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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Assessor de Paulinho também queria fraudar ministério, suspeita PF


A investigação da Operação Santa Tereza indica que, além do suposto desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o grupo capitaneado pelo ex-assessor do deputado Paulinho da Força (PDT-SP), João Pedro de Moura, também teria oferecido a municípios de cinco Estados a liberação de projetos no Ministério das Cidades, mediante pagamento de propina.

Segundo a Polícia Federal, Moura dividia esse braço de atuação da organização criminosa com outro assessor parlamentar, José Brito de França, lotado no gabinete do deputado Roberto Santiago (PV-SP). França também foi grampeado pela PF e em seus diálogos com integrantes do grupo ele dá dicas de como conseguir aprovação de projetos e cita o diretor de Produção Habitacional da Secretaria Nacional de Habitação, Daniel Nolasco, como sendo seu facilitador no ministério.

A PF relata conversa telefônica entre Brito e um dos presos durante a Operação Santa Tereza na manhã do dia 20 de fevereiro. Nela, Brito diz que irá a Brasília falar com o assessor direto de Nolasco. “Ele vai me dar todos os caminhos”, disse Brito, de acordo com a investigação.

“Essa secretaria é do PC do B. Fala sobre a Funasa. É uma grana que sai muito fácil, pois está dentro do saneamento básico (...). Como é prioridade do governo, a gente tem facilidade”, orienta Brito, segundo a PF.

As gravações mostram que Brito oferecia ainda alternativa para não envolver prefeituras, fazendo projetos em nome de organizações não-governamentais. “Dá para fazer 200 casas com gestão de ONG, sem a prefeitura”, explica o assessor a um investidor do litoral paulista. Ele dá o preço para dois projetos de prefeituras no litoral: “Tem que liberar uns 12, 15 paus.”

Em outra conversa, um interlocutor identificado pela PF como Sérgio alerta Brito sobre os prazos dos projetos para 2008. “Diz que julho fecha por causa das contratações, ano eleitoral (...), Lei de Responsabilidade Fiscal, que não dá para ficar moscando.”

A Polícia Federal parou de monitorar as ligações feitas por Brito por não associá-lo ao esquema do BNDES ao longo das investigações da Operação Santa Tereza.

MAIS VISITAS

O relatório da PF mostra também que agentes filmaram o ex-assessor de Paulinho em duas oportunidades nos corredores da Câmara - e em ambas registraram Moura visitando os gabinetes do presidente da Força e do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Casa. As imagens foram produzidas nos dias 13 e 26 de fevereiro - sempre com uma mochila a tira colo.

Nos grampos, os federais identificam o contato de Moura com sendo o líder do PMDB: é o chefe de gabinete Wellington Ferreira da Costa. Os encontros são marcados por um celular com prefixo 84, do Rio Grande do Norte, que seria de um homem identificado como “Parada”. Às 16h57 do dia 26 de fevereiro, Moura liga de dentro da Câmara para esse número. “João Pedro diz estar com material para levar para o Wellington. Pergunta qual é o gabinete dele. Parada diz que é o 539 Anexo 4 no 5º andar (gabinete do deputado Henrique Alves)”, detalha o relatório apresentado à Justiça.(O Estado de São Paulo)

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