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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A guerra pelos palanques


Ainda não há bandeiras nas ruas, fotos sorridentes de políticos nos cartazes, nem programas no rádio ou na televisão. Apesar dessa aparente calmaria, as eleições municipais já começaram em boa parte das cidades do país. São campanhas diferentes, voltadas ao público interno do partido para conseguir a indicação da legenda. A guerra interna pode se dar em prévias ou em conchavos de bastidor, mas é sempre dura. Afinal, quem perder nessa fase está fora das eleições.

São Paulo, a principal cidade do país, é o melhor exemplo desse paradoxo. Lá, a campanha se dá inteiramente nos bastidores. De um lado, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disputa espaço com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os dois partidos são aliados e, para complicar ainda mais o quadro, o principal cabo eleitoral de Kassab é um tucano, o governador José Serra. Vice de Serra na prefeitura, Kassab assumiu o cargo quando este concorreu ao governo. Sua gestão é bem avaliada, mas ainda lhe falta vôo próprio. Ex-candidato à Presidência da República, Alckmin supera Kassab nas pesquisas de opinião. A única chance de o prefeito disputar a reeleição é se Serra impuser ao PSDB o apoio ao nome dele. As articulações estão na fase decisiva.

No PT, a campanha interna é para mudar apenas uma opinião: a da ex-prefeita e hoje ministra do Turismo, Marta Suplicy. As pesquisas mostram que ela é o único nome do PT que largaria como favorita. O problema é que Marta resiste, interessada em preservar-se para disputar as eleições em 2010. Os petistas redobraram a pressão e cobram dela uma decisão de curto prazo.

Prévias
O PT aprovou um calendário eleitoral interno. Os diretórios municipais podem promover prévias entre 15 de janeiro e 15 de maio. Em capitais importantes haverá confronto. É o caso de Porto Alegre, onde os petistas dividem-se entre as pré-candidaturas da deputada Maria do Rosário e do ex-ministro Miguel Rossetto. A deputada tem melhor desempenho nas pesquisas de opinião, mas Rossetto é mais forte entre os militantes petistas. A disputa mobiliza as correntes internas do partido e não há perspectiva de acordo. Quem vencer ainda terá uma difícil missão pela frente. Dificilmente, o partido conseguirá repetir as alianças de eleições anteriores. O PCdoB, tradicional aliado, lançará a deputada federal Manuela d’Ávila. O PSB também deve ter chapa própria, com o deputado Beto Albuquerque à frente.

A mais recente pesquisa do instituto Datafolha mostra que há cinco candidatos tecnicamente empatados na capital gaúcha. O atual prefeito, José Fogaça (PMDB), aparece em primeiro lugar, mas a vantagem sobre os adversários é muito pequena. Por isso, na contramão dos partidos de esquerda, Fogaça investe em consolidar uma chapa ampla, com todos os partidos que apóiam seu governo.

Em Salvador, o jogo, além de incerto, é confuso. Há cinco forças na disputa: o deputado federal ACM Neto (DEM-BA), o ex-prefeito Antônio Imbassahy (PSDB), o atual, João Henrique (PMDB), o radialista Raimundo Varela (PRB), e a esquerda, liderada por PT e PSB, partidos que pretendem lançar um candidato com o apoio do governador baiano, Jaques Wagner (PT). A pesquisas mostram um cenário embolado. Varela lidera, mas tem ACM Neto e Imbassahy na cola, com João Henrique e os petistas um pouco atrás. Será a primeira disputa eleitoral na Bahia depois da morte de Antônio Carlos Magalhães. Cada vez mais candidato, seu neto admite que a briga já começou em Salvador. “As coisas se precipitaram. A cidade já vive um clima de pré-eleição. As movimentações políticas têm em vista a disputa pela prefeitura. O cenário está muito indefinido”, afirma.

Pesquisas
O Rio de Janeiro compartilha do mesmo cenário dividido. Não há favorito, nem candidaturas totalmente definidas. As recentes pesquisas mostram o senador Marcelo Crivella (PRB) e o apresentador Wagner Montes (PDT) empatados. Seguidos de perto por Denise Frossard (PPS), Eduardo Paes (PMDB), Jandira Feghali (PC do B) e Chico Alencar (PSol). Paes, no entanto, corre sério risco de perder a candidatura, por conta da pressão de setores ligados ao ex-governador Anthony Garotinho, contrário à sua filiação ao PMDB.

O quadro é um pouco diferente em Curitiba. Candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB) desponta como favorito. PSB, PDT e DEM brigam pela vaga de vice, enquanto o PT prepara o nome de Gleisi

Hoffmann, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O PMDB articula a escolha entre o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Júnior, e o ex-prefeito Rafael Greca. Liderança paranaense na Câmara, o deputado Gustavo Fruet (PSDB) avalia com cautela a força do atual prefeito, seu companheiro de partido. “O meio político está mais agitado que o popular. O cenário, apesar do favoritismo do Beto, ainda exige muito cuidado”, diz.

Uma aliança inusitada tem sido cogitada em Belo Horizonte. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, do PSDB, não descarta uma chapa com o PT, partido do prefeito da capital, Fernando Pimentel. Petistas e tucanos mineiros, porém, resistem e prometem impedir esse acordo. Se a dobradinha não rolar, Pimentel sonha com a candidatura do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), para concorrer à sua vaga.

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