Depois de oito dias seguidos de pesadas perdas, ligadas aos temores de recessão nos Estados Unidos, os mercados financeiros tiveram ontem um dia de alívio. Animadas por boas notícias, como o acordo no meio político norte-americano em torno do programa de auxílio fiscal para combater a ameaça de recessão e a promessa de capitalização das seguradoras de crédito, as principais bolsas de valores do mundo tiveram um dia de euforia. No Brasil, a bolsa de São Paulo (Bovespa) subiu 5,95% e o dólar caiu 2,14%, a maior desvalorização nos últimos dois meses. A montanha russa, porém, deve continuar nos próximos dias e novas quedas podem ocorrer.
“O ambiente foi mais ameno ontem, mas nada garante que isso vai perdurar. Não dá para dizer que essa melhora seja sustentável. A forte volatilidade pode voltar nos próximos dias”, avalia o economista-chefe do Banco Schahin, Sílvio Campos Neto. Segundo ele, os mercados vão oscilar de acordo com a divulgação de indicadores econômicos, como a primeira estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do último trimestre de 2007 nos Estados Unidos, que sairá na semana que vem. Esse índice deve mostrar uma forte desaceleração da economia do país, reacendendo as preocupações dos investidores.
O Presidente Lula disse ontem que conversou, por telefone, com o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, sobre o atual momento econômico. Eles concordaram que a crise não é uma “hecatombe”, mas continua séria. Para ambos, se os problemas também atingirem a Europa, a economia mundial sofrerá muito.
Ontem, as boas notícias suplantaram as más. No lado positivo, houve o acordo entre o governo George W. Bush e o Congresso sobre o pacote fiscal e a redução no número de pedidos de seguro desemprego, que caiu para o menor nível em três meses. No lado negativo, o mercado de imóveis usados caiu 2,2%, menor resultado em nove anos, e prejuízos da Ford. Ainda assim, a bolsa de Nova York teve o segundo dia de alta, com o índice Dow Jones fechando em 0,88% e o Nasdaq, em 1,92%. A Bovespa seguiu a tendência, atingindo 57.463 pontos e volume financeiro de R$ 6,47 bilhões. O dólar fechou a R$ 1,786, revertendo a tendência de elevação dos dias anteriores.
As bolsas asiáticas, as primeiras a funcionar, abriram e fecharam em alta, ainda sob o impacto da notícia divulgada anteontem à noite nos Estados Unidos, de que os órgãos reguladores negociam a capitalização das seguradoras de crédito, segmento afetado pela inadimplência no mercado imobiliário de alto risco (subprime). Também ajudou o anúncio de que a economia chinesa cresceu 11,4% no ano passado, melhor resultado em 13 anos. A bolsa de Xangai subiu 0,31%, Seul 2,1%, Cingapura 2,23% e Tóquio, 2,06%. A nota dissonante foi Hong Kong, que caiu 2,29%, sob o temor dos investidores em relação à saúde do sistema financeiro internacional.
Na Europa, as bolsas se mantiveram animadas durante todo o dia. Além dos sinais positivos no front norte-americano, representou um papel importante a divulgação do aumento de lucros de dois importantes grupos empresariais, Nokia e Allianz. Nem mesmo a notícia de que um dos maiores bancos da França, o Societé Generale, teve perdas de US$ 7,1 bilhões por causa de uma fraude em operações futuras causou desânimo. As principais bolsas européias fecharam em alta: Londres (4,75%), Frankfurt (5,93%), Paris (6,01%) e Madri (6,95%). Analistas apontaram a fraude no banco francês como o principal motivo para o desabamento do mercado na segunda-feira. Alertado para o rombo, o banco vendeu ativos mundo afora, detonando o efeito manada.
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