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domingo, 15 de junho de 2008

As garras do Estado privatizado

A primeira vez que foi eleito prefeito de Juiz de Fora o misto de beato e bandido Alberto Bejani cresceu no oportunismo que elegeu Collor de Mello um ano depois e dentro do esquema de privatização do Brasil.

A Collor caberia o papel que coube mais tarde a FHC. O problema do alagoano foi o mesmo de Bejani: incompetência para privatizar o País nos moldes determinados pela chamada nova ordem econômica, o neoliberalismo. E a gula, o primarismo. Fato que se estende a grande maioria das prefeituras e estados brasileiros. Podem ser contados nos dedos os prefeitos e governadores não corruptos.

E quando aparecem, os honestos, tentam calar, caso de Roberto Requião no Paraná. FHC que, nos momentos que antecederam o processo de impecheament de Collor foi chamado para tentar salvar a casa, acabou vindo pelas mãos de Itamar Franco. Um vice-presidente que pensa que foi presidente da República e nunca percebeu que do alto de sua vaidade foi apenas usado e conduzido até em sua imagem, real, de homem sério no trato do dinheiro público, da coisa pública.

Bejani é o micro mundo do banditismo que assola a política nacional, as instituições, mas é indispensável, pelo menos enquanto for útil (já não é o caso) aos que controlam e puxam as cordinhas dos grandes negócios.

Quando a REDE GLOBO, ou Joelmir Beting na BANDEIRANTES, ainda Boris Casoy na mesma BANDEIRANTE, tentam passar ao distinto público a indignação de todos diante dos centavos a mais pagos nas tarifas de transportes coletivos urbanos, ou na devastação ambiental provocada por empresas como VALE e ARACRUZ, estão apenas vendendo o peixe dos donos do País.

A GLOBO está aí com novela defendendo o eucalipto. Com aval do general Heleno.

No mínimo que Lula contraria esses interesses, nos avanços efetivos de vários setores do atual governo, os caras se desesperam no receio que o reino da bandidagem que é sinônimo de empresa privada, associações empresariais, bancos, latifúndio (alguns são legalizados, os bancos por exemplo, outros ainda não, o tráfico de drogas) desapareça. Suma esse paraíso de sonegação, crimes ambientais, lucros extorsivos e regime de escravidão disfarçado em democracia montada como espetáculo vendido diariamente nas telinhas e veículos de comunicação.

Tome Biotônico Fontoura que você supera as dificuldades e pode devorar sanduíches do Mcdonalds com Coca Cola, depois caia na vida e perca sua identidade no mundo em que tudo é normal e tudo é válido desde que em nome do progresso.

Vire objeto é o que recomendam. Não pense, não ouça, não veja, apenas faça o que determinam que seja feito, o que estabelecem como realidade. Eles têm até pílulas para resolver dramas advindos do vazio desse tipo de situação.

A tal da terceirização foi um dos achados mágicos dos bandidos. Pegam serviços públicos (todos são essenciais, saúde, educação, transportes, etc) e colocam em mãos de empresas deles mesmos.

Newton Cardoso, ex-governador de Minas, bandido desprovido de qualquer escrúpulo e ainda solto, foi quem negociou diretamente com o beato prefeito os acordos firmados com o grupo SIM.

O tal grupo, empresa disfarçada de instituto, tem como finalidade prestar assistência a prefeituras mineiras em contratos sem licitação, superfaturados e esconde a fruta mais falada nos últimos anos em todo o Brasil. Só que no masculino: o laranja.

Por trás do SIM se escondem figuras como Clésio Andrade, Walfrido Mares Guia, o ex-governador Newton Cardoso (não importa que sejam adversários políticos, o jogo político é um clube de amigos e inimigos cordiais para essa gente), todo o aparato do Estado instituição e os tentáculos da iniciativa privada sob as formas mais variadas (empresas, fundações, institutos, ONGs).

Isso acontece em Minas, acontece no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul. Quando o governador Olívio Dutra disse que não queria a fábrica da FORD em seu Estado, foi violentamente criticado pelos veículos de comunicação por rejeitar o “progresso” e as pessoas foram induzidas a acreditar nisso. ACM levou a fábrica para a Bahia. Os baianos pagam para a FORD produzir carros e é assim com a MERCEDES em Juiz de Fora.

O pequeno empresário, que na prática é trabalhador também, não tem uma vantagem sequer de nenhum governo. Aqui pagamos para a MERCEDES produzir automóveis. Os empregos que gerariam não geraram nem a metade e os salários pagos são irrisórios se comparados com o que pagam em outro estado, São Paulo, ou no seu país de origem, a Alemanha.

Pura falácia. Exploração, estado privatizado.

Hoje a terceirização que propicia grandes lucros a essa gente toda e fabrica em série políticos sem caráter como Bejani, é uma das pedras de toque dos donos dos “negócios” ditos públicos. Todos privatizados.

Quando um prefeito sem vergonha como Bejani distribui uma cesta natal a servidores (prática iniciada na gestão do prefeito Tarcisio Delgado, um exemplo de político sério) com macarrão vencidos, não sei mais o que estragado, mofado, a comissão dele está no bolso, pois a merenda está terceirizada e ele pega com o fornecedor.

