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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Peroba Neles!. Eles querem formar bloco independente para atormentar Lula


Parlamentares da base aliada ameaçam criar grupo suprapartidário. Querem a chance de fazer exigências e complicar votações no Senado

Dissidentes da base aliada do governo Lula que ajudaram a derrubar a proposta de prorrogação da CPMF gostaram da idéia de dificultar a vida do Palácio do Planalto e querem constituir, no próximo ano, uma ala independente no Senado. Um grupo suprapartidário com exigências próprias e que serviria de fiel da balança em votações de matérias constitucionais, quando é exigido quorum qualificado de três quintos do plenário — 49 dos 81 senadores — para aprovação.

Ao discursar na tribuna do Senado na véspera de Natal, última sessão do ano, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) lançou a idéia. “Nós não vamos nos curvar, nem ao que quer o governo nem também ao que quer a oposição”, defendeu. Apesar de ausente na sessão que derrubou a proposta de manutenção do imposto do cheque até 2011, ele anunciou que votaria contra, apesar de ser um dos seis integrantes do PTB no Senado — um outro petebista, Romeu Tuma (SP), assinalou “não”.

Mozarildo preparou uma relação com nove nomes (leia abaixo), mas estima que o grupo de “independentes” no Senado pode ser maior. “Acho que podemos chegar a 10. Não queremos seguir cabresto de ninguém e muito menos ter que vender as nossas posições políticas em troca de favores”, acrescentou. O petebista citou como exemplo da “troca de favores” o empenho de emendas parlamentares pelo Palácio do Planalto e anunciou que encaminhou ao Ministério Público Federal representação para que as ações realizadas pelo governo sejam investigadas.

Os partidos que servem à sustentação do governo Lula no Senado somam hoje 53 integrantes. A tramitação da CPMF escancarou a fragilidade da base, a dificuldade do Planalto em ter maioria suficiente para aprovar matérias que implicam em mudanças na Constituição, caso da CPMF. O Planalto não conseguiu evitar dissidências, algumas motivadas por interesses pessoais, e só conseguiu reunir 45 votos, quando eram necessários 49. Sete “aliados” votaram contra o governo.

Intenção

Pedro Simon (PMDB-RS) mantém postura crítica em relação ao governo Lula, mas votou a favor da prorrogação da CPMF. Ele anunciou que votaria contra, mas recuou depois de um pedido feito à bancada gaúcha pela governadora do estado, Yeda Crusius (PSDB). Simon afirmou não ter ainda opinião formada sobre o assunto, mas achou a idéia interessante. “A base aliada funciona sempre à base de cargos e a oposição se mostrou radical e ridícula na questão da CPMF”, afirmou.

Durante a tramitação da proposta do imposto do cheque, o senador Expedito Júnior (PR-RO) chegou a propor ao PTB de Mozarildo a formação de um bloco independente, mas naquele momento a idéia não avançou. “Em fevereiro, retomaremos a discussão. Seria bom para o Senado um grupo parlamentar independente”, disse Expedido. A formação do bloco no Senado não tem respaldo do regimento interno da Casa. Se constituído, ele existiria na informalidade, sem as prerrogativas concedidas aos oficiais, como o direito à palavra em plenário pelo líder.


lista dos senadores considerados independentes

César Borges (PR-BA)
Apesar dos apelos do comando do PR e dos R$ 2,5 milhões em emendas parlamentares empenhadas nos últimos dois meses, Borges votou contra a CPMF alegando escolha de “consciência”. Foi favorável à prorrogação da DRU, mas nessa matéria até mesmo a oposição não criou empecilho

Expedito Júnior (PR-RO)

O parlamentar de Rondônia defende o PR fora da base do governo federal. Ele tentou emplacar a idéia durante a tramitação da CPMF e chegou a recusar convite do Presidente Lula para discutir a prorrogação do tributo no Palácio do Planalto. Votou contra a CPMF e a favor da DRU

Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
Ex-integrante do PSol, mudou-se para o PMDB, mas não se alinhou à ala governista. Subiu à tribuna para denunciar o assédio que teria sofrido de um assessor palaciano: trocaria o voto favorável à CPMF pela liberação de emendas parlamentares. Votou contra o imposto do cheque e contra a DRU

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
O ex-governador de Pernambuco é um dos mais críticos ao governo Lula e anunciou voto contrário à CPMF. A postura lhe rendeu uma destituição momentânea da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas retornou. Além de opinar contra o imposto do cheque, também assinalou “não” na votação da DRU

Jefferson Péres (PDT-AM)
Péres sempre endereçou críticas ao governo Lula, mesmo depois do PDT embarcar na base de sustentação ao Palácio do Planalto. Na votação da CPMF, no entanto, esteve à frente das negociações com os emissários do Executivo. Votou a favor do imposto do cheque e da DRU

Mão Santa (PMDB-PI)
Visto como um “aliado” que não criaria problemas, o parlamentou ajudou a derrotar a CPMF. O peemedebista defende um PMDB independente em relação ao Palácio do Planalto. É um dos mais assíduos na tribuna do Senado com declarações críticas em relação ao Presidente Lula . Votou contra o imposto do cheque e se posicionou contra a prorrogação da DRU até 2011

Pedro Simon (PMDB-RS)
O parlamentar sempre teve opinião crítica à administração petista e anunciou que votaria contra a CPMF. Em retaliação, foi destituído como titular da CCJ, mas retornou ao posto depois da polêmica. No fim, a pedido da governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB), votou com o Planalto na CPMF e na DRU

Romeu Tuma (PTB-SP)
Por falta de espaço no DEM, Tuma se mudou para o PTB. Manteve postura crítica em relação ao governo Lula, apesar de ter emplacado o filho Romeu Tuma Júnior na Secretaria Nacional de Justiça, ligada ao Ministério da Justiça. Votou contra a CPMF e a favor da DRU

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