A indústria manteve um bom ritmo de produção em janeiro e fevereiro, indicando a continuidade do crescimento expressivo da atividade econômica em 2008. Com base nesse desempenho, os empresários projetam um primeiro trimestre bastante positivo, em que se destacaram os setores de aço, construção civil, máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos e automobilístico. A demanda doméstica segue como o motor do crescimento, impulsionada pela expansão da renda e do emprego e pela oferta abundante de crédito.Clique e vote no blog. Um dos setores com melhor desempenho é o de aços planos. O presidente da distribuidora Rio Negro, Carlos Loureiro, diz que a demanda nos primeiros dois meses do ano foi muito forte. Segundo ele, em fevereiro a distribuição cresceu de 20% a 22% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em janeiro, o crescimento foi de 22%. Loureiro acredita que a distribuição pode aumentar quase 20% no primeiro trimestre. A indústria automobilística e a de autopeças foram duas das principais responsáveis pela forte demanda, assim como os setores de máquinas e equipamentos e construção civil. "Um bom resultado no primeiro semestre está garantido."
O setor de máquinas e equipamentos registrou um dos melhores resultados da indústria neste início de ano. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o segmento cresceu 38,8% em janeiro, na comparação com janeiro de 2007. Para o trimestre, a entidade prevê expansão de 20%. José Velloso, vice-presidente da entidade, observa que as importações têm crescido a um ritmo mais veloz que a produção. Em janeiro, a importação cresceu 60,4% e, em 12 meses, 40%. "O problema é que tem crescido sobretudo itens que têm similares no Brasil, o que significa que as indústrias perdem market share por conta do preço."
A mineira EMH, que fabrica equipamentos para a movimentação de materiais, teve um desempenho excepcional. O faturamento da empresa aumentou 187% no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2007. "Praticamente não houve redução da atividade entre o final de 2007 e o início de 2008, fechamos contratos significativos entre o Natal e o ano novo, o que dificilmente ocorre, não tivemos férias", relata o diretor da EMH, Eduardo Gomes. As encomendas que mais cresceram foram dos setores de mineração, siderurgia, metalurgia e embalagens.
A construção civil se mantém otimista. O presidente do Sinduscon-SP, João Cláudio Robusti, diz que as perspectivas são positivas tanto no mercado imobiliário quanto em relação às obras de infra-estrutura. Segundo números da Associação Brasileira das Indústrias de Material de Construção (Abramat), em janeiro as vendas desses produtos cresceram 29% em relação ao mesmo mês de 2007. Robusti não faz previsões para o resultado do primeiro trimestre, mas aposta num crescimento em relação a janeiro a março de 2007. Ele estima uma alta de 10,2% para o PIB da construção neste ano.
O segmento de eletroeletrônicos também espera um bom primeiro trimestre, segundo Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Ele observa, no entanto, que o desempenho é assimétrico entre os diversos subsetores.
Uma pesquisa da Abinee com as principais empresas do segmento mostra uma expectativa muito positiva nos segmentos de automação industrial, equipamentos industriais e informática. "88% dos consultados dos segmentos de automação industrial e equipamentos esperam um faturamento melhor no primeiro trimestre de 2008 do que no mesmo período de 2007", diz ele, dizendo que a demanda das áreas de açúcar e álcool, petróleo e gás, mineração e papel e celulose puxam esses dois subsetores.
O segmento de embalagens e papelão ondulado não acompanha o mesmo ritmo do restante da indústria, diz o presidente da São Roberto, Roberto Nicolau Jena. Números da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) mostram um crescimento em janeiro de 1,6% das vendas em relação a janeiro de 2007. Para Jeha, num momento em que a indústria cresce a um ritmo tão forte, é pouco. Em fevereiro, as vendas ficaram estáveis, estima ele. Se março for um mês positivo, o primeiro trimestre pode fechar com alta de 2% em relação a janeiro a março do ano passado, diz Jeha, para quem o setor sofre um efeito indireto do dólar barato.
O problema, explica, é que muitos produtos importados semi e não duráveis, como alimentos e produtos de higiene e limpeza, já chegam embalados ao país. "O setor de papelão ondulado deixou de ser um bom termômetro da economia."
A produção da Bahia Pulp ficou estável nesse primeiro bimestre, quando comparada a igual período do ano passado e deve continuar assim ao final dos três primeiros meses. A empresa, contudo, conseguiu elevar seus preços no mercado externo apesar da contínua valorização do real em relação ao dólar.
Sérgio Kilpp, diretor de marketing e vendas da Bahia Pulp, conta que a demanda dos fabricantes chineses de fio de viscose que usam o produto da empresa como matéria-prima está muito forte. Hoje, 75% da produção da Bahia Pulp é destinada ao mercado internacional. A demanda doméstica, por sua vez, está enfraquecida, porque o setor têxtil sofre justamente com a concorrência dos asiáticos.
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