Registros do Opportunity na Junta Comercial do Rio revelam que banqueiro é cliente e só aluga marca
Segundo a PF, dono de fato é mesmo Dantas; estratégia de não registrar empresa seria para evitar possível responsabilização criminal
Daniel Dantas não é nem nunca foi dono do banco Opportunity, revelam os registros societários da empresa na Junta Comercial do Rio de Janeiro. Oficialmente, ele é apenas cliente da instituição financeira, ao contrário do que o mercado financeiro dá como certo, é isso que afirma a Folha de S.Paulo(para assinantes)
Para a Polícia Federal, não há dúvidas de que Dantas é o dono de fato do Opportunity e não consta dos registros oficiais para não deixar suas digitais nos negócios escusos do banco. O inquérito da Operação Satiagraha vai além: o aponta como controlador de "centenas" de empresas do grupo.
A assessoria de imprensa do Opportunity nega a acusação da PF. Apesar de confirmar que Dantas gere seus negócios de um gabinete na sede do banco, no Rio, afirma que ele não tem relação com a administração da instituição financeira.
Além de ser cliente, Dantas aluga a marca Opportunity para os donos do banco no papel. A Folha teve acesso ao contrato, que vale desde 1995 e já foi prorrogado quatro vezes. O documento prevê que Dantas receba 1% do lucro da instituição, em pagamentos mensais.
No papel, os donos são Dório Ferman, Sima Esther Ferman, sua mulher, e Sérgio Bouqvar. Ferman, que também foi preso pela PF, tem 99% das ações. Era proprietário do Banco Lógica S.A., que a partir de 1996 passou a se chamar Opportunity, com a cessão da marca.
Segundo a assessoria do Opportunity, Dantas é sócio apenas do fundo CVC Opportunity Equity Partners LP, criado em 1997 para que ele participasse do leilão das empresas de telefonia, em parceria com o Citibank e fundos de pensão estatais. À época, o fundo arrematou a Brasil Telecom, a Amazônia Celular e a Telemig. Hoje, após se afastar das teles, Dantas investe na compra de fazendas e na área de mineração.
Segundo a PF, Dantas é "responsável pelo controle empresarial de todo o complexo societário [grupo Opportunity]", atuando como "sócio oculto". O grupo, diz a polícia, é composto de "centenas de empresas financeiras e não-financeiras, nacionais e "offshores" [em paraísos fiscais]".
Especialistas em investigar crimes financeiros dizem que a estratégia de quem evita registrar as empresas que controla é tentar impedir a responsabilização criminal do real dono e o eventual confisco dos bens. Advogados de Dantas rebatem as acusações da PF e dizem que o inquérito não tem provas suficientes para incriminá-lo.
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