São Paulo, a principal cidade do país, é o melhor exemplo desse paradoxo. Lá, a campanha se dá inteiramente nos bastidores. De um lado, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disputa espaço com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os dois partidos são aliados e, para complicar ainda mais o quadro, o principal cabo eleitoral de Kassab é um tucano, o governador José Serra. Vice de Serra na prefeitura, Kassab assumiu o cargo quando este concorreu ao governo. Sua gestão é bem avaliada, mas ainda lhe falta vôo próprio. Ex-candidato à Presidência da República, Alckmin supera Kassab nas pesquisas de opinião. A única chance de o prefeito disputar a reeleição é se Serra impuser ao PSDB o apoio ao nome dele. As articulações estão na fase decisiva.
No PT, a campanha interna é para mudar apenas uma opinião: a da ex-prefeita e hoje ministra do Turismo, Marta Suplicy. As pesquisas mostram que ela é o único nome do PT que largaria como favorita. O problema é que Marta resiste, interessada em preservar-se para disputar as eleições em 2010. Os petistas redobraram a pressão e cobram dela uma decisão de curto prazo.
Prévias
O PT aprovou um calendário eleitoral interno. Os diretórios municipais podem promover prévias entre 15 de janeiro e 15 de maio. Em capitais importantes haverá confronto. É o caso de Porto Alegre, onde os petistas dividem-se entre as pré-candidaturas da deputada Maria do Rosário e do ex-ministro Miguel Rossetto. A deputada tem melhor desempenho nas pesquisas de opinião, mas Rossetto é mais forte entre os militantes petistas. A disputa mobiliza as correntes internas do partido e não há perspectiva de acordo. Quem vencer ainda terá uma difícil missão pela frente. Dificilmente, o partido conseguirá repetir as alianças de eleições anteriores. O PCdoB, tradicional aliado, lançará a deputada federal Manuela d’Ávila. O PSB também deve ter chapa própria, com o deputado Beto Albuquerque à frente.
A mais recente pesquisa do instituto Datafolha mostra que há cinco candidatos tecnicamente empatados na capital gaúcha. O atual prefeito, José Fogaça (PMDB), aparece em primeiro lugar, mas a vantagem sobre os adversários é muito pequena. Por isso, na contramão dos partidos de esquerda, Fogaça investe em consolidar uma chapa ampla, com todos os partidos que apóiam seu governo.
Em Salvador, o jogo, além de incerto, é confuso. Há cinco forças na disputa: o deputado federal ACM Neto (DEM-BA), o ex-prefeito Antônio Imbassahy (PSDB), o atual, João Henrique (PMDB), o radialista Raimundo Varela (PRB), e a esquerda, liderada por PT e PSB, partidos que pretendem lançar um candidato com o apoio do governador baiano, Jaques Wagner (PT). A pesquisas mostram um cenário embolado. Varela lidera, mas tem ACM Neto e Imbassahy na cola, com João Henrique e os petistas um pouco atrás. Será a primeira disputa eleitoral na Bahia depois da morte de Antônio Carlos Magalhães. Cada vez mais candidato, seu neto admite que a briga já começou em Salvador. “As coisas se precipitaram. A cidade já vive um clima de pré-eleição. As movimentações políticas têm em vista a disputa pela prefeitura. O cenário está muito indefinido”, afirma.
Pesquisas
O Rio de Janeiro compartilha do mesmo cenário dividido. Não há favorito, nem candidaturas totalmente definidas. As recentes pesquisas mostram o senador Marcelo Crivella (PRB) e o apresentador Wagner Montes (PDT) empatados. Seguidos de perto por Denise Frossard (PPS), Eduardo Paes (PMDB), Jandira Feghali (PC do B) e Chico Alencar (PSol). Paes, no entanto, corre sério risco de perder a candidatura, por conta da pressão de setores ligados ao ex-governador Anthony Garotinho, contrário à sua filiação ao PMDB.
O quadro é um pouco diferente em Curitiba. Candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB) desponta como favorito. PSB, PDT e DEM brigam pela vaga de vice, enquanto o PT prepara o nome de Gleisi
Hoffmann, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O PMDB articula a escolha entre o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Júnior, e o ex-prefeito Rafael Greca. Liderança paranaense na Câmara, o deputado Gustavo Fruet (PSDB) avalia com cautela a força do atual prefeito, seu companheiro de partido. “O meio político está mais agitado que o popular. O cenário, apesar do favoritismo do Beto, ainda exige muito cuidado”, diz.
Uma aliança inusitada tem sido cogitada em Belo Horizonte. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, do PSDB, não descarta uma chapa com o PT, partido do prefeito da capital, Fernando Pimentel. Petistas e tucanos mineiros, porém, resistem e prometem impedir esse acordo. Se a dobradinha não rolar, Pimentel sonha com a candidatura do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), para concorrer à sua vaga.
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