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quarta-feira, 4 de junho de 2008

A mando de José Serra tucanos barram convocações no caso Alstom



Base aliada de José Serra evita depoimentos de ex-presidentes da Eletropaulo e da multinacional em CPI na Assembléia

A base governista(José Serra) na Assembléia Legislativa de São Paulo conseguiu derrubar ontem seis pedidos de convocação de políticos e empresários para explicar o caso Alstom na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Eletropaulo. A multinacional francesa, que atua nos setores de transportes e energia, está no centro de uma investigação internacional sobre pagamento de propinas em troca de contratos.

Foram rejeitadas as convocações dos ex-presidentes da Eletropaulo e da Alstom, Eduardo José Bernini e José Luiz Alquéres, que ocupavam cargos-chave nas empresas na época em que, segundo investigação do Ministério Público da Suíça, teria havido pagamento de propina a integrantes do governo Mário Covas (PSDB).

Os aliados do governador José Serra (PSDB) também barraram a convocação de Andrea Matarazzo, secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras e ex-secretário de Estado de Energia, de Mauro Arce, também ex-secretário de Energia e hoje secretário de Estado dos Transportes, e do dono da empresa Acqua Lux, Sabino Indelicato, que teria recebido dinheiro para repasse do suborno, além de outro ex-dirigente da Eletropaulo. A oposição não conseguiu aprovar nem mesmo ofício ao Ministério Público do Estado e à Polícia Federal que solicita informações sobre a investigação.

Agora, a bancada do PT tentará convocar o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Robson Marinho nas comissões temáticas da Assembléia. Marinho foi secretário da Casa Civil do governo Covas de 1995 a abril de 1997, quando assumiu o posto no TCE. Em 1998, viajou para a França para assistir às finais da Copa do Mundo de futebol, com despesas pagas por empresas do grupo Alstom. “Vamos fazer a convocação como ex-secretário da Casa Civil. Pode-se até demonstrar que não há ilegalidade. Mas não é bom para a moralidade pública aceitar esse tipo de convite”, afirmou o líder do PT, deputado Roberto Felício.

Já o líder do governo Serra, Barros Munhoz (PSDB), disse que os requerimentos apresentados eram o gancho que o PT queria para usar eleitoralmente a CPI da Eletropaulo. “A CPI termina no dia 30 e não pode ser prorrogada. Não teria sentido entrar nesse assunto (da Alstom) agora”, afirmou. Munhoz preferiu não comentar a situação de Marinho, que assumiu relação com a Alstom. “Gostaria de me abster desse assunto. Sempre confundem minha opinião pessoal com a opinião do líder de governo.” Ele também defendeu o TCE. Alegou que o tribunal tem mais condições de analisar contratos, pois a Assembléia é constituída por médicos, engenheiros e outros profissionais.

David Zylbersztajn(genro de Fernando Henrique Cardoso), o primeiro a comandar a Secretaria de Estado de Energia no governo Mário Covas, já havia sido convocado antes da revelação do caso Alstom. Seu depoimento deverá ser agendado na próxima semana, de acordo com o presidente da CPI, Antonio Mentor (PT). “Nunca mexi com esses contratos. Saí da secretaria em outubro de 1997. Nem sabia que existia Alstom nessa história. Participei da parte de modelagem da privatização da Eletropaulo, não da venda. Espero que eu não vire boi de piranha nessa briga política. Mas, se me chamarem, eu vou”, disse Zylbersztajn ontem.

Em Brasília, a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados vota hoje requerimento dos deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Francisco Praciano (PT-AM) que pede a realização de uma audiência pública sobre o caso Alstom. Serão convidados Aloísio Vasconcelos, presidente da Alstom no Brasil, o promotor paulista Sílvio Marques, o procurador do Ministério Público Federal Rodrigo de Grandis, e Luiz Fernando Correa, diretor-geral da Polícia Federal.

O Ministério Público do Estado de São Paulo vai convocar para depor todas as pessoas citadas nas investigações da Suíça. A promotoria espera a chegada dos papéis nos próximos dias. Segundo os suíços, entre 1998 e 2001, foram usadas empresas offshore para repassar pelo menos R$ 13,5 milhões em propinas para políticos de São Paulo. (Com informações do jornal O Estado de S.Paulo)

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