O Presidente Lula disse que continua apostando que o Produto Interno Bruto brasileiro crescerá no mínimo 5% em termos reais, em 2008, com a inflação sob controle, apesar dos sinais de recessão nos Estados Unidos e do reflexo negativo que isso tende a provocar em outros países do mundo. "Apostamos num crescimento robusto da economia brasileira, este ano, apesar dessa turbulência", disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, referindo-se ao efeito que a crise já provoca nos mercados financeiro e de ações.
A mesma convicção foi demonstrada pelos ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Dilma Roussef, ao fazer o balanço do primeiro aniversário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Não vamos alterar nossos planos", afirmou Bernardo, vendo "histeria" na reação das bolsas de valores. A ministra Dilma, por sua vez, disse que, justamente por propiciar condições de crescimento, o PAC funciona como "uma vacina contra a crise externa".
Guido Mantega lembrou que, por enquanto, o que há nos Estados Unidos "é uma desaceleração da economia e não uma recessão". Mesmo que a recessão americana se confirme, ele acredita que o Brasil não sofrerá como sofreu em outras crises mundiais, porque seus indicadores macroeconômicos, sobretudo no setor externo, melhoraram significativamente, reduzindo a vulnerabilidade do país.
"O Brasil não está imune. Mas nunca esteve tão preparado para enfrentar uma crise dessa magnitude", afirmou. As exportações, admitiu, certamente seriam afetadas e, com isso, a balança comercial geraria menos superávit. O ministro ponderou, no entanto, que o principal impulso do crescimento brasileiro recente tem sido a demanda interna e não a externa. Um evidência disso são as vendas do comércio, que registraram aumento significativo em 2007 (dependendo do critério, 9,7% ou 13,9% até novembro). "O crescimento do consumo no Brasil está num patamar chinês", disse Mantega, numa comparação com a forte expansão econômica da China.
O ministro chamou atenção ainda para o crescimento real do PIB brasileiro no ano passado, estimado em 5,2% pelo governo, e que terá efeitos sobre o desempenho desse ano. "O impulso que a economia ganhou em 2007 se propagará em 2008", disse.
Mantega recebeu e comemorou a decisão do Federal Reserve de cortar em 0,75 ponto percentual a taxa de redesconto para os bancos nos EUA. "Isso deve trazer calmaria aos mercados", previu. Mais tarde, já no Senado, ele foi questionado sobre suas expectativas para uma nova reunião que o Fed fará no final de janeiro. "Eu acho que eles vão continuar reduzindo (os juros)", respondeu o ministro, prevendo como "possível" um corte adicional de 0,25 ponto percentual.
Ele esteve no Senado para encontro com o presidente da casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN), a quem confirmou o envio de uma nova proposta de reforma tributária ao Congresso, pelo governo, em fevereiro.
Novamente, Mantega descartou contaminação maior do Brasil pela crise americana. "A turbulência não tira o sono do ministro da Fazenda. A crise não está aqui. Mas é claro que eu durmo com um olho aberto e outro fechado para evitar que ela chegue", disse. Segundo ele, o país não corre risco porque o sistema financeiro brasileiro não tem ativos relacionados aos créditos imobiliários de alto risco, os subprime, que causaram prejuízos a grandes bancos nos EUA.
Para o governo, o que aconteceu até agora no cenário internacional tampouco justifica alterar a meta de inflação, que é de 4,5% de variação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou a de superávit primário do setor público, fixada em 3,8% do PIB
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