O governo Bush tem sofrido severos revezes no Iraque, no Afeganistão, mas mantém o controle dos “negócios” que, necessariamente, não são “negócios” do povo americano (que é quem paga a conta, junto com o resto do mundo das loucuras do cowboy que fala com Deus), mas os “negócios” dos grupos que controlam a Organização Terrorista Casa Branca.
A eleição de presidentes independentes em países estratégicos na América do Sul, Brasil e Venezuela, criou um complicador para Bush. O efeito da presença de Chávez e Lula resultou em Evo Morales, em Rafael Corrêa, num governo de centro-esquerda no Uruguai, nas posições mais ou menos independentes dos governos da Argentina e do Chile e na perspectiva da eleição de um ex-bispo católico no Paraguai.
Quando era presidente dos Estados Unidos Bil Clinton fechou com o então presidente do Brasil Fernando Henrique, o acordo de livre comércio denominado ALCA (Aliança de Livre Comércio das Américas) e pediu a FHC que estudasse a fusão das forças armadas de todo o continente latino-americano.
A ALCA, passo gigantesco no processo de recolonização da América do Sul foi rejeitada pela imensa maioria dos governos da Região e logo em seguida, o presidente da Venezuela propôs uma integração desses países, ao mesmo tempo em que a Venezuela era admitida no MERCOSUL.
A integração das forças armadas proposta por Clinton teria que ser feita mais tarde na opinião de FHC, para não despertar reações mais fortes, inclusive dos setores militares.
Clinton foi vaselina, Bush é areia. Um sopra outro morde.
Nesse avanço sobre a América do Sul os norte-americanos conseguiram com um dos governos anteriores ao de Corrêa uma base no Equador (Manta), tentaram o controle da base de Alcântara no Brasil e controlam a Amazônia através do SIVAM (concorrência fraudulenta no início do primeiro mandato de FHC que lhe valeu uma chantagem feita por um delegado de Polícia Federal – gravações) e vieram com a conversa que o terrorismo internacional tinha montado uma base de operações em Foz do Iguaçu, onde pretendiam montar outra base militar.
Os objetivos? O petróleo venezuelano, a Amazônia e a água no Sul do Brasil (aqüífero Guarani, quinto maior reservatório subterrâneo de água doce do mundo). E outros do mesmo tamanho.
Nesse contexto sobraram dois governos. O de Alan Garcia no Peru e o da Colômbia do narcotraficante Álvaro Uribe.
A presença de duas forças insurgentes na Colômbia, o ELN (Exército de Libertação Nacional) e as FARCs (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) se prestavam e davam o pretexto para ações políticas e militares nesta parte do mundo. Garcia enfrenta séria oposição no Peru e o clima no país é de confronto tamanha a corrupção e a barbárie do regime.
Ocupar e controlar a Colômbia foi simples. O presidente que antecedeu Uribe, Pastraña, iniciou um diálogo com as guerrilhas com o objetivo de por fim à guerra civil (as guerrilhas controlam quase 60% do território da Colômbia) e Uribe foi eleito com dinheiro dos EUA e dos grupos paramilitares (narcotráfico) com a promessa de derrotar as FARCs e o ELN.
O traficante transformado em presidente permitiu a ocupação de seu país inclusive o controle de suas forças armadas por assessores militares norte-americanos.
O governo do Equador já anunciou que terminado o contrato que cedeu a base de Manta não vai renová-los. A base serve inclusive para orientar os terroristas de Uribe em ações dentro do próprio território equatoriano.
Da Colômbia partem ações golpistas contra governos hostis ou assim entendidos em relação aos EUA, sobretudo Chávez e Evo Morales e agora Corrêa no Equador. A imprensa internacional (independente em relação à brasileira comprada pelos EUA) cita a presença de terroristas do Mossad (serviço secreto de Israel) na Colômbia. Assessoram os assessores norte-americanos, são especialistas em matanças, estupros, seqüestros, operações assim.
