O ministro José Gomes Temporão, da Saúde, em pronunciamento feito pela TV ontem à noite, "para tranqüilizar a população", afirmou que "não existe risco de uma epidemia de febre amarela". Segundo ele, os casos suspeitos limitam-se a área de matas e florestas, visitadas por pessoas não vacinadas.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse ontem em um pronunciamento feito em cadeia nacional de televisão que o país não passa por uma epidemia de febre amarela.O ministro garantiu que está descartada a possibilidade de epidemia da doença e pediu que só se dirijam aos postos de saúde para tomar a vacina, pessoas que morem ou estejam indo visitar áreas de risco e nunca se vacinaram ou tomaram a vacina antes de 1999, mas alertou que a imunização deve ser feita pelo menos dez dias antes de viajar.
O Brasil não tem casos de febre amarela urbana desde 1942. Os casos registrados de lá para cá foram todos de febre amarela silvestre, ou seja, de pessoas que contraíram a doença nas florestas - disse o ministro.Segundo ele, desde 2003 a ocorrência de febre amarela silvestre em seres humanos vem caindo gradativamente e os atuais casos suspeitos estão localizados e restritos a áreas onde algumas pessoas não vacinadas entraram em florestas e matas nas últimas semanas.
Vacina
O Ministério da Saúde anunciou a liberação, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de dois milhões de doses da vacina contra a doença. Segundo Temporão, o Brasil é o maior produtor mundial da vacina e os postos de saúde estão sendo abastecidos.
Dez dias é o tempo mínimo necessário para que o organismo humano adquira anticorpos para se defender do vírus da febre amarela.
A imunização pela vacina dura 10 anos e está disponível em todos os postos de saúde, embora em muitos deles, principalmente na região Centro-Oeste, a vacina tenha acabado durante a semana passada por causa da procura intensa por pessoas assustadas.
Do lote de dois milhões de vacina anunciados ontem pelo ministro, 100 mil chegaram ontem a Brasília.
É uma situação normal, diz Drauzio Varella
O respeitado médico Drauzio Varella, avisou ontem no Fantastico: Não há motivo para pânico!.Hoje, na Folha, Dr Drauzio diz: É uma situação normal. E quando foi perguntado pelo repórter "Dá para falar em surto?", Dr Drauzio responde: Acho que não. O que acontece é um fenômeno de imprensa...Assinante da Folha pode ler aqui. Os não assinante aqui no blog da Juliana Weis
Um corre-corre foi causado pela suspeita de que estariam ocorrendo mortes por febre amarela. Até agora, o Ministério da Saúde só confirma dois casos da doença e 22 outros casos estão em investigação, incluindo a morte de um estrangeiro em Goiânia, no sábado.
Mas afinal o que é febre amarela? Como se contrai a doença? Quem precisa tomar a vacina? E o mais importante: será que estamos diante de uma nova epidemia?
A febre amarela é uma enfermidade causada por um flavivírus, um tipo que é parente do vírus da dengue. Existem duas formas de transmissão: a silvestre e a urbana.
Na silvestre, a transmissão ocorre através da picada de mosquitos da família haemagogus, que vivem nas matas. Eles adquirem o vírus ao picar animais, sobretudo macacos. É o ciclo macaco-mosquito-homem.
Já a febre amarela urbana é transmitida pelo aedes aegypti, o mesmo mosquito da dengue que adquire o vírus da febre amarela ao picar seres humanos. É o ciclo homem-mosquito-homem.
“Desde que a epidemia foi controlada, vez ou outra nós temos casos de pessoas que entram nessas áreas sem estarem imunizadas. Não existe nenhuma evidência de que essas pessoas possam ter adquirido a infecção em áreas urbanas”, afirma Valdiléa Veloso, infectologista da Fundação Oswaldo Cruz.
“Desde 1942 que nós não temos um caso de febre amarela urbana no Brasil e continuamos não tendo”, avisa o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
A doença surgiu na África. Chegou aqui nos porões dos navios negreiros e se espalhou pelo país inteiro.
Em 1900 ficou demonstrado que quem transmitia a febre amarela era um mosquito, o aedes aegypti. Aí veio Oswaldo Cruz e liderou uma grande campanha de combate aos focos de mosquito. Foi o combate ao mosquito, antes da existência da vacina, que acabou com as epidemias de febre amarela nas cidades brasileiras.
No Brasil, as regiões Norte e Centro-Oeste e os estados do Maranhão e de Minas Gerais são consideradas de risco mais alto. O sul da Bahia e o norte do Espírito Santo são áreas de risco médio.
O sul do Piauí, e o oeste dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são consideradas áreas de risco bem mais baixo.
Quais as pessoas que realmente precisam tomar a vacina contra febre amarela?
“Apenas as pessoas que vão viajar para as áreas onde existe o ciclo silvestre. Nessas áreas de risco, a maior parte da população já está imunizada”, afirma Valdiléa Veloso.
Não há razão para pânico. Você mora na cidade e vai engrossar as filas em postos de saúde? E aí as pessoas que vão viajar e vão entrar na mata não conseguem tomar a vacina.
Uma vez vacinado, você fica protegido contra a doença por um período de dez anos, sem necessidade de reforço. A vacina é contra-indicada para crianças com menos de seis meses, grávidas e pessoas que estejam com baixa imunidade
Em Bio-Manguinhos, na Fiocruz, são produzidas trinta milhões de doses anuais da vacina contra febre amarela. Bio-Manguinhos é o maior produtor mundial da vacina.
Dr. Drauzio: O número de vacinas produzidas em Bio-Manguinhos é suficiente para as necessidades do país?
Akira Homma, diretor de Bio-Manguinhos: Com certeza. Nós temos nesses anos todos produzido excesso de produção e colocamos no mercado internacional.
Três anos atrás, Dr. Drauzio Varella cometeu um erro grave. Foi para a Amazônia e entrou na mata com a vacina vencida há mais de 20 anos. Ficou lá sexta e sábado. Na madrugada de domingo para segunda, acordou com um frio como nunca tinha sentido na vida.
A febre amarela não é uma dessas doenças que começa e você vai ficando cansado. Ela não se instala devagar. Ela vem com tudo. Dali a dois, três dias, a doença toma dois destinos. Em uma parte dos pacientes ela vai devagar. Começa a melhorar, gradativamente. E depois de uma semana você está bem. Muitos têm febre amarela e nem percebem.
De cada quatro, um tem a forma grave da doença, que foi o caso do Dr. Drauzio. Ele foi hospitalizado com febre alta, os olhos foram ficando amarelos - por isso é que se chama febre amarela. Teve muita dor no corpo. Depois de uns três ou quatro dias de internação, os exames estavam tão ruins, e ele estava se sentindo tão derrubado, que achou que ia morrer.
Não tem um remédio que mate o vírus. O tratamento é dar soro e medidas de suporte para te manter vivo enquanto o organismo encontra forças para escapar e se curar sozinho. Mais ou menos 50% a 60% dos doentes que chegam nessa fase morrem de febre amarela.
“É uma doença muito grave. Eu não aconselho ninguém a cometer o erro que eu cometi”, adverte Dr. Drauzio.
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração