O Brasil terá já no ano que vem capacidade instalada para produzir 4 milhões de veículos. Para fabricar este montante, as montadoras programam investimento recorde de US$ 4,9 bilhões até o final de 2008. Mas os avanços não param por aí. Levantamento da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revela que autopeças e montadoras planejam investir US$ 20 bilhões até 2010, o que vai levar o Brasil a uma capacidade de até 5 milhões de unidades ao ano. "Até agora, as empresas conseguiram dar resposta ao crescimento do mercado na base mais de ajustes, eliminação de gargalos e aumento da jornada de trabalho", afirmou ontem o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. "De agora em diante os investimentos vão ter de ser intensificados para acompanhar o ritmo de elevação das vendas."
No balanço mensal que apresenta à imprensa, a Anfavea constatou aumento frenético de vendas e produção entre todos seus afiliados - fabricantes de veículos, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. Foram licenciados no primeiro bimestre 38,7% a mais de autoveículos (exceto máquinas agrícolas) em relação aos priemiros dois meses de 2007. Já as máquinas cresceram 62,6% no primeiro bimestre -foram 6,8 mil unidades vendidas entre janeiro e fevereiro contra 4,2 mil unidades comercialzadas em igual período de 2007.
Com as melhoras de processos produtivos, a indústria automobilística conseguiu produzir cerca de 500 mil veículos a mais sem realizar grandes investimentos. Entre março de 2007 e fevereiro de 2008, foram produzidos 3,07 milhões de veículos contra 2,62 milhões de unidades fabricadas entre março de 2006 a fevereiro de 2007.
Mas a fórmula já dá mostras de esgotamento. É por isso que neste ano estão programados os investimentos recordes de cerca de US$ 5 bilhões, que vão levar à produção brasileira a cerca de 4 milhões de unidades em 2009.
Já em 2008, a Anfavea projeta uma capacidade de produção de 3,85 milhões de veículos, marca que vai lhe transformar num respeitado produtor mundial, o que atrai mais investimentos.Em 2007, o Brasil terminou no 7º lugar no ranking mundial de fabricantes. Com 2,971 milhões de veículos, ficou atrás da França (3,012 milhões), Coréia do Sul (4,086 milhões), Alemanha (6,213 milhões), China (8,882 milhões), EUA (10,781 milhões) e Japão (11,596 milhões).
Por um dia a mais de trabalho, o Brasil não superou a França em 2007. Tem tudo para superar a produção francesa ainda neste ano e até disputar posição com a Coréia do Sul já em 2009, pela força do mercado interno.
Exportações
Apesar de toda a reclamação da indústria com a desvalorização do dólar, os fabricantes de veículos ainda não perderam receita com as exportações. A previsão é que o número de unidades exportadas caia, mas o faturamento deve continuar aumentando.
No primeiro bimestre, por exemplo, as vendas externas de veículos somaram US$ 2,08 bilhões. No mesmo período do ano passado, foram US$ 1,75 bilhão, num crescimento de 18,4%. Em unidades, foram exportados 87.103 veículos entre janeiro e fevereiro de 2008. No mesmo período de 2007, foram enviados ao exterior 85.852.
"Estamos ampliando a exportação, principalmente para países da América Latina, de veículos com maior valor agregado", afirmou Jackson Schneider. De acordo com ele, países da região passaram a comprar mais máquinas agrícolas, ônibus e caminhões, num reflexo do fortalecimento da economia de toda a região.
Importação
A importação de veículos também cresce no mercado brasileiro. A previsão é que, em 2008, representem 12,7% das vendas internas, contra 11,3% registradas em 2007. A previsão é que sejam exportadas, em 2008, 750 mil unidades e importadas 384 mil veículos, principalmente carros de passeio. Os principais parceiros continuam sendo Argentina e México, países com os quais o Brasil tem acordo de livre comércio.
Schneider afirmou que a Anfavea tem interesse num acordo sem cotas, porque já existe um equilíbrio entre Brasil e Argentina. Até junho os dois países vão renovar o acordo, que ainda não prevê acabar com um sistema de compensação. As negociações caminham para o prazo de renovação de cinco anos em vez dos dois atuais. Para Schneider, um acordo duradouro é importante porque todos os fabricantes enxergam atualmente a região, e não mais países na América Latina. "Quando definem seus investimentos, pensam no potencial da América Latina", frisou Schneider.
Escassez do espaço
O presidente da Anfavea afirmou ainda que a entidade elabora uma lista de países com os quais a indústria instalada no Mercosul teria interesse para fazer novos acordos, a exemplo do México e Argentina. Nestes mercados potenciais, os carros compactos fabricados no Brasil levariam vantagens competitivas. A lista será entregue ao governo brasileiro para futuras negociações.
Com a projeção cada vez maior na produção, a Anfavea foi questionada sobre a escassez do espaço nos grandes centros urbanos. Schneider afirmou que o papel da Anfavea é atender o desejo de um consumidor que paga pesados impostos para ter e manter um veículo, mas considera que o tema tem de ser profundamente analisado para melhorar a mobilidade.
"Uma coisa é certa", afirmou: "Não existem soluções mágicas de curto prazo". Investimento em transporte coletivo, inspeção veicular e implantação de chips em carros seriam algumas das medidas que poderiam a ajudar a amenizar o problema.
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