Uma fraude milionária, comandada pelo primeiro escalão da prefeitura de Campos, no Norte Fluminense, foi desvendada ontem pela Operação Telhado de Vidro, desencadeada pela Polícia Federal. Estima-se que a quadrilha, que incluía pelo menos dois secretários municipais, desviou cerca de R$ 240 milhões dos cofres públicos. A verba era liberada para entidades filantrópicas, que, por meio de contratos superfaturados, engrossaram em até 16 mil pessoas o quadro de funcionários terceirizados da prefeitura. O prefeito Alexandre Mocaiber (PSB) foi afastado do cargo por 180 dias pelo MP.
Catorze pessoas foram presas ontem sob aplausos da população. A quadrilha foi levada para a superintendência da PF no Rio. A corporação cumpriu mandados de busca inclusive na casa de Mocaiber, de onde os agentes saíram levando três computadores. Como o alcaide tem foro privilegiado, não havia mandado de prisão contra ele, mas sua participação no esquema, segundo os investigadores, é incontestável. A contratação de terceirizados era feita por institutos isentos do pagamento de impostos, como a Fundação José Pelúcio Ferreira, sediada em Campos, e a filial da Cruz Vermelha em Nova Iguaçu. O diretor da fundação campista, Ricardo Pimentel, é apontado pela PF como o coordenador do esquema de corrupção. Pimentel é dono de uma aeronave Cesna, avaliada em R$ 5 milhões, cujo seqüestro foi pedido à Justiça.
Para o superintendente da PF no Rio, delegado Valdinho Caetano, os milhares de terceirizados incluídos nas contas da prefeitura beneficiavam o grupo político de Mocaiber.
Os funcionários se vinculam eleitoralmente ao grupo político de quem os contrata - destaca. Segundo o delegado, o número de terceirizados era "grande demais" para uma cidade do porte de Campos, superando até a quantidade de servidores concursados.
Além da vinda de novos funcionários, outro braço criminoso explorado pela quadrilha era a contratação, também superfaturada, de serviços que deveriam passar por licitação. A PF analisou os documentos de 70 shows organizados pela prefeitura. Em alguns, o poder público pagava R$ 70 mil por eventos cujo preço não passava de R$ 30 mil. A diferença era dividida entre os integrantes da quadrilha, que contava com representantes de cinco empresas de entretenimento. Uma delas teve o nome escolhido para batizar a operação da PF. Veja vídeos(JB)
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