Em um jantar ontem à noite, a cúpula do DEM e o governador paulista, José Serra (PSDB), tornaram praticamente irreversível a candidatura à reeleição do prefeito da capital, Gilberto Kassab. Com a presença de Serra, o encontro de apoio do DEM ao prefeito, em um hotel da zona sul de São Paulo, deixou muito enfraquecida a hipótese do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) ter o apoio da aliança que elegeu Serra prefeito em 2004 e governador em 2006.
Serra ficou cerca de uma hora. Na saída, disse: "Nenhuma palavra foi dita aqui sobre prefeitura. Trocamos figurinhas sobre questões administrativas. Eu não falei nada sobre a conjuntura política, só ouvi. Serra comentou que em todas as reuniões feitas pelo DEM faz em São Paulo ele é convidado e sempre aparece. Hoje, a reunião do conselho político do DEM, presidido pelo próprio Kassab, reforçará o fato como consumado.
O DEM passa a admitir o cenário de disputar a eleição contra o tucano e ainda aposta na possibilidade de Alckmin aceitar a proposta de transferir seu projeto eleitoral para a sucessão estadual em 2010. Para pressionar os tucanos, os dirigentes do DEM chegam a dizer que podem romper a aliança nacional em 2010, não apoiando o candidato do PSDB a presidente. "O DEM só serve para apoiar e não para ser apoiado? Isto é inaceitável. Mais uma vez o Alckmin vai comprometer a trajetória política do José Serra, que terá sua candidatura presidencial afetada", disse o ex-deputado Luiz Carlos Santos, integrante do conselho, em uma referência a 2006.
Na ocasião, Serra era o preferido da cúpula do então PFL e do PSDB. Mas o, à época, governador Geraldo Alckmin também apresentou-se como candidato, e buscou o apoio dos setores tucanos que se sentiam excluídos do centro das decisões. Ficou com a candidatura presidencial e Serra foi disputar a sucessão estadual.
Integrante da Executiva Nacional do partido, o ex-deputado Saulo Queiroz afirmou que a negociação com os tucanos prossegue, mas sem a possibilidade de apoio do DEM a Alckmin na mesa. "Kassab só não seria candidato se enfrentasse problemas administrativos graves, o que não é o caso. Estamos na expectativa de um acordo com o PSDB. Tem que abrir espaço para que não sejamos apenas peões de boiadeiro. Nem capatazes da fazenda somos. Se não for possível, seguiremos nosso rumo sozinhos", disse. Um encontro entre Alckmin e o ex-presidente do DEM, o ex-governador catarinense Jorge Bornhausen, está programado para os próximos dias. Jorge Bornhausen, vai tentar fazer Alckmin desistir da idéia de se candidatar a prefeitura O prefeito evita comentar o assunto.
Em meio a mobilização de parte da cúpula do PSDB pela desistência da candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à prefeitura de São Paulo, deputados estaduais e representantes da executiva estadual se reuniram ontem na capital paulista para discutir questões internas e as eleições municipais. O encontro, na casa do deputado estadual, Bruno Covas, na verdade serviu como mais um ato de apoio à candidatura de Alckmin, que enfrenta resistências de líderes do partido que defendem a reeleição do prefeito, Gilberto Kassab (DEM). Aliados de Geraldo Alckmin organizaram o jantar, mas só sete deputados estaduais, além do dono da casa, participaram. Segundo Bruno Covas, foram convidados só dez dos 21 tucanos da bancada.
Bruno, neto de Mário Covas, morto em 2001, defendeu a candidatura do PSDB como forma de ajudar o partido a retomar o governo federal dentro de dois anos. "O projeto 2010 passa em ter como vitrine maior a prefeitura da capital", disse. Para o tucano, a aliança com Kassab só seria possível se o DEM apoiasse Alckmin. "No momento em que definirmos nossa candidatura vamos esperar o apoio", disse.
O deputado Pedro Tobias, antes de entrar, ironizou a aliança: "O DEM ficou três anos na prefeitura porque deixamos. Está bom demais para eles. Agora ficam exigindo muito". Convidado para o jantar, o deputado estadual João Carlos Caramez pediu cautela ao correligionários. Ex-secretário de governo de Mario Covas, o deputado reclamou que "grupos do PSDB começaram a fomentar" a candidatura de Alckmin no "momento errado". "É importante que haja discussão de todo o partido, não só de grupos isolados", considerou. O tom dos interlocutores de Alckmin, entretanto, foi mais agressivo. Segundo dizem, Serra estaria sendo advertido que a insistência no apoio a Kassab e a falta de apoio claro a um candidato tucano em São Paulo poderia comprometer a candidatura do governador paulista à Presidência, em 2010. A disputa pela prefeitura paulistana tem caráter nacional, dizem aliados, e essa advertência tem vindo também de correligionários de fora de de São Paulo. Enfim, penas vão voar do ninho...
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