novo processo de redemocratização do país, que começaria pelo combate à corrupção "mal de todos os males" e diz que sua presença na capital gaúcha representa o ponta pé inicial de uma longa caminhada. No gozo de uma licença de quatro meses um para o curso superior de polícia e outros três para capacitação o delegado está percorrendo o país e, a convite de políticos e entidades, participado de palestras e debates sobre corrupção.
Não fechou ainda com nenhum partido, mas seu discurso se aproxima do PSOL, uma legenda ainda sem quadro que simbolize o enfrentamento à corrupção, tema que pode empolgar a campanha de 2010 e ainda sem nome que a catalize. Sem clima dentro da PF, Protógenes se comporta como quem espera a passagem de um cavalo encilhado.
Ao tornar público o apoio a Luciana Genro, o delegado acerta dois coelhos com uma só cajadada: o PT do Presidente Lula e seu chefe hierárquico, Tarso Genro, que, embora seja o pai da candidata do PSOL, trabalha para a deputada petista Maria do Rosário na capital gaúcha.
Genro terá de absorver agora dois rebeldes. Na PF, a situação do delegado é delicada. A direção do órgão já avisou que o sucesso da Satiagraha não o livrará de um eventual indiciamento por vazamento de informações. JB
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