É preciso ter paciência para conversar com o ex-ministro Luiz Fernando Furlan no Fórum Mundial de Economia. É simples: ele é o "brasileiro de Davos". Após mais de 15 anos de participação, acumulou um número enorme de relações. E a cada 30 segundos é parado por um executivo, ministro, acadêmico querendo conversar - e surgem oportunidades de negócio logo ali, em pé mesmo.
No início, Furlan veio como empresário, depois como ministro do governo Lula, e este ano apareceu como "empreendedor social". Está em busca de cooperação para conservar 17 milhões de hectares da floresta amazônica. Ontem, tinha encontro marcado com diretores da Coca-Cola e Google para discutir o o projeto.
Ele está feliz da vida. Conta que seus cinco anos no governo Lula acabaram sendo um prêmio financeiro: quando entrou no governo, congelou todo seu portfólio de ações - e cinco anos depois elas valiam sete vez mais em reais, dez vezes mais em dólares.
Não precisa mais ganhar dinheiro e encontrou o desafio que o motiva, na direção do projeto da Associação Amazônia Sustentável, a convite do governo do Estado.
Ontem Furlan foi apresentado a um ex-ministro de Comércio da Noruega, que está interessadíssimo em discutir alguns assuntos com o brasileiro. Logo surgiu o ministro de Finanças do Egito, Youssef Boutros-Ghali, que foi direto ao assunto: "Furlan, estou desesperado, alguns industriais de meu país querem instalar fábricas de etanol para usar 1,7 milhão de toneladas de açúcar. Você pode me ajudar com expertise?"
Imediatamente, Furlan acenou com o projeto do ex-ministro Roberto Rodrigues, o egípcio se entusiasmou e foi marcada uma conversa no Cairo. Nesse meio tempo, várias pessoas foram parando, cumprimentando o ex-ministro, falando de tudo. Furlan conta que teve encontro com o ministro de Finanças da Arábia Saudita, participou de mesa-redonda com Pascal Lamy, da OMC, e de café da manhã com executivos de empresas de resseguros.
Quando enfim consegue se sentar, ele lamenta que os brasileiros não tenham ainda descoberto que Davos é "uma máquina de relações e negócios", onde se pode contatar grandes executivos ou ministros logo ali ao lado. Diz isso, se levanta e vai em direção de Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, com que troca um abraço caloroso. Quando está voltando, vê Peter Mandelson, comissário europeu de Comércio. Este vem em sua direção, trocas gentilezas e Furlan aproveita para apresentá-lo a Rodrigo Baggio, brasileiro que tem um projeto de inclusão digital já em dez países. "É ONG séria?", indaga Mandelson, que logo relaxa. Furlan convida Mandelson para visitar a Amazônia. O comissário, sonhador, conta que ficou impressionado com o Hotel Fasano em São Paulo.
Contente com o que está fazendo, o ex-ministro diz que as manchetes de ontem dos jornais brasileiros, sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, mostram que ele tem ainda mais razão de estar na iniciativa de conservar a região. Mas não completa a frase - agora são dois argentinos, um chileno, um espanhol que querem conversar e bater um papo.
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