O complicador para os planos terroristas de Bush e seu sicário Uribe começaram a aparecer quando governos europeus iniciaram pressões por um acordo para a libertação de prisioneiros de guerra de ambos os lados e o reinício das conversações visando por fim à guerra civil naquele país.
A maior pressão veio da França diante da prisão de Ingrid Betancourt, ex-senadora e candidata presidencial na Colômbia, adversária de Uribe e que tem dupla nacionalidade. Colombiana e francesa.
De imediato o comando das FARCs manifestou-se a favor do diálogo e da troca de prisioneiros de guerra exigindo que o mediador fosse o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Chávez foi à França, ganhou o apoio de Sarkozy (pressionado pela opinião pública) e propôs a Uribe um acordo de alto nível em que prisioneiros seriam trocados, inclusive a ex-senadora, isso pouco antes do Natal do ano passado. Governos como o do Brasil, da Suíça, da Argentina e da Espanha, além de representantes da ONU participaram das negociações.
Estabelecidas as condições as FARCs deram a partida enviando um grupo a um ponto previamente estabelecido onde entregariam provas que Betancourt estava viva e começa aí o desvario terrorista de Uribe, determinado pelo governo Bush, com objetivos de criar e forçar a “palestinização” dessa parte do mundo. O ponto de partida da farsa.
Os emissários foram presos numa ação traiçoeira, documentos de Betancourt enviados em caráter pessoal à sua família foram tornados públicos e distorcidos e o acordo foi por água abaixo. Betancourt teria passado o Natal com seus familiares se as condições estabelecidas com a concordância de Uribe tivessem sido cumpridas pelo terrorista colombiano.
A mídia em toda a América do Sul, controlada e comprada pelos norte-americanos transformou o fato em “ação libertadora e corajosa” do governo “democrático” de Uribe.
A pressão de governos europeus levou as FARCs a manifestar disposição de negociar um acordo a uma nova tentativa, sempre mediado por Chávez e aval dos países participantes. Pouco antes do ano novo vários líderes e delegados dos países participantes das conversações foram a um ponto da selva colombiana, com a bandeira da Cruz Vermelha. Entre eles o ex-presidente Kirchner da Argentina.
Uribe havia aceito as condições que eram simples: desmilitarização da área onde os prisioneiros de guerra seriam entregues ao grupo. Uribe intensificou a ação militar na região ao contrário do que acordara e ao receber a comunicação que um dos prisioneiros estava em Bogotá, num orfanato, o filho de uma prisioneira com um guerrilheiro, tornou público o fato como se fora uma descoberta do serviço secreto colombiano (EUA/ISRAEL) e mais uma vez a mídia fez um escândalo em torno do fato, torcendo e distorcendo. A comunicação partiu das FARCs dentro do acordo estabelecido entre as partes.
O fato levou o ex-presidente Kirchner a irritar-se e chamar Uribe de “inconseqüente” e despertou fortes reações em governos europeus, a França principalmente, o que acabou resultando na libertação de quatro prisioneiros entregues a Chávez.
A disposição das FARCs de negociar, a libertação de prisioneiros de guerra pelo ELN frustraram os mentores de Uribe e ameaçavam deixar o narcotraficante que preside a Colômbia em situação difícil, além do risco, risco sim, de libertação de Ingrid Betancourt, candidata natural à sucessão de Uribe, num momento em que o presidente traficante tenta uma reforma constitucional para ser novamente reeleito, um terceiro mandato.
A paz não interessa a Bush e Uribe é preposto muito bem pago do terrorista norte-americano.
Daí ao assassinato de Raúl Reyes que negociava com o governo do Equador a libertação de um preso equatoriano e com o governo francês a libertação de Ingrid Betancourt foi um passo. A reação do chanceler francês Bernard Kouchner dá bem a medida disso: “é uma péssima notícia para a paz, estávamos conversando com Raúl sobre a libertação da senhora Betancourt e estávamos próximos de um acordo”.
(continua)
Laerte Braga
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