Pages

sábado, 19 de janeiro de 2008

DEM quer se livrar das acusações de Lobinho


Antes mesmo de concretizado o convite do Presidente Lula ao senador Edison Lobão (PMDB-MA) para ocupar o cargo de ministro de Minas e Energia, o DEM já promete vida dura para seu suplente, o filho do senador, Edison Lobão Filho (DEM-MA). O comando da legenda só espera a confirmação do convite ao senador, algo que o próprio Lula ainda trata no condicional, para colocar Lobão Filho contra a parede e tirar do partido o ônus de ter um quadro sob o peso de acusações de usar laranjas para ocultar dívidas de uma empresa da qual foi sócio e de irregularidades relacionadas à concessão de emissoras de rádio e TV. A ida de Lobão Filho para o PMDB é tida, dentro do DEM, como favas contadas.

De acordo com um cacique democrata, a idéia é jogar o problema para o governo. Na avaliação de dirigentes do partido, fora do DEM, Lobão Filho transforma-se em alvo fácil da oposição e fonte de dores de cabeça constantes a seu pai, caso ele chegue de fato a assumir a pasta. A hipótese de manter nos quadros da legenda oposicionista um senador com tendência a votar com o governo é impensável para os democratas.

O DEM não permitirá que nenhuma mancha comprometa o partido - sentenciou ontem a senadora Kátia Abreu (DEM-TO).

A situação de Lobão Filho é o único obstáculo no caminho de Edison Lobão ao Ministério de Minas e Energia, pasta da cota do PMDB que está nas mãos do PT desde maio de 2007, quando o então ministro Silas Rondeau deixou o cargo sob o peso de acusações da Polícia Federal sobre seu envolvimento em suposto esquema de fraudes em obras públicas. Sua nomeação, entretanto, depende das explicações que apresentar ao Presidente Lula sobre os problemas que envolvem seu filho e suplente.

O problema é que o PMDB, por unanimidade, indicou o Lobão, mas eu disse ao PMDB que isso vai depender de uma conversa com ele - disse o presidente, ontem, evidenciando o desconforto com a escalação do senador.

Apoio ao poder

Discreto, Edison Lobão conseguiu se firmar na carreira política sem fazer inimigos de peso e sempre ao lado de quem estivesse no poder. Chegou à Câmara em 1979, já na primeira eleição que disputou, apadrinhado pelo então presidente Ernesto Geisel.

Jornalista e advogado, o maranhense nascido em Mirador aproximou-se de José Sarney. Colega de partido no PDS, Sarney o ajudou a reeleger-se deputado em 1982 e a alcançar uma vaga no Senado em 1986 apesar de um conturbado episódio na disputa interna do partido pela candidatura à presidência da República, no primeiro Colégio Eleitoral que escolheria um presidente civil depois dos anos de ditadura militar. Na disputa entre Paulo Maluf e Sarney, Lobão apoiou o mais forte: Maluf. Levado ao Palácio do Planalto depois da morte de Tancredo Neves, Sarney estendeu a mão a Lobão. E o ajudou a eleger-se governador do Maranhão, em 1990.

Escândalos

Em sua trajetória política, o senador resvalou em escândalos. Na Assembléia Constituinte de 1988, ficou conhecido como "pianista" depois de supostamente ter votado duas vezes no lugar do deputado Sarney Filho. Nada, entretanto, ficou provado contra Lobão, que também teve seu nome citado no esquema de desvio de recursos públicos investigado pela CPI do Orçamento. Novamente, Lobão livrou-se das acusações. Em 2006 foi a vez de sua mulher, a deputada Nice Lobão (DEM-MA), ser citada nas investigações da Polícia Federal sobre o esquema do mensalão. A exemplo do marido, Nice ficou de fora do relatório da PF e das apurações da CPI dos Correios. Às vésperas de se tornar ministro, Lobão terá que sobreviver, desta vez, a Lobão Filho.

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração