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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Um dossiê com digitais do tucano


O Jornal Nacional desta quinta-feira (8) mostrou o teor do laudo preliminar do Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), responsável pela perícia nos computadores da Casa Civil. O laudo mostra que as informações sigilosas foram divulgadas por um funcionário da Casa Civil.
A fonte que deu acesso ao documento não permitiu que fossem feitas cópias. Permitiu apenas que o documento fosse lido e que o repórter tomasse nota de algumas de suas partes.

O documento é assinado por Jean Carlo Rodrigues, José Rodrigues Gonçalves e André Machado Caricatti. Os peritos do ITI recuperaram no disco rígido de um dos computadores e-mails que haviam sido excluídos. Era a correspondência entre José Aparecido Nunes Pires, secretário de controle interno da Casa Civil, e André Eduardo da Silva Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias, do PSDB.

No dia 19 de fevereiro, às 12h30, aparece uma mensagem de André para José Aparecido, sem texto. Às 14h39, José Aparecido escreve para André "vamos almoçar nesta semana?". No dia seguinte, às 8h39, André responde: "te ligo na quinta". Às 10h46, Zé Aparecido devolve, dizendo: "André, leia o texto".

Segundo o laudo do ITI, esse e-mail continha um arquivo anexo com 28 páginas, onde estavam as informações sobre gastos sigilosos da Presidência da República no governo Fernando Henrique. Tudo isso foi descoberto no computador de José Aparecido, apreendido na sexta-feira. Os técnicos trabalharam no fim de semana. E nessa terça-feira foi entregue à comissão de sindicância que investiga o vazamento do dossiê.

No dia 4 de abril, o jornal "Folha de S. Paulo" divulgou as planilhas contidas no banco de dados -

“Numa planilha excel monta-se o que se quer. O próprio jornal assim o fez. É possível alegar que ela já estava aqui, perfeitamente, mas o que mostra é que ela também é facilmente modificada. Mostra as duas coisas”, disse Dilma em entrevista coletiva.


José Aparecido

José Aparecido é funcionário do Tribunal de Contas da União e trabalha na Casa Civil... Ele confirma a troca dos e-mails com André, mas nega que tenha enviado o dossiê.

“Mas houve, seguramente, há troca de e-mails, mas de amigos que foram colegas de trabalho. E jamais teve qualquer coisa que pudesse pelo menos beirar a ilegalidade," afirma.

Confrontado com o teor dos e-mails citados no laudo, ele primeiro negou que no e-mail houvesse algum documento anexado: “Olha, a troca de mensagens é possível que tenha havido. Mas que, como fala aí, é texto, texto, é literal,” disse José Aparecido.

No decorrer da entrevista, ele acabou admitindo a possibilidade de que houvesse mesmo um arquivo anexado à mensagem, mas negou mais uma vez que fosse o dossiê:

“Um texto anexado possivelmente, que era coisa de 10, 12 linhas. Provavelmente de suprimento de fundos, colocando a legislação que rege a matéria,” disse.

No dia 11 de fevereiro, antes da criação da CPI dos Cartões, a pedido do secretário de administração da Casa Civil, Norberto Temóteo, José Aparecido disse que cedeu dois funcionarios para criar um arquivo sobre gastos do governo Fernando Henrique.

“Nessa conversa ele disse que iria ter uma CPI e que no escopo dessa CPI eles seguramente iriam pegar dados a partir de 98, do suprimento de fundos. E que como esses dados estavam desorganizados, eles achavam que a CPI, em algum momento, poderia vir a pedir esses dados e então eles precisavam de certa forma organizar, sistematizar esses dados," afirmou.

Na terça-feira (6), José Aparecido prometeu entregar copias dos e-mails trocados com André para provar que o anexo do e-mail não era o dossiê. Mas nesta quinta alegou que as cópias estão em Goiás e só na próxima semana poderá apresentá-las.

Álvaro Dias

O senador Álvaro Dias disse que, num primeiro momento, não sabia quem tinha enviado o dossiê ao seu assessor, mas que agora sabe e, diante da informação de que a TV Globo teve acesso ao laudo da perícia, confirmou tudo.

“As informações vieram do computador do senhor José Aparecido, que trabalha na Casa Civil da Presidência da República. Essas informações vieram por e-mail, do computador do senhor José Aparecido para um computador no Senado Federal,” disse o senador.

O senador não quis pronunciar o nome de André Eduardo da Silva Fernandes, o funcionário de seu gabinete que recebeu o dossiê. Mas confirmou que se trata dele mesmo: “O nome que a Globo tem eu confirmo e ele me autorizou a confirmar,” disse.

O senador não soube explicar por que o dossiê foi parar na mão dele, que é de oposição. “Não imagino o porquê. Certamente houve uma alteração de cronograma, houve um atravessamento, não era hora de vazar esse dossiê, não era isso que estava estabelecido por quem ordenou. O mais importante agora é saber quem mandou fazer esse dossiê e porque mandou fazer,” concluiu.

A ministra Dilma Rousseff não quis falar sobre as informações do laudo. Disse que vai aguardar a investigação da Policia Federal. A justiça autorizou hoje a prorrogação, por mais 60 dias, do inquérito da PF, que apura o vazamento do dossiê.


Leia também, essa matéria publicada aqui no blog no dia 07 de abril:"Servidor do TCU tentou acessar gastos de Lula a pedido de Álvaro Dias"

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