Não foi erro político o governo criticar o excesso de "holofotes" da operação Satiagraha, e deixar a direção da PF se entender com Protógenes Queiroz como ele iria resolver sua questão do curso.
Um policial, serve primeiro ao público, pode prender até o chefe, se flagrá-lo cometendo crime. Aí não cabe obedecer ordens. O policial obedece ordens administrativas, jamais pode acatar ordens para cometer ou abafar crimes. E Protógenes está coberto de razão quanto a isso.
Mas isso não lhe dá o direito de cometer arbítrios. Precisa agir sempre dentro do regulamento e da lei, no que diz respeito à relações com a imprensa, e mesmo quanto a denúncias contra seus superiores, que deveriam ser com transparência e firmeza.
Pela denúncia dele no MP (Ministério Público), demonstra que Protógenes tem algum(s) desafeto(s) acima dele, que na melhor hipótese o desprestigiou, e na pior hipótese, quis abafar investigações.
E aí fica o enigma que só ele mesmo ou a investigação no MP (Ministério Público) irá esclarecer: ou ele suspeita que o outro agente da PF que o "boicotou" estava corrompido, ou é ele quem está usando a operação para "puxar o tapete" do outro para derrubá-lo.
Se o presidente Lula tivesse recebido Protógenes no Planalto com honras, é possível que uma crise maior se alastrasse na PF, com pedidos de demissão em cadeia na cúpula, por se sentirem sem condições de liderar 11.000 policiais em todo o Brasil, tão íntegros e destemidos quanto Protógenes, e com um regulamento a seguir. E aí ninguém mais seguraria grupos na PF agindo politicamente, direcionando investigações, vazando grampos, e pior, no meio da confusão por falta de autoridade, surge a oportunidade para a germinar grupos corruptos capazes de destruir provas, tirar gente da investigação, como tentou o próprio Dantas.
Melhor desagradar uns poucos, do que a Instituição Inteira.
Além disso, o governo Lula estaria sendo criticado do mesmo jeito pelo PIC / PIG. Mudaria só o teste de hipótese. As manchetes (injustas) seriam:
"Governo paralisa investigações sobre Dantas por causa de curso de delegado."
"Investigação em fim de semana é piada"
"Delegado faz acordo com governo, em troca de curso para promoção"
"Governo protege delegado aloprado e derruba direção da PF"
etc.
O governo errou feio na comunicação. As notícias saíram simultaneamente: reuniões com Gilmar Mendes, mudança de elogio para críticas na fala de Tarso Genro mal explicadas, tudo isso junto com o afastamento de Protógenes sem boas explicaçõs em notas e falas oficiais, como se uma coisa tivesse a ver com outra, como se o governo estivesse sucumbido ao discurso de Gilmar Mendes de criticar a PF na prisão de Dantas. Agora, está bem claro que não foi isso o que ocorreu.
Lula acertou de exigir declarações oficiais de Protógenes sobre o que ele próprio decidiu ou tem a denunciar. Ficar calado alimentando boatos, e não desmentir, é uma forma de fazer política.
Protógenes continua com jogo dúbio: um discurso oficial com má vontade, e atitudes diferentes para a platéia. Ainda não dá para sabermos exatamente onde ele quer chegar.
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