Em seu primeiro pronunciamento sobre a crise diplomática entre Colômbia e Equador, o Presidente Lula assegurou ontem que o governo brasileiro irá trabalhar com afinco para selar um acordo pacífico e por fim as tensões entre os dois países. Segundo Lula, o crescimento econômico da América do Sul depende de uma maior integração regional e que para isso é preciso um ambiente de estabilidade.
"Estou convencido de que encontraremos uma saída pacífica e tranqüila. Todos os presidentes tem consciência de que a tranqüilidade é importante para manter o crescimento e para atrair o investimento estrangeiro e que o mais importante para que isso ocorra é a paz", disse Lula, depois de visitar o Centro de Nanotecnologia, em Campinas, no interior de São Paulo.
Presidente, disse que o continente não está preparado para lidar com um conflito armado. "Tanto Venezuela como Brasil e Colômbia precisam de muita paz, muita tranqüilidade, para nos transformarmos em um continente altamente desenvolvido", afirmou Lula, acrescentando que conversou com outros presidentes da região sobre a necessidade de encontrarem uma solução negociada o quanto antes.
Hoje, às 10h Lula tem uma reunião marcada com Correa, que está em uma cruzada pelos países da região com o objetivo de atrair simpatizantes em relação à crise diplomática com a Colômbia. Depois de visitar o Peru, o presidente equatoriano quebrou o protocolo ao desembarcar ontem à noite, em Brasília, e convidou os jornalistas para uma entrevista coletiva. A praxe da diplomacia em uma visita de Estado é fazer uma declaração conjunta com um representante de governo ou somente depois de conversar com o chefe de governo. Mas segundo o Itamaraty, quebrar essa regra mas provoca mal estar entre os países.
A questão teve início no último sábado, quando o exército colombiano realizou incursões em território equatoriano para atacar guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A ação resultou na morte de Raúl Reyes, número dois da guerrilha, e outros rebeldes.
O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, ordenou o envio de tropas para a fronteira com a Colômbia, num ato de solidariedade ao colega equatoriano, Rafael Correa. Ontem, o governo Chávez anunciou o rompimento das relações comerciais com Bogotá e fechou suas fronteiras com a Colômbia.
Apesar de defender a paz, Lula admitiu que as tensões entre Caracas e Bogotá não são recentes. Contudo, reconheceu que o governo do presidente Álvaro Uribe violou a soberania territorial do Equador. "Do ponto de vista prático, a Colômbia podia ter pedido que o Equador prendesse os membros das Farc lá. Isso não ocorreu e gerou a divergência. Então, vamos ter de encontrar uma solução", disse o presidente, que ressaltou que Correa rejeitou o pedido de desculpas de Uribe porque era "cheio de explicações".
A atitude ponderada tanto do Brasil quanto do Chile defesa da soberania em primeiro lugar nesta crise diplomática foi elogiada pelo coordenador do curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina, Thiago Rodrigues. "Em uma época em que é comum se desrespeitar a soberania de outros países, é importante que essa discussão seja retomada em meio a este conflito regional", disse
Rodrigues lembrou que, atualmente, com a "Guerra contra o Terror" dos Estados Unidos, há dois pesos para as soberanias. "Hoje, a soberania dos EUA tem peso maior do que a de países como Iraque e Afeganistão, a fim de justificar uma invasão. A Colômbia buscou se beneficiar desse mesmo artifício para que suas tropas invadissem o Equador", comentou o professor. Ele também descartou a possibilidade de um conflito armado na região, apesar de a Venezuela ser o quarto país na América do Sul em investimentos bélicos.
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