E assim parte ponderável dos serviços públicos, todos essenciais vale repetir. Quando o SIM assume a Secretaria de Saúde, no caso foram dois os objetivos. O primeiro deles consertar a bagunça que d. Nininha, cúmplice de todas as mutretas do prefeito bandido e partícipe de várias outras, inclusive desvio de verbas carimbadas, ou seja, de verbas para fim específico, repito, a bagunça que a dona arrumou.

O segundo, tornar organizado o esquema de propinas, de compras superfaturadas, de lucro nos negócios da terceirização dos serviços de saúde na totalidade (hospitais por exemplo) , fazer a coisa “direito”, digamos assim.

E faz isso em várias cidades de Minas. O vereador Tico Giolo em Arceburgo foi ameaçado quando cobrou explicações do prefeito da cidade que assinou contrato com o SIM sem licitação. Como aqui Bejani.

Ou o caso do lixo, que envolve, esse é outro aspecto grave, servidores públicos da FEAM (FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO-AMBIENTE), ligados à corrupção, caso do procurador do órgão, o tal Joaquim das quantas. Bandido. Se investigações forem feitas vai para a cadeia, ou pelo menos lá já deveria estar.

O beato prefeito pegou uma grana da Queiroz Galvão na campanha, o trato era privatizar o lixo. Criou todo aquele drama com a conivência da mídia sobre o aterro de Salvaterra (que está licenciado até 2020), com a cumplicidade da maioria dos vereadores e a tal situação de emergência para escapar de licitação, contratando nada mais, nada menos que a Queiroz Galvão que opera também sob o título VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL.

O pulo do gato viria agora com o novo aterro, contrato de 220 milhões de reais, propina de 22 milhões de reais para o alcaide beato e bandido. Prefeitura, empresa, FEAM e outros envolvidos na história que parece terminou numa audiência pública num hotel cinco estrelas (decisão do procurador corrupto) onde foram desmascarados.

O trabalho da Polícia Federal inviabiliza, felizmente, a reeleição de Bejani. Sem compromisso algum, pois não dependeria de ficar enganando ninguém com obras invisíveis (restaurante popular, hospital da Zona Norte, etc), já que não poderia vir a ser novamente prefeito, pelo menos em 2012, mas livrou Juiz de Fora do processo de liquidação e privatização da CESAMA.

Já estava sendo montado um consórcio para comprar a empresa. Andrade Gutierrez (outra empreiteira do buraco do metrô em São Paulo), Clésio Andrade e o próprio Bejani minoritário como fez no caso da usina de reciclagem de lixo no seu primeiro mandato e que o processo não anda na Justiça de Minas. Arranjam sempre um negócio tipo habeas corpus às quatro horas da manhã.

É preciso mais que cassar o mandato do beato bandido, ora prefeito. É preciso desmantelar essas quadrilhas todas e colocar na cabeça que empresa privada (falo das com porte acima de 4 milhões de dólares, por aí) é quadrilha. Não existe empresário sério nessa dimensão. São todos bandidos. Sanguessugas de um Estado privatizado.

E ocupam literalmente esse Estado, essa estrutura toda. Olhe o caso dos usineiros de Minas que a Receita Federal vem investigando. Tem sonegação, tem cumplicidade com a fiscalização do Estado (grupos de fiscais), tem doação a políticos, tem trabalho escravo, tudo o que a GLOBO faz de conta que combate, mas representa. É braço dessa gente.

O estado de coisas do Estado, sem trocadilho, é deplorável. Sob todos os aspectos. Corrupção em cascata. Políticos honestos e íntegros muitas vezes naufragam em seus propósitos quando esbarram nessas blindagens da corrupção dentro do próprio aparelho estatal. É preciso coragem para enfrentar e desafiar esses esquemas.

Prefeitos corruptos como Bejani enxergaram a necessidade de controlar os sindicatos da categoria (servidores públicos de um modo geral – saúde, educação, etc), ou das categorias (aqui controla o dos servidores públicos na denominação geral), para poder ameaçar, intimidar, aterrorizar os servidores decentes, a imensa maioria e por e dispor através dos bandidos, a minoria, na política clientelista do favor barato, o tal que parece ajuda e na verdade é apenas armadilha, exploração.

O processo político atual, o modelo atual não só não serve aos trabalhadores, como faliu. A idéia de estado privatizado, em poder dos grandes grupos econômicos gera toda essa parafernália corrupta e podre que permeia ponderáveis setores do Poder Judiciário e aí, cai o último bastião da tal democracia.

Não existe, é farsa.

Por isso colocar Bejani na cadeia é um feito e tanto. Como muitos têm sido os feitos da Polícia Federal neste governo Lula. Não importam as críticas (eu as tenho e muitas), mas essa é uma realidade.

E é aí que surge a grita dos bandidos em nome do que chamam democracia, liberdade, essa conversa fiada que usam para trocar ouro por apito, no esquema da mídia que aliena e convence o cidadão que a vida dele há que ser um espetáculo, do contrário está fora e não é um vencedor.

É preferível “perder” dentro disso que chamam de realidade e ganhar noutra ponta. A da luta permanente pela sobrevivência do ser humano como tal, vivo, livre em si e no reconhecimento do outro, no coletivo.

Na paz, na solidariedade, no amor, como instrumentos de construção da sociedade justa e livre.

E é por isso que outro mundo é possível. Em muitos cantos já se começa a mostrar que isso sim é a realidade. Laerte Braga

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